28.5.16

Século XIX ...


Não tenho pena de "mané". 

Homem que vai para baile funk, via de regra, procura farra do pior tipo - bebida, drogas, sexo, "zueira". Se há quem se meta a currar uma garota que está fora de si, também deve assumir a responsabilidade (e a pena) de quem vive em uma terra onde a navalha do chefe é a lei.

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Notícias dão conta que o dono do morro onde aconteceu o estupro coletivo mandou matar os 33. Foi mais rápido que o devido processo legal, que não encontrou provas suficientes do crime.

Foi, também, no ritmo ideal de sites como o "Sensacionalista" e outros, para os quais, em tese, bastaria a palavra da mulher para comprovar o estupro. Sem processo, sem coleta de evidências, sem nada que pudesse realmente desenhar o que ocorreu naquele dia.

Foi, também, aquilo que sítios como o Dr. Pepper insinuaram que deveria ser feito - e melhor até do que o Bolsonaro, aquele da castração química e da pena de morte para estuprador, teria feito.

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O morro não tem papo. Atrapalha os negócios? Tchau.

Desse ponto de vista, dá para entender porque o traficante está sendo tão rápido. Muita polícia, entrando e saindo, atrapalha o "core business", a venda da droga.

Se alguém me atrapalha, eu tiro do caminho. Como nos tempos dos feudos, em que o soberano mandava na vida de todo mundo que lá estava.

Inclusive com direito à virgindade das esposas, tratadas como propriedade preciosa.

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Alguém falou a este escriba que a nossa cultura em relação às mulheres refletia "uma mentalidade de século XIX". Bom, naquele tempo a honra das mulheres se confundia com o hímem intacto, e não se concebia uma mulher ter relações sexuais com outro homem que não seu marido.

Era um tempo, aliás, no qual sexo era "uma coisa suja", que mulher decente não fazia por vontade. Não vamos nos esquecer, há muitos relatos daquela época nos quais o verdadeiro amor não se encontrava nas casas de bem, mas nas ruas, com as "vadias". Algumas eram, inclusive, tidas e mantidas pelos de posses (as "teúdas e manteúdas", dos tempos de Tieta do Agreste).

Violar a honra de uma mulher era punido de foram severa, e a mera insinuação de que uma donzela tinha perdido "seu bem mais precioso" era motivo para um duelo. Deflorar uma virgem era motivo para que existisse o desejo de vingança, pelos parentes das vítimas, porque a mulher se reduzia, na época, a mero instrumento de procriação.

Supostos estupros, então, eram motivo para que o estuprador casasse com a vítima - ou encarar cadeia, talvez morte. 

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Hoje, criminosos tratam estupradores como "mulherzinhas da cadeia", porque tem mães e filhas. Não aceitam que não respeite mulher, em uma mistura de humanidade com brutalidade que impressiona.

São mais rápidos que o Direito: este precisa de um procedimento, e de provas verdadeiras, para punir os culpados - geralmente com reclusão, que, para muitos, "não funciona", porque "pau que nasce torto não tem jeito".

Morre torto, nas mãos de criminosos que não tem o mínimo respeito por "processo penal".

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A internet, em breve, estará vingada: os estupradores estão jurados de morte. Talvez isso possa ser um paradigma para que a "cultura do estupro" enfim seja combatida.

Ou não, porque o linchamento virtual continua à solta. Já há muitos que citam opressões na música, nas artes, que estas influenciam o "status quo" vigente - omo se tais coisas não mostrassem a realidade, da banalização extremada do sexo.

Que já existia há muito tempo - e está sendo combatida do pior jeito possível, tornando tudo isso em "opressão".

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Caminhamos rapidamente para o século XIX em pleno século XXI - e, o que é pior, sem flerte, porque em breve isso será proibido nas relações entre gêneros.

Mas os estupradores continuarão por aí, firmes e fortes. E, com eles, o medo.

E a paranoia.


21.5.16

Precisamos mesmo de um Ministério da Cultura? Ou os artistas mimados podem viver sem o nosso dinheiro?


Cultura vai, Cultura vem, volta a ser Ministério.

Ciência e Tecnologia já foi da Indústria e Comércio. Hoje, é das Comunicações, não sei por que.

Reforma Agrária era Ministério, virou secretaria, talvez volte. 

Pesca já foi tarde, Igualdade Racial foi (e deixou de ser). 

Até AGU tinha esse status. E, agora, perdeu.

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Políticas para as Mulheres, Cidadania, Direitos Humanos, e até Banco Central e CGU tinham ministros (embora fossem, de fato, secretarias especiais, "de porcaria nenhuma", para atender a grupos específicos e dar a seus ocupantes foro privilegiado).

Já foram 26, o governo petista subiu para 39, e agora, serão 24, com a volta da Cultura ao "primeiro time". Seria leviano dizer que é desperdício ter tanto Ministério - mas não deixa de ser frustrante perceber que todos querem reduzir a máquina pública, desde que não mexa no seu quinhão.

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Criam-se pastas ministeriais no Brasil para dizer que se está dando atenção a uma determinada área do governo. Dilma Rousseff, diga-se de passagem, sonhava com 18 ministérios (um a mais do que os 17 prédios da Esplanada), mas nunca conseguiu levar isso adiante - assim como Michel Temer.

Tal ocorre, aliás, por um singelo motivo: os "queridinhos de plantão" sempre acham que é a SUA área que merece ser privilegiada com um Ministério-de-Qualquer-Coisa, um ministro (com os privilégios) e um naco do orçamento separado para os seus projetos.

Um afago no ego tremendo, uma prova de que a área está tendo algum valor. 

Mas só na teoria. Porque, na prática, o que acontece é um tremendo desperdício.



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O problema de se achar que todas as áreas possíveis merecem um Ministério é que ninguém consegue garantir que suas demandas serão atendidas do jeito certo, principalmente porque os cargos de primeiro escalão são indicados em 99% dos casos por critérios políticos

Em tese é muito melhor ter um ministro político, coordenando a área, e secretarias executivas com técnicos que saibam o que estão fazendo - além de áreas administrativas conjuntas (o mesmo motorista dando apoio à Educação e Cultura, por exemplo). 

Otimização de recursos, que a iniciativa privada conhece tão bem - e que o Estado costuma desprezar, porque cada um acha que a sua área é importante, e merece um Ministro para ser o seu "aspone".

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Cultura voltará a ser Ministério, na terça (isso se o Temer não recuar de novo do recuo). Entretanto, as políticas culturais não serão mais valorizadas por causa disso - assim como a Secretaria de Direitos Humanos não será menor por ser secretaria, mas por ter uma pessoa do gabarito de Flávia Piovesan no seu comando (talvez uma das poucas que pode bater de frente com Alexandre de Moraes).

"- Mas temos um Ministro da Cultura!!!!"

Grande coisa ...  

... de que adianta ter um Ministério se o povo achar que todo artista é um mimado, que só quer mamar nas tetas gordas do governo, gastando o nosso dinheiro em coisas sem sentido algum?

20.5.16

Para pensar

"Devemos nos comportar com os nossos amigos do mesmo modo que gostaríamos que eles se comportassem conosco." (Aristóteles)

14.5.16

"Rapidinhas" sobre o momento político

Não é uma vergonha que Temer tenha montado o primeiro ministério sem mulheres desde Geisel. Vergonha, mesmo, é que Dilma tenha escalado incompetentes em seus cargos somente pelo fato de ter meio cromossomo a mais em seus gametas, e se orgulhado disso.

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Se Saturnino Braga desmoralizou a honestidade, Dilma Rousseff avacalhou a diversidade.

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Gaudêncio Torquato. Guarde bem esse nome: ele é um dos mais íntimos do novo presidente, e também um dos melhores na arte de entender a política brasileira.

Algumas atitudes do interino Temer, sem dúvida, tem o dedo desse cara.

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Cada vez que a grande mídia critica o novo governo, dá vontade de escrever nos comentários dos jornais: "ah, é? acha ruim? então chama a Dilma de volta ...".

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Finalmente, Zezé Perrella, que ameaçou com a volta de Dilma, se Temer se indispuser com o Senado.

Alguém chama esse cidadão para avisar que a roda do "impeachment", uma vez movida, não pode ser parada? Se a presidente voltar, ele que vá atender os indignados na porta do Cruzeiro, em BH ...

Caráter simbólico (OU: como Temer está ganhando os corações e mentes da maioria dos brasileiros)


Esse texto ia ter outro título, algo como "Precisamos falar sobre como Temer está ganhando os corações e mentes dos brasileiros", mas desisti a tempo de fazer esta besteira.

E isso por um motivo não tão óbvio à primeira vista: todas vezes em que se escreve um texto começando com "precisamos falar sobre" a imagem que vem à nossa cabeça é de um imenso "textão" com lugares comuns dos progressistas de plantão, como expressões tiradas de balada gay e palavrórios das feministas "modernettes" ("miga, seje menas", "apenas pare", "lacrou"). 

Estas palavras e expressões não acrescentariam nada à imagem que eu gostaria de passar com esse texto. Portanto, não as coloquei aqui.

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Imagem. Imagem. IMAGEM.

Que, para a soda limonada, não quer dizer nada. Mas, no fundo, é o que a gente mais deseja.

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A imagem projetada por Dilma Rousseff no decorrer dos anos era exatamente aquilo que se viu até quarta-feira: a de uma mulher poderosa, que através do berro e da força de vontade subjugava homens opressores em direção a um país realmente igualitário. Não era integralmente verdadeira, mas era a visão que a esquerda militante radical tinha da "mulher de coração valente".

Uma visão coerente com o passado e o presente da ex-guerrilheira - mas que, em contato com a "vida real", do Congresso dominado por pequenas querelas e na qual os movimentos sociais e ONG´s não tem a representatividade que possuem no mundo virtual, se mostrou uma perfeita catástrofe. Dilma não queria negociar, não tinha o menor interesse em ser estrategista, muito menos o respeito de sua própria tropa - porque, tal e qual os semelhantes de sua tendência, acha muito mais importante o "empoderamento dos despossuídos" do que levar o país adiante.

O resultado? Uma série de fracassos, econômicos e políticos, tratados com desdém por quem acha mais importante ouvir a voz da Marcha das Margaridas do que do "estabilishment" republicano; e a tragédia significativa, do segundo "impeachment"na história recente da República.

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Mesmo os aliados, ao frigir dos ovos, abandonaram Dilma, a "presidente afastada" para ser cozida em fogo brando - e, enquanto isso, Michel Temer dá passos firmes para tomar o comando do país de direito e de fato, através de medidas que soam como música aos ouvidos não só do antipetista, mas de todos aqueles que, de uma forma ou de outra, sentiam vergonha do governo petista.

Sim, a palavra certa é essa mesmo. VERGONHA.

Vergonha de um governante que fazia questão de parecer inculto (o que Lula não é), e de uma governante que exigia torcer a língua portuguesa e adotar o vocábulo "presidenta", para dizer que é uma mulher que manda. Vergonha de uma disléxica falar em "mulher sapiens", e saudar a mandioca, além de outras construções absurdas que a quase-ex-comandante construiu em seus discursos.

Vergonha, no fundo, de ter no comando do país gente que achava que o único mérito de um país era "empoderar os oprimidos" - ainda que os pobres nem saibam, de fato, o que é isso.

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É interessante notar que todas as medidas do presidente em exercício tem a ver com a construção de uma imagem para o segmento mais carente de boas notícias: a classe média conservadora. Nisso, até os ataques que ele vem recebendo na internet são rebatidos de forma violenta.

O ministério não tem diversidade? "Cara, é GOVERNO, não formação dos Power Rangers ou Capitão Planeta".

O mundo não está a favor do impeachment? "Meu, o processo é TOTALMENTE legal. Além disso, essas publicações de esquerda tinham que ser mesmo puxa-saco da Dilma."

O Ministério da Cultura acabou? "É bom mesmo, afinal de contas eu estava cansado de ver MEU dinheiro sendo enfiado em apresentação idiota onde ator ficar cheirando o cu dos outros ..."

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Temer não necessariamente vai governar com os conservadores. No primeiro momento, entretanto, precisa do Congresso mais amarrado possível para consolidar o "impeachment" - e do apoio dos segmentos que o PT mais desprezou, porque não se governa um país sem apoio.

Dará certo? Não sei. Como todos, tenho direito a ter dúvidas - e receio se não vão jogar as conquistas sociais do período petista fora, junto com os defeitos do sistema.

Confesso, contudo, que dá gosto ver, pela primeira vez em muito tempo, um presidente bem assessorado, tomando as atitudes certas, nas horas certas.

Um verdadeiro político. Que Dilma nunca foi, nem quis ser.

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Que a sorte sorria, para o Brasil e para todos nós.

fps, 14/05/2016, 14:49


P. S.: Dizem que Temer já está cedendo, querendo colocar uma mulher na Secretaria da Cultura, independente do Ministério.

Primeiro: não é Secretaria Especial, logo, não será mais um ministro (ou ministra). Segundo: dificilmente uma mulher vinculada com a Cultura aceitará esse encargo, a não ser que seja mais uma indicação política - o que vai desagradar o pessoal que sempre viu essa pasta como seu feudo.

P. S. II: Nunca gostei do Serra, mas bater na turma bolivariana foi música para os ouvidos de quem exigia um país mais altivo com os "vizinhos encrenqueiros".

Se isso vai implicar em problemas com aliados estratégicos do país, é outro detalhe. A ver.

8.5.16

Poesia



Bons tempos em que te montava,
andava pelas ruas ...

Me desafiava.

Bons tempos, 
que perdi quando te passei adiante.

Hoje, só estudo.
E trabalho.

Coisas importantes me prendem ao chão.

Mas como tenho saudades desses tempos ...