18.11.19

E se... o Brasil nunca tivesse deixado de ser uma monarquia?

Um dos contos mais impressionantes que já li falava sobre uma médica, que retornou ao passado para impedir o maior trauma de infância - e que tinha o sugestivo nome de "E se...", bordão que sempre utilizava para tentar procurar hipóteses para os problemas que a cercavam.

Baseado nisso, e em um texto de Laurentino Gomes sobre a possibilidade do Brasil nunca ter deixado de ser uma monarquia, este que vos escreve elaborou algumas teorias a respeito da chance do Império do Brasil nunca ter deixado de existir - começando pelo "golpe de 1889", que passaria para a História como uma tentativa frustrada de estabelecer uma república no país.

Eis, então, as conclusões deste escriba, convertido em futurólogo de plantão:
  • A principal diferença do Brasil Império para a República nascente seria a manutenção do "status" como Estado unitário. Dificilmente o Imperador permitiria que existisse uma federação aos moldes americanos, como a que ocorreu na República Velha - de tal forma que o Rio, como Distrito Federal, mandaria no país muito mais do que hoje;
  • A pressão para continuar com a capital no centro cultural do país faria com que o Império mantivesse o Rio de Janeiro como Distrito Federal. Se Brasília (ou Petrópolis) chegasse a sair do papel, seria inspirada em alguma capital europeia - uma Paris, ou Londres, no meio do cerrado - e duvido que ficaria como centro administrativo do país, de fato;
  • Pedro II, provavelmente, renunciaria ao trono em favor de D. Isabel - e esta, provavelmente, ficaria num mandato tampão até que um dos filhos assumisse o trono. Esta seria "a imperatriz dos negros", mas o Conde d´Eu (e a oposição dos rancorosos escravagistas) seria uma constante fonte de problemas durante seu mandato imperial;
  • É bem provável que o Poder Moderador fosse transferido para outros órgãos, como o Senado e uma "nova" Suprema Corte, nos moldes da americana. Este Senado passaria a ser eleito pelas províncias, cujas Assembleias Legislativas elegeriam os Presidentes de Província, tornando-os em governadores de fato;
  • No âmbito municipal, as Câmaras seriam o Poder Executivo, como em Portugal - e os municípios seriam bem maiores do que hoje, como nos condados (ou comarcas) americanos. Os pequenos povoados, por sua vez, teriam no juiz de paz, o administrador de conflitos eleito pelos habilitados a votar, como a maior autoridade - ao lado dos coronéis da Força Nacional, que, com certeza, continuariam a existir (polícia privada? é, pois é...) 
  • Teríamos territórios de fronteira, para administrar conflitos com os vizinhos (e talvez bem mais províncias do que hoje - se bem que com menos deputados);
  • A Igreja Católica seria a oficial do Império? Com certeza. O que poderia acontecer, talvez, seria Pedro II, ou algum de seus sucessores, abrir espaço para uma Igreja Evangélica Brasileira, atendendo aos protestantes estrangeiros e à influência da maçonaria;
  • Não estaríamos imunes a governos populistas ou de "esquerda". Getúlio Vargas poderia ser primeiro-ministro plenipotenciário, como um tal de Francisco Franco fez na Espanha;
  • O Brasil seria muito mais influente no âmbito externo, até mesmo com pretensões imperialistas. Nossos exemplos seriam França e Inglaterra, muito mais do que os EUA;
  • Brasil vs Argentina poderia ser um clássico - do rugbi;
  • São Paulo não teria todo o desenvolvimento econômico, mas seria de lá que viria o principal foco de oposição a um poder centralizador;
  • Nada impediria uma Proclamação da República no futuro. Esta, contudo, não teria forças suficientes para destruir os valores monárquicos, da forma como fez em 1889.
Finalmente: os imperadores seriam coroados em 12 de outubro, que formaria a trinca dos feriados nacionais - ao lado do 7 de setembro e do 25 de março (sem falar no Dia do Imperador, em que todo mundo acordaria o soberano cantando "parabéns pra você, nesta data querida"...).

P. S.: Ok, o parabéns para o soberano foi um exagero. O resto, contudo, seria bem possível.

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