28.12.12

Poesia, sem nome

sem sacrifício não existe submissão.

e sacrifício
é não deter-se quando algo te magoa.

é enxugar as próprias lágrimas num sentimento que não é teu.

é limpar-se das dores, 
pensar que as coisas boas virão quando menos se espera.

é não aceitar o destino que criaram para você.

é abrir-se para um novo mundo que, mais do que do outro, também é seu.

sacrificar-se é tudo, porque sem sacrifício não existe submissão.

nem vitória.

fps, 10/12/2012, 01:58

26.12.12

Oração

 

“Senhor,

não há mais tempo para o choro.

Nem para o lamento.

 

Não há mais tempo para nada.

 

Bem que eu gostaria

de ter falado mais com aqueles que amo.

De ter expressado mais meus sentimentos.

De ter mostrado mais meus ciúmes.

 

De ter gritado.

De ter esbravejado.

De ter delirado.

 

De ter avaliado melhor minha vida, e feito mais escolhas,

certas ou erradas.

 

Bem que eu gostaria de ter chorado mais, dado mais risadas,

e expressado melhor meus sentimentos.

 

Mas, agora, não adianta pedir mais nada.

 

A não ser que tudo dê certo.

 

E que eu possa acordar desse sono profundo,

dessa anestesia que tanto incomoda.

 

Para a vida.”

24.12.12

Oração

Eu agradeço, ó Deus ...

... pelas mãos que tenho, fortes,
que se erguem ao céu com vigor,
e que mostram ao mundo o poder
que ELE tem.

Eu agradeço, Senhor,
porque tens nos dado muita coisa.
E porque nos dará mais, de acordo com nossas necessidades.

Eu TE agradeço pela VIDA.

Minha e dos meus amigos.
Daqueles que são queridos.
Dos meus inimigos. De todos.

Agradeço, e peço,
pois não sei o que eles passam.

Cura-lhes as feridas, e dá-lhes graça.
Mais ainda: dá-lhes a faculdade de serem Teus.

O melhor que peço é isso.

Somente.

Amém.

Prosa

São Paulo ... ah, que merda!

Só estou te escrevendo para que esqueça a última carta; não consigo mais dormir desde que a mandei.

Não posso fechar essa chaga, não consigo, e ponto; depois te explico, mas decidi que não dá.

Não consigo deixar de ser eu mesma; você me perdoa?

Beijos mil,

23.12.12

A carta final


São Paulo, um dia qualquer de um mês qualquer

(muito tempo depois de todos os fatos que já aconteceram comigo)

Querido, amado, como vai você?

Pequenas são as palavras para dizer como estou me sentindo, depois de nossa correspondência tão cheia de sonhos, estórias e vida, tão cheia de caminhos e desatinos, tão importantes e tão fúteis quanto eram meus sonhos de menina.

Talvez você não lembre de mim. Eu era aquela, que te importunava com meus pensamentos de menina-moça, oriundos do vento de meus sentimentos e de meus sonhos, e que desentranhava meus medos, quase me despindo diante de tua pretensa lucidez, tuas disfarçadas vontades e teus sentidos de homem, ora te desejando em segredo, ora simplesmente deixando passar, me tornando tua amiga, tua confessora, tua quase-amante, no meio dessas idéias e sonhos, que eu tinha.

Sabe, ainda tenho sonhos, meu querido, muitos, muitos mesmo - mas agora sou outra; talvez porque cresci, talvez porque agora sinto que sou alguém, com força e com vontade, talvez, talvez só por isso, te digo que fostes útil, talvez porque isso me seja importante, é que decidi o óbvio, o que mais precisava para minha vida, e para a sua também.

Sim, querido - estou querendo parar, parar com tudo isso.

O porquê? Não sei ...

Talvez porque me seja importante, talvez porque não dê mais para me esconder, talvez porque percebo que não preciso ser mais forte ou fraca ... mas talvez porque não me envergonhe mais de ser o que eu sou, possessa, firme, sincera, atuante, feliz, o que for; talvez por isso, devo encerrar esses sonhos, e procurar ser eu mesma, agora e sempre, como deveria ser, mas não é.

Talvez isso nem seja importante para você, não é mesmo? E por isso, te digo: de agora em diante, procurarei minha vida, sem dúvida.

E é o que eu quero.

Até mais,

21.12.12

Oração

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"Senhor,

é difícil ajoelhar-se e orar

quando realmente estamos com medo.

 

Pedir pelos outros, ou quando a vida está tranquila,

é fácil.

 

Mas pedir por nós, derramar-nos,

aceitar nossas limitações e implorar por verdadeira ajuda

é mui complicado,

principalmente quando achamos que nada nos dará consolo.

 

Senhor, eu não devo ficar angustiado.

Mas também sei que não quero ficar tranquilo.

 

Eu sei, Senhor,

que o desafio que está diante de mim

não depende das minhas forças,

mas somente de Ti,

e daquilo que tens preparado para minha vida.

 

Que tens preparado …

 

Como é duro, para nós, ó Pai,

aceitar o que tens preparado para nós,

ainda que seja, a princípio, amargo como o fel.

 

Mas que, depois, possa se tornar doce como o mel.

 

Senhor,

guia-nos pelos vales escuros, pelas sombras devastadoras,

purifica-nos, protege-nos, e dá-nos a Paz.

 

Ainda que seja para aceitar o destino inevitável

que tenhamos que carregar em nossos ombros.

 

Em nome de Jesus.

Amem”

17.12.12

Antes #anti do que arrogante …

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Cosme Rimoli, no seu blog, cita um dos supostos efeitos do Corinthians bicampeão mundial, o de se tornar hegemônico no Brasil com o apoio da Globo e da CBF, e que, reforçado por uma pesquisa do Datafolha, que comprova a vocação do “Timão” para equipe nacional, mostra que o caminho corinthiano é brilhante de agora para a frente.

Aliás, o dia hoje foi de babar ovo em cima de uma associação que, enfim, encontrou uma diretoria que conseguisse ser eficiente o bastante para criar um marketing que vende até pedra para a Fiel Torcida. Méritos para eles, aliás: o São Paulo está muito atrás nesse quesito, bem como tantos outros clubes que viveram bem mais para seu umbigo do que para o mercado externo.

Eu só não consigo entender uma coisa. O conceito de #anti.

Ou não conseguia, pois Washington Olivetto, no texto do Rimoli, fez uma explicação que soaria para um não-corinthiano como um verdadeiro tapa na cara.

"O Corinthians vende.

É um fenômeno porque tem duas torcidas organizadas fortíssimas.

A a favor do clube e a que torce fervorosamente contra.

As duas consomem, querem acompanhar tudo envolvendo o clube.

Lógico que os patrocinadores percebem.

E o ciclo não termina.

O Corinthians chama mais atenção, vende mais, recebe mais.

Segue indefinidamente..."

Pensava que era são-paulino porque tinha visto os “Menudos do Morumbi” jogar, e porque, constatado que o SPFC era o time daqueles que discutiam pouco e que não sofriam tanto por um time, seria a escolha mais racional do cidadão que vos escreve. 

Mas agora caiu a ficha: na cabeça do marketing de alguns corinthianos, eu sou um anti.

Um cidadão que não gosta do Corinthians, que sente raiva de um time que foi feito para brilhar, da sua torcida, sofredora e fiel, que leva o time até o fim e que enche estádios para apoiar o seu clube.

Eu sou um anti, gente. Eu não gosto do meu time, eu o apoio para não estar ao lado o glorioso Timão, o “Todo-Poderoso”, o “Almighty”.

Que … que … que raciocínio idiota.

Dá para entender esse pensamento dos marqueteiros de plantão.

Dá para compreender isso, porque a segunda maior torcida do Brasil, primeira no maior e mais rico Estado da Federação, e com potencial de penetração em todo o país, consiga desenvolver essa estratégia mesquinha.

O que não dá para entender é como eu, e outros torcedores, conseguimos aceitar passivamente tal afirmação, a de que somos tratados como ralé pelos que só tem olhos para o potencial de Corinthians e Flamengo como torcidas de respeito.

É mesquinho, sem dúvida. E mais mesquinho pelos dramas que a Fiel passou para chegar até o sucesso coroado no Japão.

A primeira vez em que ouvi o coro do bando de loucos senti um arrepio. E isso porque o coro da torcida era um grito de quem era verdadeiramente apaixonado por um time, na desgraça e na vitória, de quem nunca abandonaria seu time, por todos os caminhos em que fosse obrigado a andar.

Porque, ainda que fosse pelo “vale das sombras da morte” da Série B, não o deixaria.

Como não o deixou. Como conduziu-o ao sucesso.

Mas que, Deus do céu, foi por eles, corinthianos, pela sua vitória.

Não contra os outros, e seus títulos.

Não contra os anti.

Falo por mim: não me interessa se a Copa Toyota é intercontinental ou mundial, nem o status que a FIFA dá a esse torneio. O que me interessa é que, num um tempo em que os clubes paulistas só olhavam para os limites do seu Estado, um time ousou se reinventar, depois de um dos maiores vexames de sua história.

A queda para uma segunda divisão. Do Paulista, hoje série A2.

Mas que foi aproveitada, por um time que conquistou, na sequência, Paulista, Brasileiro e duas Libertadores, mais seus respectivos Mundiais.

E daí que são intercontinentais? Querem o da FIFA, nós temos um também.

Mas não vamos jogar fora os títulos que ganhamos contra Barcelona e Milan, conquistados de forma estupenda, no mesmo Japão.

Porque a luta para chegar a Tóquio começou lá. Em 92. E se o “Todo-Poderoso” buscou um título mundial, foi porque alguém, lá atrás, começou uma jornada vitoriosa.

Quanto o torneio ainda era de um jogo só.

E não precisou dizer que era “contra tudo nem contra todos” para obtê-la …

14.12.12

Prosa, nostálgica: A "casa do Sapô"


A "casa do Sapô"

Se eu fosse resumir minha infância em poucas imagens, diria que ela iniciou-se e prosseguiu em uma foto: a de uma casa, tal e qual tantas outras parecidas, da periferia de São Paulo, mais especificamente no bairro do Sapopemba, que só é lembrado pelos políticos por ser a maior concentração de petistas da capital. E que, a bem da verdade, nem Sapopemba é: é que a casa em questão é final de um bairro e começo de outro, e as referências nesta grande cidade são sempre difusas, já que nada é realmente perto de lugar nenhum.

Essa casa cresceu com o tempo, com as minhas lembranças. 

Quando cheguei, havia um imenso quintal, ainda de terra, no qual pisos foram colocados depois, a pedido de minha mãe, que, como é comum em Sampa, não costuma ter tanto tempo para limpar quintais e fazer jardins. Aliás, todo mundo sabe que as enchentes seriam resolvidas se a água escoasse, mas vá convencer sua mãe a ter toda a trabalheira do mundo e encarar sujeira e detritos por um pouco de verde a mais nessa selva de pedra que São Paulo é ...

Como toda casa 5 por 25, padrão dos lotes da periferia de São Paulo, ela foi crescendo ao sabor das necessidades, das obras e reformas, os puxadinhos de que falam tanto mal e que na verdade são o sonho de todo mundo de ter uma casa grande e bonita, e família grande também. Um quartinho lá no fundo, uma lavanderia, um escritório lá em cima, uma varanda para os amigos, uma garagem maior ... 

... assim como a casa foi crescendo, também eu crescia, deslocando-me de casa para a escola, e depois para o trabalho, tentando ser um pouco mais humilde, e também mais humano.

Foi esse deslocamento todo - do "Sapô" para o centro, e do centro para o bairro, que me fez entender os contrastes de uma cidade que se acinzenta mais e mais à medida que vai para o centro, e que se humaniza nos bairros, como uma árvore de caule grosso e folhas verdes e finas. 

As poucas linhas de ônibus que serviam o bairro compunham o cenário de um surrealismo constante, já que mesmo pessoas que moram fora da cidade poderiam ir mais rápido de um lugar ao outro do que eu podia na época.

Hoje, transitando de carro, eu vejo melhor os contrastes da vida. Estou protegido, mas não menos atento. 

O mundo mudou, eu mudei, mas não a ponto de esquecer o que sempre fui.

E hoje, quando posso estar em um lugar melhor, me dá uma saudade, imensa saudade dos tempos em que via tudo isso de perto, e em que o mundo era muito diferente.

E, confesso, era muito mais meu.



Fábio Peres
adaptado de texto de 21/03/2003

5.12.12

Oração de agradecimento

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“Obrigado, Senhor,

por todo o sofrer que em vida passei.

 

Obrigado, Senhor,

porque assim homem me tornei.

 

Obrigado, Senhor,

por me ter feito ver tudo na vida,

entender o sentido de tua graça, contida

em um ato sublime, o da Redenção.

 

Obrigado, Senhor,

por meu andar ter sido duro,

por minha vida ter tido falhas,

porque assim vi todo o ser humano vil que eu era,

e o homem correto que desejei ser.

 

Obrigado, Senhor,

por me fazer ver as fraquezas que eu mesmo já não via.

 

Por me fazer perceber que aquilo que vivia

já estava muito longe de aos seus olhos agradar.

 

Obrigado, meu Pai,

por me dar a força extrema, o desencanto,

porque nisso eu cresci.

 

Obrigado, Pai amado,

porque hoje eu renasci.

 

E por tudo que vivi,

eu conheço o que senti, compreendo teu saber,

anuncio teu poder

e cresço, mais e mais,

na vida e na fé.

 

Obrigado, Pai,

porque hoje eu sou um homem.

 

E isso, sem dúvida,

ninguém tirará de mim.”