Panorâmica das
conversas ao telefone
- Pronto.
- Oooooooiiiiii-mor-zin
....
Você já sabe - vai demorar
...
- Oi, querida. Tudo
bem?
-
Ai-querido-você-não-sabe-o-que-me-aconteceu-hoje ...
Xi ... vai demorar mesmo
...
- Ótimo que seja assim, meu
anjo - fala então o que é que ...
-
Ai-querido-foi-a-Mariane.
A-gente-tava-no-serviço-fazendo-mais-um-relatório-daqueles-malucos-que-a-chefe-SEMPRE-pede-quando-tem-problema-de-checagem-de-conta.
Ai-ela-pediu-aquele-relatório-e-a-coitada-errou-TUDO !!!
Você-nem-imagina:ela-com-cara-de-trouxa-e-a-gente-tendo-que-correr-para-ver-o-que-é-que-tava-errado-e-o-que-que-não-batia
... e-a-chefe-lá-SEMPRE-com-aquela-cara-amarrada ...
E assim segue pela próxima
meia hora, com pausas para um "sim, querida", ou um "não, querida", e quando
você, num lapso pequeno de tempo, boceja ...
- O que foi
isso?
- Ah??? Nada, não, amor, é
que ...
- EU SABIA!!!
Você-não-estava-ouvindo-nada-do-que-eu-estava-falando-seu ... seu ... seu ...
SEU INSENSÍVEL !!! BUAAAAAAA ....
E toca mais meia hora de
"não, querida, não é isso, você se enganou" - e é nessas horas que você mostra
que sabia alguma coisa do que ela falava mesmo, que a tal da Mariane era mesmo
uma banana, que ela toca o serviço nas costas, que - sim !!! - você ama muito
ela e coisa e tal e coisa e lousa e maripousa (como diria o antigo cronista),
até que ela, finalmente, se acalma.
Dá uns quinze minutos e
estamos perto do final dessa estória:
- Ah, querido,
vou-desligar-agora ... mas-tô-cum-tanta-saudade-docê ...
- Ummm ... lindinha, vem cá
cum seu nenezão ... (pausa para reflexão: porque todo homem age como bebê nessas
horas? nunca entendi essa ...)
- Tá-bom-morê. Beijinhu
...
Ela desliga, do lado de
lá.
E você, do lado de cá,
suspira - e não sabe se é de alívio ou se é mesmo por causa de uma grande
saudade ....
fábio peres da
silva
28/08/02, 16:51
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