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10.6.25

Prosa: Protetor e Luz Mágica

 

- Será que um dia ela vai lembrar da gente, como lembramos dela? Vai nos reconhecer nestes rostos, nesta forma, deste jeito? Ela ficará com medo de nós, Douradinho?

- Quem sabe, Belinha... quem sabe... o que eu sei é que continuaremos protegendo seus sonhos, guardando sua imaginação, acompanhando seu crescimento e sua transformação... de menina para mulher, de pequena infante para garota virtuosa, de sonhos e valor... muito valor...

"Enquanto existirem sonhos eu e você estaremos aqui... cresceremos e seremos parte do mundo dela... 

... e ela continuará lembrando de nós, mesmo que não nos reconheça. Estaremos aqui, porque nascemos aqui, fomos criados aqui, somos parte daqui - e aqui ficaremos, por muito tempo ainda.... enquanto ela precisar de nós..."


fps, 10/06/2025, 20:13

3.11.23

Prosa: Gabinete

Francamente... nem saberia dizer porque vim aqui. 

Quer dizer, eu sei o porquê: tenho o coração amargurado, e dividido. A dor do erro não é maior do que a resignação indignada, de quem vê que produz muita coisa mas não mostra o seu melhor - e não sabe como mostrar-se, porque sabe que para cada pancada na ferradura surge outra, no lombo e na vida.

Lembro da infância. De ser bonzinho, dos estereótipos de quem nasceu com inteligência, mas foi desprovido de esperteza - e de capacidade para entender a vida.

Lembro do lado quietinho, do pouco fôlego para as brincadeiras, de não ser bom no gol - e ser péssimo na linha; das novas selas e dos livros, e... 

... bem, não vou levar isso para o chororô. Estou chateado, machucado, mas admito: não é bom sentir-se ovelha negra, só cantora famosa - e bem de vida - pode dar-se ao luxo de cantar desse jeito.

Mas é... que de repente começou a doer lembrar dele. DELE. Dele.

Que fim terá levado? 

Não sei, talvez hoje esteja velho, caquético, feio, bobo, burro.

Dizia saber caratê. Acabou querendo me dar mais do que isso. Ou melhor...

... ah, olha aqui eu levando isso para o chororô, a autocomiseração desnecessária. Que é isso, sou homem feito, casado - pai!

Não tenho que chorar por... por sentir-me só, com meus botões, livros e escritos, pelo medo da violência, da desvirtuação do próprio ser, do isolar-se, sentir-se podre, feio, bobo, mau...

... triste ...

... sabe, até que valeu a pena vir aqui. Obrigado.

Domingo, talvez, não tome o pão ou o vinho. O coração aceita a "dura", é verdade.

O cérebro, porém, finge divagar... e não se conforma de que estes escritos não possam ser um traço, um espaço, um pequeno ponto que permita dizer que sou... alguém.]


Obrigado, mais uma vez.

fps, 03/11/2023, 17:33

22.10.23

Prosa: O que eu queria ter dito

Muitos pastores e mestres do tradicionalismo evangélico costumam escrever cartas ao povo - basta pesquisar na internet e você verá "receitas de bolo" de todo tipo, com diversos textos da Palavra de Deus correlacionados entre si explicando o porquê da vida ser como ela é. 

Documentos religiosos, porém, não vão ao âmago das questões nas quais os seres humanos se envolvem, ainda mais por causa dos naturais pudores que aparecem quando várias questões metafísicas se colocam diante de nós - e, mais ainda, quando temos certeza de que a resposta não nos agrada. Como explicar, por exemplo, que o povo judeu vilipendiado pelo nazismo tenha se tornado, de uma certa forma, em algoz de outro povo, com a chancela de grupos que acreditam estar antecipando a volta de seu Messias?

É a mesma pergunta que se faz quando, na vida pessoal, alguém que amamos morre sem ter encerrado parte importante de sua existência. Os espíritas creem numa segunda chance, budistas e hindus são mais específicos ainda quanto à reencarnação; mas para os cristãos protestantes não há meio termo, purgatório ou Auto da Compadecida que possa ajudar os incrédulos - e isso dói, para os que creem.

...

Tais reflexões vieram a calhar quando li este tuíte aqui, elencando os motivos pelos quais a pessoa não gostaria de ir para o Céu cristão, lar celestial reservado no pós vida para aqueles que acreditam no Deus monoteísta abraâmico tendo como alicerce a fé em Jesus Cristo, tido por estes como Salvador - aliás, lamento por escrever desta forma, mas em tempos toscos como os atuais é bastante razoável que se escreva aos orgulhosos ateus e progressistas de uma forma que eles não se sintam ofendidos.

Pois bem... esse "post" do "X" resume bem o que se pode dizer aos cristãos sobre o comportamento ateu-agnóstico-progressista-científico dos tempos atuais. Dissecando o texto, do que entendi: o progressista do século XXI conhece o cristianismo melhor do que a maioria dos cristãos, mas tem ódio do que isso significa, seja porque não vê evidências sobre a existência de um Céu e um Paraíso, ou porque não vê vantagem alguma em estar na morada eterna, ou, ainda, porque vê muito mais vantagem em ser humano e viver intensamente do que em esperar um porvir que não sabe se chegará.

O que essa pessoa (e muitos progressistas) não entendem deveria ser óbvio, mas, vá lá: o Céu só faz sentido para quem realmente acredita nele, tendo certeza de que estará no Paraíso, e de que vai gozar da presença de seu Deus eternamente. Isso só tem algum proveito para quem tem FÉ e CERTEZA do que virá, algo que é dificílimo de se explicar para quem só acredita no que vê, seja por tratados científicos ou matérias jornalísticas a respeito de invenções revolucionárias do ser humano - o mesmo animal que muitos, nestes tempos modernos, consideram a pior espécie que ocupa este planeta.

(apesar de, num paradoxo, também salvar muitas espécies da extinção imediata)

...

O ser humano é capaz do pior e do melhor. Guerra, peste e fome; paz, vacinas e abundância. 

Só não foi capaz de deter a morte, nem de explicar o que ocorre após ela, ainda que desenvolvesse teorias diversas a respeito, tão metafísicas quanto o mundo ao seu redor. A religião, nesses contextos, ajuda a explicar o mundo - e dá um norte para o ser humano, tão carente de respostas, que não consegue encontrar numa conta singela como "1 + 1". 

Ou "1 + i" - e cabe aqui uma explicação: o ser humano conseguiu quantificar números de todo tipo, mas não conseguiu entender como se calcula a raiz quadrada de -1. Como não conseguiu, determinou uma nova categoria, a dos números imaginários, e chamou esse número de "i"...

... ou, como um religioso explicaria, o matemático teve fé de que esse número inexistente poderia ser representado como "i". Fé, no frigir dos ovos, é considerar um pressuposto - e acreditar nele.

...

Faltou alguma coisa nesse texto? 

Sim, o que está no título do "post": o que eu queria ter dito a uma pessoa que passou por grande tristeza recentemente - e a tantas pessoas nessa situação. Aliás, é tão simples dizer isso...

...

Quando rio, sei que Deus está comigo;  

quando choro, também.

Quando as certezas me faltam, porém,

 apenas faço o que me ensinaram, desde a infância.


Oro, sinto, penso, reflito... 

...e sigo em frente, pois ELE ESTÁ COMIGO

20.8.23

Mais comentários a respeito do "restaurante nota 7.5"...

Fiz o texto sobre o "restaurante nota 7.5", aquele que, na opinião dos nativos, é o que traz a melhor comida (e não atendimento, ambiente ou outros benefícios e frufrus). De lá para cá, me vieram muitas ideias à cabeça, e como estou inspirado, descansado e bem alimentado, seguem algumas coisas que gostaria de ter escrito antes - mas que a falta de vitamina B12 me fez esquecer, ou nem lembrar de digitar a respeito. 

Sendo assim, lá vai a lista:

...

Começando pelos shoppings: dá para comer coisa gostosa e barata nas praças de alimentação? É evidente que sim, mas nunca se esqueça de que "fast food" é padronização - de processos, métodos e temperos, o que significa que toda comida de grande rede terá a mesma "cara", salvo se for consumida num quilo ou for de um quiosque/unidade que você nunca tiver visto na vida. 

Ainda assim, neste caso, vale a regra de ouro: equilibrar bom preço e boa comida. Menos frescuras, o básico bem feito - e sabor proporcional ao que se vai pagar pela refeição. 


Já que falamos de "fast food", é inevitável citar a rede dos arcos dourados, aquela que começa com M e termina com o nome de um famoso pato. Ela, e seu concorrente de brasileiro (que só não se chama "rei do hambúrguer" porque tudo fica mais chique em inglês) faz lanches que são um poço de gorduras, padronizados ao extremo - mas fundamentais quando se está num lugar de hábitos esquisitos, nos quais você não tem a mínima ideia de como se faz o prato do dia, ou do que vem nele.

Está num lugar como Índia, Bangladesh, tem medo de sopa de morcego sino-tailandesa, ou chegou a um beco no qual só tem espetinho de gato, ovo colorido e refrigerante PonChic? Encare o perigo, provando que seu estômago é de titânio, ou corra para uma das grandes redes - e salve sua pele.

...

Comida vegetariana caseira? Se existir, o dono é adventista - o que significa que não funcionará aos sábados, dia em que os do Sétimo Dia cuidam das coisas de Deus, e apenas disso.

Quanto à comida, abstraia os pratos de imitação (como a feijoada vegetariana, na qual couve de Bruxelas imita bacon) e aproveite o sabor de refeições boas para o bolso, o estômago e o corpo.

...

Fuja (repito, FUJA) de filas com gente chique demais, ou cheia de caras e bocas, ou que tire "selfie" o tempo todo; neste último caso, aliás, fique longe para que não afanem o seu celular também, pois quem saca aparelho para fazer foto no meio da rua está praticamente doando o aparelho para o alheio.

...

O oposto disso é a fila do Bom Prato, ou dos restaurantes populares subsidiados pelos órgãos públicos. Estes são garantia de comida barata a preços módicos, que atende muito bem aos que não podem pagar quase nada por uma refeição decente, com arroz, feijão, salada, um suco e sobremesa.

Se não tiver frescura, vá - ou ceda sua vez para um necessitado, já que as refeições tem número fixo.

...

Como deu preguiça de escrever mais, fico por aqui. 

Antes, porém, pergunto a vocês: que tipo de conselhos vocês dariam a quem quer procurar o restaurante ideal, de comida barata e preço bom? Escreva nos comentários, me ajudando - e contribuindo para que, talvez, esse texto do restaurante 7.5 tenha uma terceira parte... até breve.  

12.8.23

O restaurante nota sete (ou 7.5): as três estrelas e meia dos bons restaurantes chineses valem para o Brasil?

 


Sete, convertendo para nossa escala de notas, de 0 a 10.

Isso é o que vale o legítimo restaurante chinês, segundo Freddie Wong - que, pela sua bio no Twitter, parece conhecer bem do negócio. 

Diz Wong que o restaurante chinês ideal tem três estrelas e meia porque isso é o máximo que ele pode tirar sem ser afetado pela ocidentalização do serviço - ou seja, o lugar fica bom demais aos olhos de quem não entende nada e negligencia o mais importante para um legítimo apreciador da boa comida. 

E outro "chinês", Anthony Ling, do excelente site Caos Planejado, concorda com ele:

...

As três estrelas e meia dos restaurantes que fazem as "comidas de mãe" chinesas teriam correspondente no Brasil? Dá para dizer que sim, mas com algumas ressalvas.

Para começar, restaurante brasileiro pode aceitar cartão - na verdade, tem, já que cada vez menos gente paga tudo em dinheiro. A maquininha usada, entretanto, será daquelas que facilmente poderiam ser adulteradas para transformar 25,00 em 2500,00 (e você vai confiar nela, assim como os clientes fieis costumam ter privilégios como pagar tudo no fim de mês ou passar PIX para o dono do boteco).

Falamos em boteco, porque esse é o nome pelo qual você vai chamar este estabelecimento - ou quilo, se optar pelo consagrado sistema brasileiro de pagamento proporcional ao peso; em alguns casos se chama o restaurante pelo nome do dono, ou por algum nome-fantasia mais engraçadinho. Há que se observar, porém, que homens chamam mais o comedouro de boteco do que mulheres, num detalhe proporcional ao ambiente (ou falta de) e à qualidade do produto (ou falta dela).

Ambiente... em boteco com qualidade isso não existe: azulejo (arrumadinho) até o teto, parede chapiscada mal feita, quadros de mau gosto "embelezando" o local em que se come. Se tiver uma dona, um pouquinho mais de zelo - mas não muito, pois o relevante, num restaurante "nota sete", não é isso.

...

Quem vai a um restaurante decente procura o equilíbrio entre dois fatores: preço e boa comida. Quer comer bem ao mesmo tempo em que sente que pagou o preço justo pelo básico de uma refeição - e nisto, aliás, reside a grande diferença entre a avaliação de Ling e Wong e a desse que vos escreve.

Digo isso porque a "comida caseira" brasileira não varia: o cidadão brasileiro procura arroz, feijão, uma salada - que alguns dispensam - de vegetais e alguma proteína, que dará nome ao prato pedido, seja ela bife de carne, frango ou linguiça (raramente peixe). 

Sobremesa? Fruta ou gelatina, de vez em quando.

Num contexto como esse, de poucos pratos, não se costuma errar de forma grosseira - e justamente por isso não se consegue agradar com precisão aos mais exigentes, para os quais qualquer detalhe faz diferença. A sorte dos "chef´s de boteco" é que o paladar do brasileiro (principalmente o "sudestino") é mais infantil, de tal forma que o necessário, nesse caso, é basicamente acertar o sal do prato.

O que nos leva ao segundo detalhe desta equação: preço. Comida brasileira do dia-a-dia é simples, e deve se encaixar no vale refeição do trabalhador - motivo pelo qual um simples aumento no valor do "a la carte", ou do preço do "buffet", afugenta o cliente mais fiel.

No mais, quilo tem que ter alface e tomate e pratos típicos são um risco fora do seu lugar de origem - mas, em geral, a receita para um "três estrelas e meia" no Brasil é essa que está aí, até porque, no horário do almoço, a maioria não quer complexidade, viver experiências ou outras coisas do gênero.

Quer, simplesmente, alimentar-se - e nem imagina que Michelin é outra coisa além de marca de pneu.

...

P. S. (em 20/08/2023): Esse texto rendeu uma parte 2. Quer saber mais conselhos? Vai lá...

15.10.22

A diferença que pode matar o segundo turno no Brasil: o ogro não queima dinheiro. OU: foco no churrasco.

Tempos atrás escrevi uma metáfora do primeiro turno das eleições, comparando-o à troca de um churrasqueiro experiente, porém escroto, pelo "namorido" de uma das convidadas, que deixou a desejar no manejo da carne - e no cuidado com o dinheiro do pessoal. Imaginava que Lula daria uma bela sova no Bolsonaro, pensando que o eleitorado estaria enojado com o "mito" e que desejava mudanças, a qualquer preço, só para se ver livre do ogro que nos governa.

Ledo engano. 

O primeiro turno reforçou dois fatos: o Brasil é um país conservador até a medula; e o brasileiro de direita aprendeu o que significa fidelidade partidária - ou ideológica, que transcende os rótulos partidários. Quem foi eleito pelo bolsonarismo sabe que não poderá falhar na defesa deste projeto, sob pena de ser ejetado do poder pelos "minions", como demonstram as votações de Joyce Hasselmann e Alexandre Frota em 2022.

A direita bolsonarista aprendeu com a esquerda radical: se não defende o "mito" não é digno do meu voto - o que não deixa de ser uma evolução do eleitorado, ainda que não seja a eternização da polarização PT vs PSDB desejada por cientistas políticos especializados no assunto.

...

Fenômeno bastante estranho, aliás, é o que está ocorrendo no segundo turno: radicalização do discurso de Lula, e tranquilidade aparente nas falas de Bolsonaro no horário político. O esquerdista de carteirinha do PT vibra, com a "reação" do "barbudo" - mas se esquece de que campanha, e governo, não são voltados somente aos que sonham com um governo "progressista socialista" com certeza, mistura daquelas "democracias populares" de Venezuela e Cuba (e, desculpem a ironia: eles acreditam MESMO nisso).

Governo, no Brasil, pressupõe coalizão de interesses e responsabilidade, coisa que Lula ainda não mostrou que irá fazer, muito pelo contrário. O que vem por aí, já citou o ex-presidente, é mais do Estado indutor, a política de busca do desenvolvimento sem limites, que já foi tentada mais de uma vez no país - mas que falhou em controlar os destinos do dinheiro investido e a efetividade deste retorno.

Lula se recusa a ser responsável, sinalizando que os interesses do mercado (e as certezas da sociedade) não serão atendidos, ao menos num primeiro momento - por esse motivo soa como um irresponsável, influenciado por pessoas que, de experiência em experiência, fizeram país atolar em crises no passado. Acrescente-se a isso a insistência em entrar nas pautas morais, em que Bolsonaro nada de braçada, e está pronto o cenário no qual a perspectiva de uma virada inédita em segundo turno é cada vez mais real.

A sorte do "barbudo" é que economia vai bem, mas o povo vai mal; só por isso Lula ainda está na frente nas pesquisas. Cada vez mais, contudo, percebe-se que de um lado há alguém que gastaria todo o dinheiro do governo em experiências desenvolvimentistas, de resultados duvidosos - e do outro lado há um "ogro", que, apesar de agir constantemente de forma indigente com relação o cargo que ocupa, não rasga nem queima dinheiro, o que faz bastante importância para o cidadão comum.

...

Um colega de longa data meu texto, e respondeu de forma seca: "FOCO NO CHURRASCO". Será que isso significa que o povo brasileiro tenha percebido o que realmente está em jogo nesta eleição?

Saberemos, em 30/10.

22.9.22

"O tiozão do churrasco e o 'namorido' da 'miga' empoderada: uma metáfora do Brasil de 2022"

Numa casa brasileira os donos tinham o hábito de periodicamente promover um churrasco. Convidavam os amigos e parentes, do marido e da esposa, e passavam bons momentos, jogando conversa fora, comendo e bebendo para celebrar a vida.

Nos últimos churrascos quem estava cuidando da churrasqueira era um parente do marido. Excelente pilotando a grelha, fazia questão de comprar as melhores carnes e a cerveja, sempre da melhor marca, e que estava estupidamente gelada, além do o refrigerante, para a garotada. 

No dia, chegava duas horas antes do início das festividades, para preparar a carne com o sal grosso "de lei" - de tal forma que, na hora certa, ia mandando as carnes aos poucos, na maioria mal passadas ou ao ponto, e umas poucas bem passadas, para os que "não gostam de sangue". 

Tudo feito com zelo, como convém a um bom churrasqueiro, a não ser por um detalhe: o cidadão era um tremendo ogro. "Tiozão do churrasco" mesmo, daquele que faz a piada clássica do "pavê ou pa cumê" - e que se torna rapidamente, à medida que a cerveja vai saindo do freezer e entrando na mente das pessoas, uma metralhadora de inconveniências, uma atrás da outra.

...

É piada machista pra lá, tirada jocosa de lá, e a mulherada cada vez mais constrangida, enquanto pegavam uns pedaços de carne e comiam junto com o arroz e feijão.

Sim, porque a parte feminina do churrasco também preparou algo além da carne. Arroz, feijão, salada, "batatonaisse", uns pedaços de frango (tostados pelo "tiozão" inconveniente), além de outras tantas coisas que fazem com que o churrasco de família não seja só um churrasco.

Naquele ano destacou-se em especial um prato: uma "caponata" de berinjela divina, feita pelo "namorido" de uma das "migues" da dona da casa. Esta 'miga', empoderadíssima, resolveu chamar a esposa num canto, reclamando do porque do "tiozão" do churrasco estar proferindo todo tipo de impropérios inconvenientes para todos - mulheres, crianças e homens (embora os últimos estivessem preferindo comer a carne e falar besteira do que se importar com o "tio do pavê").

Ao final, sugeriu a 'miga': "olha, se você quiser o meu 'namorido' pode ser o churrasqueiro daqui para a frente, ele é ótimo com carnes, conhece de-tu-do e sabe grelhar como ninguém - sem falar que foi ele que fez essa 'caponata' divina, olha só como to-do-mun-do-gos-tou-dela...".

...

Final da festa, a mulher vai falar com o marido, possessa da vida: "você precisa deixar o 'fulano' de fora, veja só quanta vergonha ele nos fez passar, ele é machista, chauvinista, racista, fico morrendo de vontade de sumir quando ele fala aquelas coisas horríveis, e isso, e aquilo, e...".

O marido, cansado, não está a fim de discordar da esposa. Quer paz, e aceita a sugestão da patroa: no churrasco seguinte eles não convidarão o 'tiozão' e o 'namorido' vai assumir a churrasqueira.

...

No churrasco seguinte o alívio é geral por parte das mulheres. O tiozão do churrasco não vai estar lá, já foram avisadas de antemão pela dona da casa - motivo pelo qual muitas até se animaram mais com os pertences. O arroz está mais soltinho, o feijão, radiante, bastante verduras, e a soberana 'caponata' de berinjela, reinando entre os acessórios do almoço familiar.

Sim, almoço. Porque o churrasco...

Bem, o afamado 'namorido' se provou um tremendo fiasco: chegou em cima da hora, botou as carnes de qualquer jeito na grelha, deixou muita coisa passada demais, inclusive queimando algumas carnes (algumas, não; muitas). 

Usou uma mistura de temperos na carne que tinha tudo, menos sal grosso. Inventou de fazer legumes na chapa e colocou mais frango para grelhar - que nem as crianças comeram direito, já que estapearam as poucas linguicinhas que haviam sido deixadas para esturricar pelo gaiato.

No final, até a cerveja estava morna - e de uma marca horrorosa, que nunca tinha passado pelo freezer do dono da casa. Refrigerante? Trouxe suco - que acabou sobrando.

...

Depois de todos se despedirem, não antes de ter desfrutado da sobremesa (pudim aerado, acompanhado de um suspiro esquisito que alguém chamava de "pavlova"), o marido chama a esposa no canto. Está com cara de poucos amigos, entre decepcionado e possesso.

"- Mas o que foi, querido?" 

"- O que foi? Você vai ver...".

Mostra a ela um cupom fiscal, das compras do churrasqueiro - que, neste caso, se responsabilizava por tudo, do início ao fim do processo. Verifica-se que o açougue não é o mesmo em que compravam a carne; é outro, de qualidade bem inferior; que tudo tinha sido comprado por um preço bem mais caro do que o 'tiozão' comprava; fora uma série de outras coisas que fizeram o dono da casa desabafar com sua esposa:

- Você me disse para chamar esse cara pra fazer o churrasco. Pois bem: ele trouxe cerveja ruim, carne ruim, errou o ponto de TUDO no churrasco e ainda pagou mais caro pelas carnes e pelo resto. ELE ROUBOU TODO MUNDO!!!! O que você me diz disso?

E a esposa, entre sem jeito e sem paciência, retrucou:

- É... mas você viu como o ambiente estava mais leve, sem gente inconveniente? Foi um almoço excelente... sem falar que a caponata estava maravilhosa... você deveria tê-la provado... um luxo de gostosura!!!!


23.8.21

Conto: O padre, a moça e o futuro do rebento



Um padre de cidade do interior tinha o hábito de sempre estimular que as famílias católicas tivessem um parente trabalhando para a Igreja - padre, freira, ministro ou o cargo que fosse.

Num belo dia, encontra uma moça da irmandade (que há tempos não via) em um supermercado - e ela, grávida, toda feliz, dirige-se ao religioso efusiva, gritando:

- PADRE, ESSE AQUI É SEU!!!! PADRE, ESSE AQUI É SEU!!!

Nunca mais vi o padre por essas bandas, não sei o porquê...

(adaptado)

7.5.21

Prosa: Devaneios e soníferos

Há coisas, na vida, que dependem de você. 

Como você age, o que você faz, o que você é.

Eu, por exemplo, detesto o que é muito radical. "Com emoção", para mim, é uma desgraça completa: não consigo sentir paixão em algo que é feito, simplesmente, para descarregar adrenalina, arriscar-se sem sentido algum em algo apenas para gritar "uhu", "aha" e depois dizer "você viu?".

"Ah, mas você gosta de moto"... cara, eu gosto de moto para VER a paisagem, OBSERVAR cada detalhe, e, depois, CURTIR o resultado.

Calmamente, passo a passo. Não num assombro.

...

Estou mal, cansado, sonado, com vontade de parar - mas não posso. Não dá.

E isso, por dentro, me consome.

Muito.

fps, 26/06, 10:41

30.10.20

Prosa: Fragmentos II

- Eu estava com vontade de falar com ela, depois de dois ou três dias corridos cuidando de tudo. Aí, justamente naquela hora, os "malas" chegaram e tiraram todo o meu espaço. Dureza...

fps, 24/01, 11:23

12.8.20

Prosa poética



Enquanto você pedir desculpas, 
eu estarei aqui. 

Mesmo se não pedir desculpas, 
ainda estarei perto.

O dia, contudo, 
em que seu olhar me disser "tô nem aí com você", 
será o dia de partir.

Por isso me preocupo
quando você passa a agir sem um pingo de empatia por mim.

Porque sinto que esse é o começo do fim.


Afinal, festas e deslumbres não substituem 
um bom papo com vista para o céu.

fps, 24/01, 11:04





1.6.20

Prosa: Desejos que eu sei que não vais entender

Desejos que eu sei que não vais entender

Eu queria que você acordasse do seu sono de beleza, viesse até esse quarto e me (uhn....) com gosto; queria que você beijasse meu (ooops...) e fizesse meu (uh...) suar; queria te dar um (uuuff....) bem dado, um (ooof...) no (ah...) e te fizesse (oohh...) bem gostoso.

Sei, porém, que agora você só pode (zzzzz...).  

Te entendo. Mas espero que entenda também - minha solidão.

fps, 01/06, 01:45

7.5.20

Prosa poética


Está gelado lá fora... 

e meu coração está quente... 


mas o frio torna ele morno... 

está calmo, não sereno...


... a brasa torna ele em sauna... sublima os sentimentos... 

faz o gelo virar vapor... e chuva...
... que seca os olhos... 


e que faz lembrar porque escrevo.


fps, 02:01 de 31/10 (um dia quente para dedéu)

8.4.20

Prosa - na verdade, reflexão

Uma coisa que ninguém fala sobre os amigos virtuais é que eles não te machucam, ou ferem, sem uma resposta. Caso você leia algo que não te agrade, simplesmente bloqueia a pessoa (ou silencia) e segue a vida.

No caso do mundo real, é diferente. A esposa que te machuca com o olhar ainda está lá; o marido que demonstra insensibilidade ainda se encontra por lá; os filhos negligentes continuam por ali - ou melhor, não continuam, porque o celular os ocupa, com os verdadeiros amigos que ficam longe demais, ou perto demais.

Antes de criticar porque nos voltamos demais ao virtual deveríamos fazer uma pergunta singela: "o que estamos fazendo de errado para que aqueles ao nosso redor fujam da gente?". Responder a essa pergunta, contudo, é muito difícil, pois exige autoavaliação do ser humano.

É mais fácil voltar-se ao virtual, que é frio, distante - mas te compreende, mais do que aquele que está do teu lado.

fps, 14/02, 10:05

3.3.20

Prosa, incompleta: Fragmentos I

- Ah, claro que eu fico de saco cheio.

- Ela quer ir para o interior, mas no fundo quer mesmo é ir para a casa dela, para a família dela, as coisas dela.

- Marido? Essa coisa insossa? Só atrapalha. Não ajuda, não faz nada, só reclama. 

- Se ele não existisse na vida dela, talvez seria melhor - para ela e para todos.

(...)

- Mas será que você realmente acredita em tudo isso?

fps, 24/01, 11:49

5.12.19

Mini-conto: Reflexões sem nexo sobre um guindaste suspenso


Ao meu lado, uma obra em progresso. Nela, um guindaste, no qual um dos funcionários (provavelmente o "piloto" da estrutura metálica) dorme, sossegadamente, em pleno horário de almoço.

Miro a ventana aberta, que permite uma certa ventilação entrando na minúscula cabine. Penso que ele poderia cair de lá - ou, quem sabe, bater numa alavanca e movimentar o braço do guindaste em nossa direção.

Penso nisso... e sinto uma brisa, suave, vinda da janela aberta. "Deve ser mais forte lá no alto", reflito. 

E sorrio.

"Back to work", portanto - que o almoço está perto.

fps, 27/11

__,_._,___

24.3.19

Reforma da Previdência: os arautos da moralidade e a hipocrisia descarada

Quer dizer que para nossa mídia corrompida Bolsonaro precisa urgentemente "fazer política" para aprovar a Reforma da Previdência, aquela que todos dizem ser necessária - desde que não atinja o meu quinhão - e que, em qualquer cenário, seria considerada indigesta?

Se o certo era comprar votos e liberar emendas, porque condenaram Lula, Dilma, Temer e os demais?

...

Maia quer mais articulação, mais política? O mito responde: "o que é articulação? Não podemos mais fazer política como antigamente, como os ex-presidentes faziam." 

Traduzindo: "é isso que vocês querem, vender votos e emendas como a política que levou Lula e Temer para a cadeia? Roubar o país, é isso que vocês querem?".

Verdade, mesmo, isso não é: negociar benefícios para redutos eleitorais é o que garante reeleições de deputados desde a Primeira República e seu sistema de coronéis. A mídia, contudo, sempre transformou essas práticas, legais mas amorais, no maior problema que o país enfrenta para ser um país bem administrado - a "compra de votos" dos "ladrões" do Congresso Nacional.

Distorceram tanto o que é a política - criando, inclusive, um conceito difuso para separar a política miúda (com "p" minúsculo) da suposta Política (com P maiúsculo) feita nas maiores democracias do mundo. Ora, se até em um exemplo de democracia, como a Alemanha, adversários negociam para colocar suas propostas em troca de apoio, porque um país como o Brasil,  no qual se depende da União para tudo, não se pode fazer algum tipo de negociação pelas Reformas?

...

Se admitíssemos que a política é feita de negociação contínua, em nome de interesses, seria mais fácil aprovar a Reforma da Previdência pelas vias normais, com partidos políticos representando a sociedade. Infelizmente, contudo, a imprensa (e a maioria de nossas elites) parece sonhar com um eu "fascismo do bem, que conduzisse o Brasil a um progressismo escandinavo - ou um país dominado por tecnocratas, como a União Europeia e outros organismos internacionais.

Essa política costuma sempre dar errado, principalmente porque se baseia em uma visão de especialistas, cujas "boas práticas" quase nunca são aplicáveis totalmente às empresas e aos organismos públicos. É a ideia de "conselhos representativos da sociedade civil", eleitos em processos esvaziados (como o que elegeu tais Conselhos em São Paulo), compostos de gente com solução para tudo - menos para os problemas do dia-a-dia do cidadão.

O resultado? Um Estado fazendo tudo de errado - exceto para a imprensa, que endeusa administrações horríveis e ataca quem faz o que o povo quer.

Como Bolsonaro. 

...

O "mito" não está sendo idiota. Está fazendo o que ninguém no Brasil fez: apresentando um projeto de Reforma ao Congresso e esperando que este seja discutido, sem dar nada em troca. É loucura, mas pode dar certo - pois o mercado, e os responsáveis deste país, querem a Nova Previdência.

Como disse Ricardo Capelli ao Congresso em Foco, o custo de deixar tudo como está é enorme:

Que tal o desemprego subindo, a miséria aumentando e a culpa do caos ser dos políticos que só pensam nos seus próprios interesses e de ministros do STF que “vivem de soltar corruptos”?
...


Se Bolsonaro aprovar 50% da Reforma, sem conceder nada ao Congresso, terá feito o que nenhum governante fez, desde o início da Nova República : dobrar os políticos. 

Se não conseguir nada... quem disse que o presidente quer mesmo aprovar essa reforma? Não foi para isso que ele foi eleito; não para "ferrar" o povo.

Jogo de ganha-ganha. Xeque-mate, do "mito" e dos seus conselheiros. 

A ver.

30.1.19

Prosa poética: Ofensas



"Você vive em um mundo só seu, onde só entram eruditos. 
Você é perfeito, ninguém penetra nele.

Eu quero sair com minhas amigas, falar de amenidades, 
e VOU FAZER ISSO.

Você só vive no seu canto, parece um autista.
Trata sua filha de dois anos como se ela tivesse 20.

Você se acha mais importante do que pensa,
na hora em que eu quiser é só separar os bens e tchau".

Quer saber qual a maior prova do meu amor?

Não ter sumido de casa, nem tomado veneno, 
a cada vez que ouvia coisas como essas de você.

fps, 30/01, 12:09

5.1.19

Prosa: Porque nunca teremos uma Revolução, de fato, no Brasil?

Quando a Independência ocorreu, foi assim:


o senhor distinto que estava em viagem se indignava,
o regente rasgava as cartas enquanto se arrumava,
e o caboclo, distante, a tudo observava.

Mas não concordava. Nem discordava. E cuidava da vida.

Quando a República foi proclamada,
com a procissão pelas ruas anunciando o novo dia,
e o novo Presidente saudando o imperador que ia,
o ex-escravo, por perto, em tudo assentia.

Mas não concordava. Nem discordava. E cuidava da vida.

Quando Getúlio ameaçou invadir o Catete,
e proclamou o Estado Novo pela Rádio Nacional
o trabalhador ouvia o discurso, embebido pela cal,
e a dona de casa esperava pela novela.

Mas não concordava. Nem discordava. E cuidava da vida.

Quando os militares anunciaram novos tempos,
baixaram o Ato, sentaram o cacete em nome da Revolução.
Mas o cara do povo, pacato e nobre cidadão,
se embasbacava com os 10% de crescimento, o milagre.

Mas não concordava. Nem discordava. E cuidava da vida.

Veio a Nova República, desforra, a "Constituição cidadã".
Direitos fundamentais, revolução, uma elite satisfeita,
para desespero de muitos, gente considerada direita.
Mas o homem do povo, esse, como o "nove", não sabe de nada.

Não concorda. Nem discorda. Só cuida da vida.

Depois, passeatas pelas ruas, redes sociais, lugares de fala.
Muita gente dizendo o que acha, palavras gritadas ao vento.
Mas o povo - velho e novo - não tem tempo para lamento.
Como lá no passado, e hoje, só consegue pensar no agora.

Não concorda. Nem discorda. Cuida da vida.

Isso porque o povo, esse que a tudo assiste,
só quer que os contratos continuem sendo fechados.
E farão de tudo para que seja assim, sempre.

Mesmo que seja necessário eleger um "mito" qualquer.

Apenas para poderem continuar cuidando da própria vida.

fps, 05/01/2019

26.5.18

Greve dos caminhoneiros: Virtual 3, Real 1

A vida realmente não está fácil para quem é cientista político, colunista sério ou gente um pouco mais esclarecida aqui no Brasil. Tentar esclarecer que a conta da greve dos caminhoneiros será paga com subsídios estatais - e que, indiretamente, toda a população pagará essa conta, seja com aumento de impostos ou com corte de programas governamentais - é totalmente inútil.

O brasileiro que compõe a chamada "opinião pública", devidamente doutrinado por décadas de opiniões enviesadas, do tipo "o Estado não serve para nada" e "tudo o que é bom vem da iniciativa privada", tende naturalmente a apoiar atitudes de segmentos sociais que "sofrem" com a mão opressora estatal. Microempresários (os "pequenos") e caminhoneiros estão nesse grupo.

Daí para apoiar qualquer causa imbecil, é um pulo.

...

Resultado natural de nossa tendência a satanizar o governo, a greve dos caminhoneiros é também uma prova de que não sabemos viver no capitalismo de verdade. Oscilações bruscas dos combustíveis, que, no mercado mundial são vistas com naturalidade, aqui foram motivo para que todos, sem exceção, condenassem a Petrobras por ela ter agido como... uma empresa.

Sim, porque uma empresa normal faz exatamente isso que a Petrobras fez. Aumentou o insumo? Repassa os preços ao consumidor final - e mantém os seus custos controlados.

Empresas privadas fazem isso. A Statoil, a grande estatal norueguesa, provavelmente faria o mesmo - já que produzir petróleo custa caro, independente do dono ser o Estado ou um particular.

Com a nossa Petrobras, contudo, tinha que ser diferente. Porque ela é NOSSA.

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Desde sua criação a Petrobras tem sido usada como instrumento do desenvolvimento nacional - e também como anteparo dos preços dos insumos petrolíferos a nível mundial.

Não deixa de ser interessante ter um "fornecedor eterno de combustível barato" - desde que o povo brasileiro entenda que uma empresa assim será eternamente deficitária, condenada a assumir dívidas imensas para garantir (artificialmente) insumos baratos para o consumidor final.

E isso é grave - porque uma empresa assim é um tremendo mico. Nosso mico.

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Convencer o brasileiro a entender que a Petrobras tem que se comportar como uma sociedade de economia mista, entretanto, parece inútil. Faz sentido dizer, contudo, que se o povo, através do Estado, é o acionista majoritário da companhia, é natural que ela aja pela "vontade popular".
Aliás, faz mais sentido ainda dizer que a Petrobras é a cara do brasileiro empreendedor. Boa parte das pequenas empresas vai à falência no Brasil (e outras tantas são pouco lucrativas) justamente porque as pessoas tomam os lucros da empresa como se fossem seus, esbanjando dinheiro que deveria servir para o seu fluxo de casa. Tratando uma pessoa jurídica como extensão da SUA pessoa física.

Depois, quando a empresa definha, e vai à falência, não sabe porque isso ocorreu.

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A conta dessa greve será dividida por todos os brasileiros, mesmo aqueles que acham que as nuvens são feitas de algodão doce - e que não se convencem do contrário, mesmo com todas as provas de que essa conta dos caminhoneiros não será paga pelos privilegiados, mas sim pelo imposto da maioria (sejam pobres, ou da classe média).

Não digam, contudo, que este é um país que leva o capitalismo a sério. Ou queremos um Estado controlando a economia, e "trapaceando" a favor do país, ou aceitamos as regras de mercado - e crescemos, como nação e como povo.

Estamos dispostos a aceitar esse sacrifício? Pelo visto, a resposta é NÃO.