5.8.08

Prosa, de 2002

"Homem é tudo canalha, mesmo ..."

Engraçado como, às vezes, a vida insiste em se repetir continuamente, sem razão ou motivo algum para que ela seja assim.

Explico: dia desses, ouvia uma velha amiga dizer que o namorado dela não parava de olhar para uma "sirigaita", que ele era um safado, que não prestava, e ao fim ouvia o velho fecho de uma conversa desse tipo, como o que segue:

- Homem é tudo canalha mesmo, não há um que preste ...

Essa amiga é um barato: já está no quinto namorado nos últimos oito meses - um deles, inclusive, foi meio que atropelado por outro ex-pretê que saíra com ela há "um tempinho" e que resolvera dar o ar de sua graça justamente no momento em que a dita cuja estava vivendo uma crise no relacionamento que estava acabando - isso sem falar que ela estava de olho em "um carinha" do curso que ela estava fazendo e em um outro da academia, que entrava na fila para ser candidato a candidato a candidato a reserva do titular da dita cuja minha amiga, que não se cansava de repetir a mesma coisa depois de cada fim de relacionamento:

- Homem é tudo canalha mesmo, não há um que preste ...

Conheci um amigo que era assim - aliás, homem desse tipo é o perfeito sistema multitarefa compartilhado que tanto se procura na Informática moderna, o software que todas procuram e que ninguém acha. Estava com duas, três, até quatro mulheres ao mesmo tempo; era uma no serviço e as outras por aí, fora as tais saídas de final de semana, na qual acabava rendendo "mais uma ou duas cabeças", como ele mesmo dizia. Sua agenda parecia a de um executivo em momentos de grande decisão, só que no lugar dos compromissos esta era recheada de encontros com as "inhas" - Soninha, Aninha, Katinha ... e dá-lhe presentes, no Dia dos Namorados a picape era uma floricultura ambulante e o cartão de crédito, invariavelmente, um queijo suíço de tão gasto pelo uso.

E minha amiga, na cantilena:

- Homem é tudo canalha mesmo, não há um que preste ...

Me lembrei de outros tantos: de um que tinha célebre agenda de telefones com duzentos nomes de "conquistas", de outro que saía todas as tardes invariavelmente a mesma hora (justo no momento em que a santa coincidência nos lembrava de que uma certa estagiária, ou uma recém-contratada secretária não estava), do boy da firma que me contou ter "ficado" com quatro na mesma noite, e de outro, e de outro, e outro ... e ela lá:

- Tudo canalha, mesmo ...

Argumentei que não era bem assim: que eu era marido fiel, amava minha esposa; que, às noites, nada era melhor do que aquele chamego e carinho, que sempre era bom; que ainda mantinha a chama do primeiro amor, e que nunca cheguei a cometer deslizes; e tantas coisas mais, que dizia e dizia mais para defender a brava raça masculina e o que já fiz na minha vida de homem fiel - e, nessas horas, me tomava de júbilo, com toda a certeza de que a moral venceria a safadeza, e, enfim, o bem venceria o mal.

E aí, veio a surpresa - uma interrupção brusca, belo balde de água fria na minha "love story":

- Ah, meu amigo, vou te falar uma coisa - homem é tudo canalha, mesmo, e quer saber do que mais? Se não é canalha, é um baita dum babaca; tem tanta mulher por aí que faz a mesma coisa ...

09/12, 15:22

Um comentário:

Anônimo disse...

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