31.5.15

"Da proibição nasce o tráfico": qual o medo de se admitir isso?

Se o Governo de São Paulo (ou a sociedade hipócrita) não quer que você veja esta campanha corajosa sobre as drogas, segue o site: http://daproibicaonasceotrafico.com.br/

Posted by Fábio Peres on Domingo, 31 de maio de 2015

14.5.15

Prosa

Conversa com Deus

Senhor, acho que eu nem deveria estar escrevendo esse texto. 

Sabe, muitos até achariam que isso é uma doce bobagem - coisa de criança, sabe, coisa de pessoa fraca, que não sabe o que pensa, nem o que acha da vida, muito jovem para saber os desígnios que se esperam em todo canto, a cada momento, em cada coração. Não sei, realmente, se poderia pensar de maneira distinta - afinal, tu, o onipotente e onisciente que comanda as nossas vidas, bem o sabes, e muito mais do que eu. 

No entanto, infinitamente mortal como sou, me digno a fazer o que ninguém faria, ou costumaria fazer - sim, pois muitas vezes ainda nos esquecemos de que, além de Senhor das vidas que perambulam por esse mundo, estejam elas aqui ou não, sejam elas ligadas a ti ou desconhecedoras de tua graça e bondade, Tu és Pai, Pai de todos, o grandioso ser que criou o homem à sua imagem e semelhança, e que teve tanto amor por esse mundo que mandou à Terra seu próprio Filho para que ele saísse do caos em que estava e tivesse o direito de estar junto a Ti.

Sabe, Pai, às vezes tenho pensado como deve ser difícil a vida de Ti. Todo-Poderoso e sublime, detentor das forças, és o portador de todo o Bem que existe sob a face da Terra. Tu permitiste muitas coisas, no decorrer dos tempos - e ainda haverás de permitir, já que muito há de acontecer até que o Juízo chegue, e nós, reles mortais, seres ignóbeis perante tua presença, tenhamos que pedir perdão pelos nossos atos, que são muitos, e esperar a humilde clemência que muitos de nós não terão.

Creio, Senhor, que deve ser difícil e muito além do nosso conhecimento mortal saber o quanto Tu sofres com a perda de um filho seu, o quanto Tu sofres com as pessoas que não te reconhecem, o quanto Tu ficas intranqüilo com a capacidade de muitos de enganar e falar em teu nome, como se fossem dignos e capazes de pronunciar o nome “Deus” com o respeito e a admiração que realmente esse nome precisa ter. Não estamos nos antigos tempos onde nem seu nome podíamos falar sem nos prostrarmos - no entanto, mesmo naqueles tempos, muitos falavam de Ti com escárnio, e muitos, na vida e na História, usaram teu nome para coisas absurdas e inimagináveis a quem se diz digno de ser teu filho.

Pai, não tenho o direito de pedir-te para ser teu filho. Na verdade, Pai, nem mesmo esse direito teria, se Tu não me desses a força e o dom de poder estar junto de Ti. No entanto, meu Pai, eu somente lhe peço que possa lutar pela vida, e fazer de cada dia, e de cada momento, alegria ou tristeza, uma prova de amor, de esperança e de fé, e de toda a certeza de que um dia, enfim, poderei olhar para os lados, e dizer-te, como o desabafo de quem já fez tudo o que pode nessa vida ingrata, e enfim venceu: “Senhor, me leva daqui!”.

Sei que sou falho, pecador, inútil e infiel. Mas também sou teu Filho, e quero mudar. Quero melhorar aquilo em que sempre fui bom, corrigir meu erros, apurar minhas falhas e fazer de minha vida um reflexo daquilo que há de bom no mundo. Prometo lutar, e confiar em Ti, pois não tenho força suficiente para transformar-me sem tua unção e teu infinito saber.

Que eu possa mudar o mundo e ser digno de estar aqui.
Que eu possa ser a força para os fracos que encontrarei.
Que eu possa encontrar apoio, e auxílio na vida que estou.
Que eu possa honrar o amor, e encontrá-lo, bem dentro de mim.

E, finalmente, que o que eu escrevo possa ser para todos um alívio, uma certeza, uma vontade, uma verdade, um apoio, uma bênção, uma alegria, uma força - e que, nesses textos, eu possa mostrar o mundo como ele é - e, acima de tudo, como ele deveria ser, mas não o é.

E assim, Exaltado Senhor, eu termino essa carta. 

Enquanto escrevo, oro e peço para que estejas conosco, e deixo essa carta nas mãos de teu Filho Jesus para que a entregue, com meus sinceros votos de que perdões e guardes, por todos os dias das nossas vidas, pelos séculos dos séculos, até que o final da vida nos leve, e venhamos morar contigo eternamente, em paz.

E que assim seja.


fps, 22/10/1996

1.5.15


Luta

uma luta é uma luta.
sempre é de verdade.

mesmo que seja de mentira.


queremos a verdade da vida?
ou a vida de verdade?


não.

queremos a nossa novela,
a nossa, de cada dia.


queremos a vida.
a novela da vida.


queremos a vida, 
sem luta.


queremos a vida de novela. 
não a luta pela vida.

fps, 26/04/2015