19.5.24

Uma aula de Escola Bíblica, várias observações sobre aborto e anticoncepcionais...


Uma aula de Escola Bíblica Dominical a respeito de aborto e anticoncepcionais fez o cérebro deste que vos escreve trabalhar dobrado - até porque o assunto é cheio de polêmicas. Sem mais delongas, seguem os "pitacos" que surgiram depois de uma hora e quinze de classe:

  1. não é só a indústria de anticoncepcionais que compra opiniões médicas: a indústria em geral faz isso o tempo todo, comprando os especialistas e trazendo-os para o seu lado;
  2. não custa lembrar: chegamos ao ponto de qualificar vacinas "melhores e piores" numa pandemia, por conta de estratégias marqueteiras que deveriam fazer os laboratórios corarem de vergonha;
  3. ainda sobre o especialista: mas todo ramo de atividade tem tendências majoritárias e minoritárias - mas que lamentavelmente tem sido desprezadas nas ciências biológicas (principalmente as médicas) em função do "Deus-ciência", aquele que não falha nunca;
  4. a sociedade tem sido bombardeado constantemente com a ideia de que aproveitar a vida é bem mais interessante e útil que se afundar na vida em família, sendo que as mulheres são os principais alvos dessa "doutrinação", típica de quem coloca o Homem no centro do mundo;
  5. ainda que o zigoto só tenha chances efetivas de "vingar" a partir da nidação é fato que o corpo feminino é preparado para o milagre da vida - coisa que as mulheres deveriam pensar antes de adotar técnicas como pílulas anticoncepcionais, do dia seguinte e diária;
  6. o Direito está correto na expectativa de direito do feto? Sim, mas não porque não existe vida antes da fecundação - o conjunto de células deve ter o direito de vingar como criança;
  7. o termo marxismo cultural é impreciso, dada a tendência dos conservadores de chamar tudo o que é progressista de esquerdista - mas não o mal que ele indica, a saber, a ideia de que o feto é parte do corpo da mulher (não é) e sua propriedade (não é);
  8. a tendência de se supervalorizar o parto como o início de uma família (e o filho biológico como aquele "que vale"), somada à ideia de que todos os atos da vida tem que ser planejados, cria absurdos de todo tipo - como embriões tratados como propriedade, por exemplo;
  9. a visão jurídica (na verdade, a sociológica) tem sido sobreposta à Biologia, aliada ao interesse de segmentos sociais ("carpe diem") e à desvalorização da família monogâmica heteronormativa;
  10. a Igreja pode até ter razão em seus argumentos, mas usar sítios de extrema direita para contestar os argumentos dessa verdadeira "teologia do século XXI" é como revestir-se de uma armadura frágil para defender um corpo fortalecido, mas vulnerável;
  11. a questão, mais do que defender biologicamente o início da vida, é entender que a gravidez (e os filhos) não são uma tragédia - principalmente se chegarem dentro de um casamento saudável (definição esta que não é financeira, mas psicológica e moral);
  12. quanto às pessoas que tiverem filhos fora do casamento, deve-se entender que o estigma da responsabilidade ("deveria fechar as pernas") é um enorme motor para se procurar clínicas de aborto - junto com a desvalorização da vida;
  13. a postura de muitos pastores e membros em ter filhos de forma irresponsável, embora possa ser embasada por uma argumentação bíblica consistente, embute um enorme risco: quem garante que serão criados de forma sadia e consciente?

Finalmente, o mais relevante: todo cristão deve estar preparado para discutir o assunto fora das Igrejas, num mundo que tem a tendência a desvalorizar ao Deus cristão (principalmente) em função do "Deus-ciência" e do "Deus-homem", bem palatáveis para os defensores dessa verdadeira "teologia do século XXI", na qual se insere o contexto da sociedade atual.

"Oh, admirável mundo novo que encerra criaturas tais..." - nunca essa frase foi tão atual.

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