trash etc.
Prosa, poesia, opinião, vida, tudo junto, tudo misturado.
6.11.24
Sobre as eleições americanas...
Lembro de que há quatro anos atrás a Pensilvânia foi o Estado que significou a repulsa ao que Trump e seu isolamento significavam - e que o voto pelo correio, de quem não pode faltar ao trabalho na terça, ajudou a eleger Biden e mandar o "agente laranja" para casa.
De 2018 para cá, contudo, os democratas acharam que foram eleitos por causa de suas virtudes, e não dos defeitos de Trump.
A economia americana vai bem, nos indicadores - mas no dia-a-dia o cidadão vai mal, seja por causa de uma pandemia no meio do caminho (que não é culpa de ninguém, ressalte-se isso) ou de todas as decisões erradas que fizeram o dinheiro se concentrar na mão de uns poucos (curiosamente os mesmos que fazem discursos bonitos pela manhã e participam de bacanais inacreditáveis nas festinhas dos rappers de LA e NY).
Não tinha como manter essa gente no poder - ainda mais com uma candidata que zomba dos que temem a Deus em comício e baseia sua campanha na legalização da maconha e do aborto (assunto que, lá, é competência estadual).
Tiraram o gagá para colocar a sem noção, é isso?
...
Se há quatro anos a eleição foi decidida pelos imigrantes, esta foi marcada pelos homens, negros e latinos, que viraram a casaca. Gente como Julius, o pai do Chris, de dois empregos e muito suor no rosto - e que, provavelmente, estaria desocupado nesta terça, por falta de emprego e perspectiva.
Pois bem: Julius foi votar ontem - e ajudou a colocar Trump de volta no poder.
Francamente... faz sentido.
@maga Amen, Mr. President! #maga #fypage ♬ original sound - Make America Great Again
1.11.24
24.9.24
O debate do Flow foi uma droga? Grande coisa...
@tabataamaralsp São Paulo merece mais do que isso.
♬ som original - Tabata Amaral
Mais um debate em que acontecem tumultos envolvendo Pablo Marçal, o "coach" picareta que se tornou o homem a ser derrotado na disputa pela prefeitura de São Paulo - e no qual se perdem oportunidades para "discutir propostas", como disse a candidata queridinha da mídia mais "hipster" no desabafo acima.
(aliás, eis um elogio: Tábata Amaral dizendo "m..." está melhor que a Sandy, que conseguiu a proeza de cantar "Ciranda da Bailarina" e não citar o "pentelho" que Chico Buarque colocou na música... que bom que ela não age sempre como a representante de classe perfeitinha...)
...
O problema, porém, é maior do que isso.
Debate como forma de "discutir propostas" virou perda de tempo desde hoje que entidades da sociedade civil organizada passaram a impor pautas à cidade, seja via Judiciário ou elegendo seus candidatos diretamente (e passando pano para os erros dos iluminados, como se vê pelas pautas da imprensa em administrações como a de Fernando Haddad - e pelas atitudes de muita gente sem noção, que defende cegamente a ideia de uma "cidade para pessoas" sem consultar as pessoas que vivem nela).
Votar está valendo cada vez menos na impressão da população - e isso se dá justamente por causa de pessoas como os financiadores de Tábata, que imaginam poder construir uma sociedade "perfeitinha" agindo de forma ditatorial contra quem não concorda com seus pressupostos. Deveriam lembrar-se de que cidadãos, num país como o Brasil, querem serviços públicos de qualidade em um formato e padrão que lhes satisfaça (não a camiseta de tamanho único que o governo insiste que eu deveria aceitar como o "certo", ou o "melhor" para mim.
Eu, cidadão de São Paulo, não quero uma "cidade para pessoas". Eu quero uma cidade para MIM, para MINHAS demandas, para o que EU entendo como algo que possa resolver o MEU problema.
Se os candidatos em questão entendessem isso teríamos discussões que realmente valeriam a pena - e não estaríamos admirando o pombo enxadrista que tornou esta eleição bastante emocionante.
Para o bem, e para o mal.
6.9.24
4.9.24
Enquanto isso, no mundo democrático sem Musk...
... Threads vai ganhando a guerra das redes de opinião, mas o clima incômodo de casa em condomínio fechado persiste: tio Zuck não vai botar "trending topics" para deixar a galera quebrar o pau a torto e a direito - e fecharem todos os produtos que ele tem aqui.
Bluesky, por sua vez, adquire a vibe do Centro de São Paulo para entendidos na região: uma simples procura, com as palavras certas, e o céu azul adquire nuances de sol ardente.
Uma coisa, porém, é certa: quem ganha a guerra para substituir o "X" é... o próprio "X", já que até no Reddit temos mais interatividade que nos concorrentes do ex-Twitter.
31.8.24
Suspenderam o "X"? Bem...
... suspeito que ele volta daqui a alguns dias, talvez até no final de semana: se tem gente com capacidade para bloquear as redes por "n" motivos também há os que querem que ela volte, por outros "n" motivos. Vale lembrar que não é apenas a direita que se usa do X... a esquerda usa bastante a dita cuja, e os algoritmos volta e meia colocam quem cacareja ideias progressistas no topo.
Enquanto isso as pessoas se viram rapidamente, criando seus backups: todo mundo tem Telegram para o caso do Whatsapp cair, e vai facilmente criar um Threads (que já está criado) para quando o X ficar fora. Bluesky censura muito os da direita, Reddit depende de moderadores (mas os saudosos do Orkut vão gostar deles)... e outras redes, como Mastodon, não são conhecidas do grande público.
Agora... que a galera do Koo está se rasgando de ódio, está. Eles tinham a faca e o queijo na mão para pegar os "users" brasileiros, mas faliram antes que Alexandre fechasse o X por aqui... rs...
14.7.24
"Bluey" e a autoridade dos pais: mais respeito, elas são crianças!
Pais são criaturas adoráveis: sábias, compreensivas, capazes de tudo por seus filhos - mas tudo seria mais fácil se eles entendessem que já foram crianças um dia. Entender Bluey, desenho que bate recorde atrás de recorde em exibições no streaming da Disney (mesmo sendo uma produção australiana) passa por esse pressuposto.
Como não se encontram muitas informações sobre a origem do desenho em português além do seu sucesso, vale a pena contextualizar isso: Joe Broom, criador da série, voltara ao seu país depois de anos trabalhando no Reino Unido com o sonho de fazer uma "Peppa Pig australiana" - e conseguiu a inspiração para o projeto na própria casa, a começar do impacto que a mais velha teve quando mudou de cidade (e escola), sendo transferida para uma instituição com um formato de ensino mais abrangente.
Joe, pai de duas filhas, da terra do cachorro boiadeiro australiano, também chamado "blue heeler" ou "red heeler", ou "bingo", que quando criança tinha um "pet" chamado Bandit...
... a inspiração para séries de TV na própria vida não é novidade, Mônica e sua turma são exemplos disso, mas é um fato: Bluey atingiu um sucesso estupendo e merecido, com crianças e adultos.
...
Bluey foi definido por seu autor como "uma Peppa Pig para maiores", o que torna-se mais evidente quando se percebe que Broom e sua equipe focalizaram seus esforços no público que começou na TV adorando as estripulias da porquinha britânica. Há, porém, um detalhe a mais: a série foi feita pensando num modelo de família mais participativo, moderno, colaborativo - e que entra, direta ou indiretamente, em choque com os papeis que pais e mães costumam exercer diante dos filhos.
É fácil considerar o seriado australiano como algo que subverta a autoridade paterna: no primeiro episódio se vê uma brincadeira que quase culmina no beijo entre dois "homens", brincando de cavalinho macho e fêmea. Em vários momentos as brincadeiras chegam a um limite que poderia ser considerado de muito mau gosto se não encararmos que são pais entrando no clima lúdico que cerca os jogos familiares - sem falar em tantas horas nos quais a autoridade dos pais parece ser constantemente testada, contestada e confrontada por crianças cada vez mais "mandonas".
Um desastre para a educação familiar, na opinião de muitos pais - e também uma injustiça, considerando-se a quantidade de momentos ternos e edificantes que a série possui.
...
"Mas porque seria injusto condenar um desenho que trata os pais como idiotas, e as crianças como heroínas? Porque tratar uma série infantil que deseduca nossos filhos como algo bom?"
Porque bem... porque desenhos infantis são feitos para crianças, oras!
Lembre-se desta regra toda vez que for criticar algum desenho que passe na TV: desenhos infantis NÃO são feitos tendo em vista as atitudes que os pais achariam corretas para seus filhos. Eles não assistiriam algo que repetisse mantras como "coma seus legumes" ou "obedeça seus pais" diretamente - aliás, ninguém assistiria algo tão incisivo, não se assiste nada na mídia para ser doutrinado..
... e, quando se tenta fazer isso, o repúdio vem, como demonstrado pelo "quem lacra não lucra".
...
Crianças gostam de se ver como protagonistas do mundo em que vivem. Elas querem ser as mocinhas, dar lições de moral, fazer e acontecer; querem brilhar, ser reconhecidas, donas do mundo (ou do seu mundo) - e também querem ser amadas, instruídas, ter carinho, compreensão e colo.
...
P. S.: uma das coisas que me incomoda muito em Bluey é que quase sempre o antagonista é Bandit, o pai, que chegou até a ser disciplinado pela filha num episódio; depois, contudo, relembrei o que ouvira de um presbítero e me aquietei - "o homem será responsável, mesmo que não seja responsável".
P. S. (II): no momento em que escrevia esse texto, em julho de 2024, Bluey era exibido na TV Cultura de São Paulo, como parte do acordo que eles tem com a BBC (garantia de boa série).
P. S. (III): mesmo com esse negócio de "mais respeito, elas são crianças" a Disney censurou trechos e episódios inteiros que passaram no original australiano - mostrando que não são todos os pais que levam com tranquilidade a ideia de "tá tudo bem, é só um desenho".
19.6.24
Direitos da mulher vs direitos do não-nascido parte III: a lógica dos brasileiros - e brasileiras
CRISTÃOS PERANTE O DEBATE PÚBLICO SOBRE O ABORTO
— Antônio C. Costa (@antonioccosta_) June 18, 2024
.#PL1904 pic.twitter.com/cQD4SbtZ5k
Boa noite...
Retro VHS of The Wyatt Sick6 making their debut last night!
— Dark Puroresu Flowsion (@PuroresuFlow) June 18, 2024
IG:CRTWrestling pic.twitter.com/CxuN5PEjbH
15.6.24
Direitos da mulher vs direitos do não-nascido parte II: o papo de doidos em que todos acham que estão com a razão...
"A minha pesquisa é Deus"
— Desmentindo Bolsonaro (@desmentindobozo) June 13, 2024
Após a @juliaduailibi esmurrar os dados na cara do deputado bolsonarista, de que a maioria da população NÃO QUER o retrocesso do PL DOS ESTUPRADORES, ele diz que a sua pesquisa é melhor, porque é Deus.
É INACREDITÁVEL!
O argumento é não ter argumento! pic.twitter.com/8gzhRMZDhj
O PL 1904/24, resposta exageradíssima à decisão do STF que sustou decisão do Conselho Federal de Medicina que proibia a realização de assistolia fetal em fetos com mais de 22 semanas de gestação, gerou um festival de declarações em que todos falam a sua verdade, para as suas paredes - e crendo que estão vencendo a discussão contra os "inimigos" da vez.
O evangélico que acredita que a vida nasce no zigoto apoiaria com gosto pena de morte para estuprador e proteção para a vida desde o momento da concepção, ao passo que o progressista - grupo no qual a maioria esmagadora de seus membros vê o embrião como um amontoado de células e Deus como um conto de fadas - julga absurdo preservar o fruto de um estupro (por não achar aquilo vida) e hediondo condenar alguém à morte, ainda que suas atitudes tenham justificado o apodo de "lixo humano".
...
A maior estupidez, contudo, é achar que números e estatísticas colhidas no calor da batalha servem como argumento quando princípios religiosos estão do outro lado. Quando os dados se contrapõem à Bíblia, fique com a Bíblia: esse é o argumento do cristão fervoroso, ainda mais considerando-se as penas para estupro no Antigo Testamento combinadas com a forma de se ver filhos naquela época.
Quem apresentou esse Projeto realmente não é digno de ser levado a sério, mas conseguiu algo bastante relevante: expôs a ira da elite progressista, aquela que manda nos costumes do país via "tapetão do bem", fortalecendo o papel do Congresso como lugar de discussões relevantes para a base da sociedade.
Não duvide que a direita perca nas redes, e nas discussões de elite - para ganhar entre o povo. Afinal de contas, para a Bíblia não se cogitava abortar "dádivas de Deus" (nem em sonho).
14.6.24
Para dar risada (mil vezes)...
Whoever's wrote this script deserves an award pic.twitter.com/IWA9OtjS00
— Historic Vids (@historyinmemes) June 13, 2024