30.11.18

Final da Libertadores em Madrid e o "pacote turístico de 5 dias de sonho"



Final da Libertadores. Em Madrid. E o mundo caiu.

Rendição aos colonizadores... raiva, pela solução salomônica da CONMEBOL... nenhuma palavra sobre a falta de uma punição digna ao River, o time grande argentino que caiu para "la B" portenha.

E eu... que nada. Só pensando nos pacotes turísticos decorrentes da superfinal.

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Madrid, capital da gastronomia, 5 dias e 4 noites. Museus. "Tapas". Vinho.

E, ah... também futebol.

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Quando, lá atrás, certa cervejaria fez uma propaganda ridícula envolvendo relacionamentos e homens que mandaram as mulheres a um "spa" para assistir uma final de Champions (e foram "surpreendidos" pelas digníssimas, que estavam dentro do estádio, curtindo a festa) este escriba pensou, com seus botões: o futebol realmente perdeu seu significado. 



Tornamos o jogo em espetáculo, no qual a bola perdeu totalmente sua importância - e no qual viajar para assistir a um jogo de futebol é muito mais "legal" que o jogo em si.

No contexto que se desenha, que importa se a final será em Madrid, capital real da terra dos conquistadores, contra os quais os Libertadores da América (exceto Pedro I) lutaram? Qual é a diferença, se ninguém conhece direito essa história, nem em plena "Sudamerica"?

Exceto um ou outro gato-pingado, que conhece o histórico da competição, tudo isso significa: nada. Porque, ao frigir dos ovos, o que vai interessar é vender jogo para gente deslumbrada com a festa - ainda que seja parte do "bando de loucos", que inventaram um jeito de tomar caninha em Tóquio.

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Estamos pasteurizando as finais das grandes competições, tornando-as atraentes para um público que quer tudo - menos futebol. Não é o fanático que irá assistir a próxima final da Libertadores, em Santiago; tampouco a decisão da Sul-americana, em Lima, será para o "hincha" - mas aquele que vai procurar experiências, fazer a viagem típica de classe média, coroada com um jogo de futebol.

Que muitos (ou muitas) trocariam, de bom grado, por mais um "spa day" - ao contrário do comercial da cervejaria, que, ao final de tudo, se mostrou uma farsa.

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Este escriba confessa que se sentiu aliviado ao saber que três dos casais da propaganda citada acima eram contratados pela empresa. Dificilmente um fanático perdoaria a namorada, ou esposa, caso esta fosse viajar para uma final da Champions para "dar-lhe uma lição" (e, particularmente, muitas delas prefeririam mesmo o "spa" a ver os marmanjos jogando bola).

Entretanto, é também para esse tipo de pessoa, o não-fanático, que se está fazendo o espetáculo. Torcedores pagam ingressos, gente leiga paga viagens - e gasta bastante nelas. O futebol é a cereja do bolo - que poderia até ser jogado fora, pois o recheio é a "experiência".

Seja ela em Madri, Santiago ou Lima. 

Futebol? Libertadores? Só um detalhe. 

Insignificante.

E, porque não, totalmente dispensável - diante da "fiesta".