Mostrando postagens com marcador Televisão. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Televisão. Mostrar todas as postagens

14.7.24

"Bluey" e a autoridade dos pais: mais respeito, elas são crianças!


Pais são criaturas adoráveis: sábias, compreensivas, capazes de tudo por seus filhos - mas tudo seria mais fácil se eles entendessem que já foram crianças um dia. Entender Bluey, desenho que bate recorde atrás de recorde em exibições no streaming da Disney (mesmo sendo uma produção australiana) passa por esse pressuposto.

Como não se encontram muitas informações sobre a origem do desenho em português além do seu sucesso, vale a pena contextualizar isso: Joe Broom, criador da série, voltara ao seu país depois de anos trabalhando no Reino Unido com o sonho de fazer uma "Peppa Pig australiana" - e conseguiu a inspiração para o projeto na própria casa, a começar do impacto que a mais velha teve quando mudou de cidade (e escola), sendo transferida para uma instituição com um formato de ensino mais abrangente.

Joe, pai de duas filhas, da terra do cachorro boiadeiro australiano, também chamado "blue heeler" ou "red heeler", ou "bingo", que quando criança tinha um "pet" chamado Bandit... 

... a inspiração para séries de TV na própria vida não é novidade, Mônica e sua turma são exemplos disso, mas é um fato: Bluey atingiu um sucesso estupendo e merecido, com crianças e adultos.

...

Bluey foi definido por seu autor como "uma Peppa Pig para maiores", o que torna-se mais evidente quando se percebe que Broom e sua equipe focalizaram seus esforços no público que começou na TV adorando as estripulias da porquinha britânica. Há, porém, um detalhe a mais: a série foi feita pensando num modelo de família mais participativo, moderno, colaborativo - e que entra, direta ou indiretamente, em choque com os papeis que pais e mães costumam exercer diante dos filhos.

É fácil considerar o seriado australiano como algo que subverta a autoridade paterna: no primeiro episódio se vê uma brincadeira que quase culmina no beijo entre dois "homens", brincando de cavalinho macho e fêmea. Em vários momentos as brincadeiras chegam a um limite que poderia ser considerado de muito mau gosto se não encararmos que são pais entrando no clima lúdico que cerca os jogos familiares - sem falar em tantas horas nos quais a autoridade dos pais parece ser constantemente testada, contestada e confrontada por crianças cada vez mais "mandonas".

Um desastre para a educação familiar, na opinião de muitos pais - e também uma injustiça, considerando-se a quantidade de momentos ternos e edificantes que a série possui.

...

"Mas porque seria injusto condenar um desenho que trata os pais como idiotas, e as crianças como heroínas? Porque tratar uma série infantil que deseduca nossos filhos como algo bom?"

Porque bem...  porque desenhos infantis são feitos para crianças, oras!

Lembre-se desta regra toda vez que for criticar algum desenho que passe na TV: desenhos infantis NÃO são feitos tendo em vista as atitudes que os pais achariam corretas para seus filhos. Eles não assistiriam algo que repetisse mantras como "coma seus legumes" ou "obedeça seus pais" diretamente - aliás, ninguém assistiria algo tão incisivo, não se assiste nada na mídia para ser doutrinado..

... e, quando se tenta fazer isso, o repúdio vem, como demonstrado pelo "quem lacra não lucra".

...

Crianças gostam de se ver como protagonistas do mundo em que vivem. Elas querem ser as mocinhas, dar lições de moral, fazer e acontecer; querem brilhar, ser reconhecidas, donas do mundo (ou do seu mundo) - e também querem ser amadas, instruídas, ter carinho, compreensão e colo.

Serem respeitadas - como crianças, para as quais desenhos como "Bluey" são feitos.

...

P. S.: uma das coisas que me incomoda muito em Bluey é que quase sempre o antagonista é Bandit, o pai, que chegou até a ser disciplinado pela filha num episódio; depois, contudo, relembrei o que ouvira de um presbítero e me aquietei - "o homem será responsável, mesmo que não seja responsável".

P. S. (II): no momento em que escrevia esse texto, em julho de 2024, Bluey era exibido na TV Cultura de São Paulo, como parte do acordo que eles tem com a BBC (garantia de boa série).

P. S. (III): mesmo com esse negócio de "mais respeito, elas são crianças" a Disney censurou trechos e episódios inteiros que passaram no original australiano - mostrando que não são todos os pais que levam com tranquilidade a ideia de "tá tudo bem, é só um desenho".

8.5.10

Ah, tá … eu acredito …

Veja declara que o preconceito contra gays está morrendo entre os adolescentes nas escolas conservadoras de São Paulo …

… ah, tá, então eu acredito que papai e mamãe conservadores vão falar para a revista que adoram pensar no que o namorado do filhinho deles está fazendo lá no quarto com o fedelho adolescente (hum …) …

… ainda mais depois de ver a revolta da Stock Car com o piloto homossexual em “Passione”, mesmo que esse piloto seja o Marcelo Anthony …

… e me perguntar até que ponto vai o divórcio da mídia com o seu público no Brasil.

P. S.: E o beijo gay na novela das 8, já saiu?

23.2.10

Falando de TV: a heterofobia no BBB10 e as Olimpíadas de Inverno (que alguém viu)

O Big Brother Brasil mexe com as atenções do público a cada ano que passa (bem, esse ano menos que os anteriores), mas as atitudes do troglodita Marcelo Dourado, que o tornam em perseguido pelo grupo e perseguidor do grupo gay do programa, também chamam a atenção para a heterofobia da qual ele se sente vítima no BBB10.

Sejamos diretos e francos: não existe heterofobia, não somos perseguidos pela condição de heterossexuais e tão cedo não sofreremos problemas sérios por gostar do sexo oposto ou criticar o “amor que não tem coragem de mostrar a cara”, ou a “falta de vergonha na cara”, ou “você entendeu muito bem o que eu disse”.

Diga-se de passagem, a verdade dos fatos mostra justamente o contrário: segundo relatório do Grupo Gay da Bahia, três homossexuais são assassinados por dia no Brasil por causa de sua condição – motivo, aliás, tão ou mais grave para nos preocuparmos que a “degradação dos valores familiares” que o ser humano provoca por ser, ele mesmo, fraco, vil e incapaz de dar um passo correto sem a presença efetiva de Deus no seu cotidiano.

Entretanto, também deveríamos ter a coragem de dizer o seguinte aos defensores da diversidade: olha, tá tudo muito bom, tudo muito bem, mas o mundo não é gay e tem muita gente de saco cheio de ser obrigado a engolir a seco um modelo de sociedade em que não existe uma noção de certo e errado, e em que se pode fazer tudo o que lhe dá na telha, “desde que respeite o outro”, é claro.

O cidadão comum, aquele que respeita a opção sexual de seu filho “esquisito” mas adoraria vê-lo saindo com uma menininha, tem de fato repudiado o BBB – e aliás, ele nem tem assistido TV ultimamente, como dizem as pesquisas de opinião. Ele pode até gostar da pessoa, mas lamenta que tenha esse gosto; pode até mesmo respeitar o homossexual, mas em geral repudia o que acha pecado, ou erro, ou qualquer outro tipo de exagero sexual na sociedade ou na televisão, seja ele hetero, seja ele homo.

Esse é o jogo do cidadão que vota em peso pelo telefone.

E vai levar Dourado adiante, quer a patrulha do bem deseje, ou não.

Falando de papos mais amenos: quer dizer então que as Olimpíadas de Inverno, que a Globo nem colocava na programação por medo de não dar IBOPE, estão dando à Record um retorno inesperado?

Isso significa … significa …

Significa que o problema da TV no Brasil só vai se resolver mesmo quando esses assuntos deixarem de ser apenas questão de cultura para passarem a ser de economia popular.

Ou de abuso do poder econômico, para ser mais exato.

13.8.09

Quem se alimenta da mídia golpista?

Quem anda pelos blogs de política tem visto - e xingado - a atuação do que a esquerda convencionou chamar de PIG, o Partido da Imprensa Golpista que tem supostamente como objetivo detonar o governo Lula através de mentiras e calúnias, e que, para muitos, representa o maior dos males que vem afligindo a atual gestão presidencial e seu projeto para o país; a partir daí todos os erros dessa imprensa tem sido levantados de forma cada vez mais severa na internet brasileira, de tal forma que todo blog de esquerda tem alguma coisa a contar sobre os erros da "mídia maldita".

Entretanto, tal análise não contempla o fundamental: para quem escreve essa mídia.

O que chamamos de "PIG" não é, a princípio, um grupo coeso de pessoas, já que cada colunista político desse país tem uma postura a respeito de problemas estruturais e cada meio de comunicação possui seu comprometimento com a sociedade - que não se espere das TV´s, por exemplo, que seja tão severa com o governo que a mídia escrita, já que esta depende de concessões e propaganda para sua sobrevivência mais do que aquela; no entanto, pode-se perceber claramente que os jornais e revistas escolhem muito bem para quem escrevem, e o que vão escrever para elas.

Isso porque no Brasil, acima de tudo, a imprensa segue à risca um dos princípios que Mino Carta cansou de dizer em entrevistas, a saber: "não há liberdade de imprensa no Brasil, mas sim liberdade de empresa". Esse blogueiro poderia dizer mais: não há uma vírgula do que se escreve na mídia brasileira que não passou por uma análise comercial profunda antes de ter sido publicado, seja em mídia impressa, falada, televisionada ou mesmo na internet - tudo é feito e pensado para atingir as pessoas em cheio, para que elas comprem idéias nas quais já acreditam, e continuem comprando essas idéias até que não haja mais papel ou tinta para escrevê-las (e sempre haverá).

É por isso que se percebem claramente grupos dentro da mídia em geral, desde os que defendem o liberalismo puro, e glorificam o modelo americano de economia (não a atual, de Obama, mas sim a dos republicanos de Reagan e Bush) até os que defendem as experiências mais macabras possíveis com o objetivo de "brincar com os componentes econômicos", esquecendo-se de que o mercado não é um kit de Química ou um bonsai que se comprou na esquina para embelezar a casa (e que um bonsai deve ser cuidado do jeito certo para não se fazer uma crueldade com a plantinha).

No campo dos costumes também a "imprensa golpista" reflete as divisões de quem a lê: há os que defendem a globalização irrestrita mesmo sabendo que esta fracassou na economia, os que defendem arduamente o politicamente correto nas relações humanas mas que se negam a adotar ações concretas para realizá-lo (ex.: cotas de qualquer espécie para qualquer coisa), e, mais recentemente, os que defendem medidas autoritárias para implantar a ordem nas relações humanas (não é só a lei antifumo, mas toda lei que "civilize" a sociedade bárbara em que vivemos).

Todos esses meio, no entanto, tem duas coisas em comum, entre tantas que as caracterizam: são contra mecanismos de distribuição de renda mínima, como Bolsa Família e etc., propondo a "educação" como solução para todos os problemas do país, desde a falta de desenvolvimento até a língua presa do presidente Lula; e, principalmente, defendem a honestidade e a honra como medida fundamental para a melhoria das instituições e do país - esquecendo-se, no entanto, de que honestidade deveria valer para todos os cidadãos, sem exceção alguma, seja ela política, social ou humana.

Essas são apenas algumas das questões que poderiam ser levantadas nesse email, mas o fato é que não se pode falar em mídia golpista sem falar nos golpistas que a alimentam; aliás, foi por não entender isso que muitos tombaram para que a democracia voltasse ... ou não foi?

9.8.09

Prosa

Jornal de domingo

Domingão para mim, além de ser uma tormenta habitual para acordar cedo, é dia de ler jornal, assim como a maioria dos brasileiros que mora nas grandes cidades e relembra a semana a partir do momento em que pega o calhamaço que se chama jornal de domingo para a leitura diária. Em outros dias, essa leitura se faz mais rápida, quase como uma reposição: no domingo, porém, tal fato se reveste de uma habitualidade tão grande que as vendas quase quadruplicam, sabe-se lá por quê (bem, houve um tempo em que se comprava o jornal e levava uns brindes p´ra casa, mas a prática foi abortada depois que passaram a cobrar por isso...).
 
O jornal de domingo, em Sampa, seja ele Folha ou Estadão, é sempre um calhamaço de dez a doze cadernos, com as matérias da semana, as notícias de diferentes níveis, não sei quantas partes de classificados (e, como sempre, com muito anúncio colorido e um "release" de conteúdos minúsculo, e que me perdoe o Aldo Rebelo por eu não ter achado melhor palavra em português para definir esse tipo de textos) e uma revista de variedades, além do jornal de TV que minha mãe insiste em chamar de folhinha e me obrigar a procurá-la para ler as colunas de novelas de sempre (era mais fácil eu separar a folha das novelas logo, assim pelo menos o resto eu lia, mas tudo bem, eu leio depois).
 
Lendo o jornal, paradas em determinados cadernos: os editoriais, e os comentários que vão de encontro ao que o depto. Comercial ... digo, o depto. Editorial dos periódicos pensa a respeito das notícias; as colunas de domingo, sempre diferentes; o caderno de esportes, o único que é atualizável no domingo (e o único que não parece notícia requentada); o caderno de economia, e os mesmos indicadores econômicos de sempre, etc. e tal. É engraçado dar uma parada, ainda, na revista dominical e nas colunas segmentadas, em que se não se sabe direito para que o "politicamente correto" serve; entretanto, é muito gostoso ver o tipo de conversa que pode surgir daí, e pensar se não há um desnível entre o que se pensa e o que se faz, de fato.
 
O tempo passa, já li o jornal todo e talvez uma releitura se faça necessária; entretanto, já é hora do almoço e minha mãe me chama. Antes, porém, tenho que reorganizar todo o jornal e pô-lo no canto, talvez tirar alguma coisa para ler mais tarde; entretanto, depois de lida toda aquela informação, me pergunto se esse ritual vale alguma coisa, se todos os fatos correspondem ao real ou são apenas a minha impressão dos fatos, enquanto discuto com meu pai os motivos da queda da bolsa e da subida nas pesquisas de certo político safado, e por aí vai ... até que o estômago e o cheiro do macarrão encerram as discussões, até o próximo domingo, quando tudo se repete de novo.
 
É, nada como o domingo de sempre.

 

Fábio Peres da Silva
23/10/00, 16:30

19.6.07

Siri estragado, limão azedo e vice-versa ...

Francamente: eu não sei porque tanta coisa, tanto clima fúnebre e tanta palavra dita sobre o final do namoro do Alemão e da Siri do BBB7, cantado e decantado em prosa e verso por muito tempo em blogs como o Decarapralua (http://decarapralua.zip.net) e o Tevescópio (http://www.tevescopio.com.br), ou maltratados Reality Center afora - já estava muito na cara que isso ia acontecer, afinal de contas o Diego era esperto o suficiente como jogador para criar uma imagem extremamente favorável de si mesmo, a tal ponto que vestia-se de Johnny Bravo sempre que ia ao paredão para criar uma empatia com o público, e a consequente vitória na competição.
 
Só que ele cometeu um erro - separar-se de forma tão violenta; ninguém que aspira ao estrelato na televisão pode ser trouxa o suficiente a ponto de terminar um relacionamento acusando alguém de traição, mesmo que seja verdade. Nesse ponto, Diego Gasquez imita outra pseudo-celebridade que jogou titica no ventilador, Grazielli Massafera, e que, da mesma forma, comprovou ser bem menor como ser humano que como celebridade de 15 minutos (e que estão durando muito, aliás, pois o Alemão praticamente não tem jogo nenhum para comandar um quadro no Fantástico, quanto mais um programa de TV).
 
Siri, por sua vez, não tem a assessoria de uma Grazi ou de uma Sabrina Sato para se dar bem no meio artístico - é pena, não pela capacidade de ser alguma coisa na telinha (que ela não possui) mas pelos sonhos desfeitos de uma garota que até silicone botou para realizar os poucos minutos de fama de um BBB.
 
Minutos que, agora, comprovamos que podem ser amargos, dependendo do que se quer nessa vida.
 
...
 
Com esse pequeno comentário retomo a publicação de textos meus no TrashEtc.; estava com saudade de escrever por aqui. Mas agora eu pergunto: e você, de que lado está? Do lado do Ale-canalha-esperto-milionário ou com a Sirizinha-minha-queridinha-cuti-cuti?
 
Opine, fale, grite - mas no espaço abaixo, por favor; ele é todo seu ...
 

24.4.07

Adolescência - uma pequena discussão ...

Eu me lembro muito bem ...
 
Nos meus tempos de adolescente eu era um garoto modelo para os pais, mas um porre para os da minha idade - e sofri muito com isso, principalmente dos 12 aos 14 anos, época em que não se sabia ainda o que era 'bullying' e na qual o 'house' ganhava espaço, nos bailinhos e discotecas cidade afora.
 
Lembro que o pessoal fazia horrores nas viagens do colégio, e eu ficava dentro do quarto assistindo TV e jogando videogame - mesmo na Igreja, onde supostamente se deveria ser mais sério, sempre havia o temido grupo da 'zoeira', que acordava todo mundo nos acampamentos e que invariavelmente se esborrachava no fundão do salão social no culto de encerramento dos trabalhos, num comportamento condenável naquela época mas que muitos de cabeça pequena achavam 'mó legal, meu'.
 
Mas o tempo, ah, o tempo, esse passa rápido ... e é muito vingativo, por sinal.
 
Hoje eu vejo os mesmos que 'zoavam' como loucos naquela época tentando ser modelos responsáveis para seus filhos e tendo espanto com o que eles fazem, preocupados com Orkut e outros recursos de informática que não conseguem controlar (e que, detalhe dos detalhes, começaram com o inocentíssimo Atari e o PC-XT da nossa adolescência), e ficando apatetados, sem saber o que fazer diante de tanta coisa que acontece ao mesmo tempo para nossos filhos, ou sobrinhos e etc.
 
É, Belchior estava certo, mesmo ... ainda somos os mesmos, e vivemos como nossos pais.
 

 
E você, de todas as idades, se lembra do que fazia nos seus tempos de adolescente? E seus filhos, o que fazem hoje? E você, que é 'teen', adolescente e etc., o que pensa de tudo isso? Comente, o Olho Clínico está aqui para isso ...

21.3.07

Porque não valorizamos os verdadeiros heróis (ou porque é mais fácil ligar para o paredão do BBB que ajudar o UNICEF)?

Corre internet afora um arquivo pps comparando os "heróis" do BBB aos valorosos heróis de entidades conhecidas como o Repórteres sem Fronteiras e outras ONG´s de destaque, dando o devido reconhecimento a essas pessoas e entidades que tanto ajudam a melhorar esse mundo.

Entretanto faço um apelo às pessoas que elaboram esse tipo de pps: deixem a santa ingenuidade de lado e entendam de uma vez por todas que é muito mais fácil ligar a TV para assistir a final de uma Copa do Mundo ou de um SuperBowl que pedir a uma pessoa para olhar as mazelas humanas e fazer alguma coisa, até porque poucos são capazes de encarar as tragédias com a devida seriedade.

Falando francamente: a grande maioria dos indivíduos que liga para o paredão do BBB já viu ou ouviu muita coisa ruim em sua vida, e quer um pouco de pão e circo antes de acordar no dia seguinte e seguir para sua labuta diária - e é para essa gente comum que são feitos os programas de TV, com toda a magia perversa da qual eles fazem parte.

Logo, quando tem gente que pergunta porque é mais fácil ligar para o BBB que para o Criança Esperança (mas que não liga para o 0800 em época de campanha), é fácil responder; simplesmente gastamos no que nos diverte e faz sonhar, só isso.

Afinal de contas ninguém dorme apenas pensando na miséria humana, a não ser que seja sádico ou aspirante à Madre Teresa de Calcutá ...

14.2.07

Polêmicas, polêmicas, polêmicas ...

... não custa nada recolocar um texto bem antigo que resume toda essa onda (com a diferença de que estamos cada vez mais agressivos, seja da turma de bem, seja da turma do bem):
 

 A roda dos crimes que abalam o país

Tudo começa numa nota de pé de página, num jornal de grande circulação, tipo "empresário é assassinado misteriosamente", ou "fulano se encontra desaparecido", ou "famoso encontrado morto na porta de sua casa"; nada de mais, apenas uma nota sobre uma suspeita de um crime ou um crime que, a princípio, pareceria corriqueiro.
 
Depois, as notícias que dão o choque: o empresário assassinado fora barbaramente torturado até a morte por traficantes de drogas adolescentes, ou o corpo de fulano é encontrado dilacerado por ordens do próprio filho, ou o famoso é morto por alguém que se desejava invejoso e firmara um pacto de morte com a própria mãe para executar o crime.
 
Mais notícias: o empresário era um senhor benevolente que dava emprego a cerca de 1000 funcionários e ajudava às famílias destes, o fulano era um pai exemplar que levava os filhos à praia toda semana e que se preocupava com os "maus elementos" amigos do mais velho, que planejou o crime, e o famoso era um ator promissor que recentemente se casara com uma apresentadora de TV e chamava a inveja do assassino.
 
Em três ou quatro dias, acontecem as mais diferentes respostas: editoriais dos jornais conservadores clamando por justiça e mudanças nas leis, editoriais dos jornais mais liberais lembrando que a coisa não é bem assim (e sendo atropelados pelo clamor popular), pais, filhos, netos, amigos e tudo o que mais clamando contra os absurdos dos "direitos humanos para bandidos" e querendo justiça; determinada apresentadora fazendo clamores pelo fim da baixaria e pela pancadaria, outro pedindo pau neles ... e por aí vai.
 
Em nove ou dez dias, tudo se acalmará de novo: notícias surgem a todo momento, e o povo precisa trabalhar, afinal de contas; os parentes das vítimas montarão associações pela justiça e pelo endurecimento da lei; políticos levarão projetos ao Congresso, e alguém se lembrará que o nosso país é signatário de tratados internacionais que prezam o respeito às liberdades individuais (lógico, porque para a ONU direitos são direitos, e não para poucos mas para todos); os projetos são arquivados ou entram em compasso eterno de espera; passeatas são montadas, e tudo fica por isso mesmo; se o assassino é morto na cadeia, ou se alguém comete uma loucura, as entidades de direitos humanos esperneiam, mas ninguém liga, porque "bandido bom é bandido morto", e tudo fica por isso mesmo.
 
Em quinze dias, ninguém mais se lembra dos nomes dos assassinos ou dos criminosos, a não ser em colunas que costumam tratar casos assim a fundo (e que quase ninguém lê).
 
Em trinta dias, tudo cai no esquecimento e a vida segue seu rumo.
 
Até que outra nota de pé de página comece tudo de novo ....

FPS, 20/11/03, 10:21
 
P. S.: Que quando a poeira baixar possamos discutir o assunto a sério.

17.5.06

Em tempos de PCC ...

Não custa nada reeditar esse texto antigo, mas alguém duvida de que vai ser assim mais uma vez?

 


 

A roda dos crimes que abalam o país

 

Tudo começa numa nota de pé de página, num jornal de grande circulação, tipo empresário é assassinado misteriosamente'', ou ''fulano se encontra desaparecido'', ou ''famoso encontrado morto na porta de sua casa''; nada de mais, apenas uma nota sobre uma suspeita de um crime ou um crime que, a princípio, pareceria corriqueiro.

 

Depois, as notícias que dão o choque: o empresário assassinado fora barbaramente torturado até a morte por traficantes de drogas adolescentes, ou o corpo de fulano é encontrado dilacerado por ordens do próprio filho, ou o famoso é morto por alguém que se desejava invejoso e firmara um pacto de morte com a própria mãe para executar o crime.

 

Mais notícias: o empresário era um senhor benevolente que dava emprego a cerca de 1000 funcionários e ajudava às famílias destes, o fulano era um pai exemplar que levava os filhos à praia toda semana e que se preocupava com os ''maus elementos'' amigos do mais velho, que planejou o crime, e o famoso era um ator promissor que recentemente se casara com uma apresentadora de TV e chamava a inveja do assassino.

 

Em três ou quatro dias, acontecem as mais diferentes respostas: editoriais dos jornais conservadores clamando por justiça e mudanças nas leis, editoriais dos jornais mais liberais lembrando que a coisa não é bem assim (e sendo atropelados pelo clamor popular), pais, filhos, netos, amigos e tudo o que mais clamando contra os absurdos dos ''direitos humanos para bandidos'' e querendo justiça; determinada apresentadora fazendo clamores pelo fim da baixaria e pela pancadaria, outro pedindo pau neles ... e por aí vai.

 

Em nove ou dez dias, tudo se acalmará de novo: notícias surgem a todo momento, e o povo precisa trabalhar, afinal de contas; os parentes das vítimas montarão associações pela justiça e pelo endurecimento da lei; políticos levarão projetos ao Congresso, e alguém se lembrará que o nosso país é signatário de tratados internacionais que prezam o respeito às liberdades individuais (lógico, porque para a ONU direitos são direitos, e não para poucos mas para todos); os projetos são arquivados ou entram em compasso eterno de espera; passeatas são montadas, e tudo fica por isso mesmo; se o assassino é morto na cadeia, ou se alguém comete uma loucura, as entidades de direitos humanos esperneiam, mas ninguém liga, porque ''bandido bom é bandido morto'', e tudo fica por isso mesmo.

 

Em quinze dias, ninguém mais se lembra dos nomes dos assassinos ou dos criminosos, a não ser em colunas que costumam tratar casos assim a fundo (e que quase ninguém lê, por sinal).

 

Em trinta dias, tudo cai no esquecimento e a vida segue seu rumo.

 

Até que outra nota de pé de página comece tudo de novo ....


FPS, 20/11/03, 10:21

11.5.06

O mistério de Suzane (CUIDADO!!!)

Não sei se o texto abaixo foi realmente escrito pelo Luís Nassif - tem toda a cara de sê-lo, já que é típico do colunista da Folha de São Paulo chamar a atenção para fatos que passam alheios à classe média (em geral conservadora) que lê os jornais todos os dias nas grandes cidades do Brasil - entretanto, não deixa de ser um enfoque muito diferente do caso Suzane o que você vai ler nas próximas linhas deste blog.
Entretanto, NÃO LEIA ESSE TEXTO SE VOCÊ NÃO QUISER PENSAR DE VERDADE NO ASSUNTO - se for desse jeito, por favor, feche este blog, desligue o micro e vá ver qualquer porcaria na ''TV''; você com certeza vai gastar seu tempo de forma mais eficiente que lendo o texto abaixo.

O mistério de Suzane


Por Luís Nassif 15/4/2006
Manfred Von Richthofen era homem de hábitos rígidos. Colegas seus, do Liceu Pasteur lembram-se dele no ginásio como um garoto reprimido, primeiro da classe, sempre de calças curtas e cabelo cortado "à reco" - numa época em que os adolescentes já estavam em rota de colisão com os pais por cabelos mais longos, calças desbotadas e músicas barulhentas. Era um "CDF", que não se enturmava. Manfred e a esposa foram assassinados pela filha Suzane e pelos irmãos Cravinhos, um dos quais namorado de sua filha.
De lá para cá houve um frenético esforço de toda a mídia para isolar o crime das relações que permeiam pais e filhos de classe média contemporânea. Foi apenas uma mente ambiciosa, que queria ficar com a herança dos pais. Ou, ainda, a jovem que se envolveu com namorados baratos e entorpecentes caros.
Afinal, qual o mistério de Suzane?
Em novembro de 2002, quando o crime ocorreu, o psiquiatra Sérgio Telles escreveu um artigo em que mencionava reportagem do "Estadão" de 9 de novembro daquele ano, tratando das repercussões do caso na Alemanha.
Richthofen se apresentava como sobrinho-neto do Barão Von Richthofen, conhecido como o "Barão Vermelho" -o notável aviador da Primeira Guerra Mundial. A revista Der Spiegel foi atrás da notícia. O porta-voz da família do Barão assegurou não haver nenhuma relação de parentesco e que eles sabiam que, há muitos anos, o engenheiro se fazia passar por descendente da família nobre.
"Como uma pai com esse nível de patologia se ligaria com sua descendência, seus próprios filhos, se estava negando sua ascendência, suas raízes, seus pais? Como essa enorme falha na historia familiar - uma "cripta", diriam Abraham e Torok - um segredo familiar de tal monta, repercutiria sobre todos eles?" indagava ele.
Não há vã psicologia que justifique crime dessa natureza. Mas há que se encontrar a explicação. E todas as explicações estão atrás dos muros da casa que Richthofen desenhou e mandou construir especialmente para isolar sua família do mundo, conforme reparou o policial Marcelo Milani, que acompanhou as investigações iniciais.
No ambiente fechado do lar, em que infernos Suzane se meteu, com quais terrores se deparou para ir buscar a saída no mais nefando dos atos humanos, o parricídio? Quais as pressões que Manfred, o que não se conformava em não ser nobre, submetia os filhos, a ponto de Suzane ver na sua morte a única saída?
Em crimes dessa natureza, toda a atenção se concentra nos filhos, os assassinos, lembra o psiquiatra Telles. Mas há dois assassinos, um em cada ponta. ''Laio e Jocasta, pais de Édipo, antes mesmo de ele nascer, ao saberem da profecia, deliberaram matá-lo. Poderia expressar o secreto vínculo que une pais filicidas e filhos parricidas, evidenciaria a corrente de violência que circula entre pais e filhos nessa situação''.
E não se venha com a tese das más companhias. Os irmãos Cravinhos, especialmente o namorado Daniel, era dominado afetivamente por Suzane, especialmente no plano sexual. Mantinha em sua residência roupas de cama e toalhas com a foto de Suzane. A imprensa não noticiou adequadamente a reconstituição do crime, conta o policial Milani. Mas quando voltaram à cena do crime, os irmãos Cravinho tiveram um ataque histérico. Daniel passou mal e teve que ser atendido, tamanha a culpa que neles se instalou.
Mas como assombrar o universo já assustado da classe média com essas constatações, que tiram o crime do universo externo da marginalidade, da droga, da própria loucura, e o joga dentro da própria sala de visita, do próprio quarto de dormir? E se ela foi submetida às mesmas pressões que esmagam tantos jovens de classe média, que podem estar esmagando neste momento nossos próprios filhos, confrontados diariamente com a obrigação do sucesso, da carreira?
Por isso mesmo, depois de assistir o ''Fantástico'', de ver Suzane de volta à prisão dormindo algemada a uma cadeira, a classe média conseguiu um momento de consolo.
Mas a próxima Suzane pode estar no quarto ao lado, onde dorme a filha obediente, que aparentemente acata todas as imposições paternas e maternas, de pais que só aceitam o sucesso, a vitória, a carreira, e não se dão conta que lá no fundinho de cada Suzane, há uma serpente terrível, que só consegue ser dominada à custa de carinho e compreensão.


P. S.: Não sou a favor de Suzane, mas acho que tem muito podre por trás dessa estória ...

3.4.06

Respondendo às dúvidas dos que vem até aqui em busca de ...

 

Volta e meia o WebStats4U dá um perfil de como as pessoas chegaram a este canto não tão arborizado nem tão frequentado da Internet - e, sempre que isso acontece, eu tenho vontade de esclarecer às dúvidas desses cidadãos para que eles voltem de novo (sem falar que é muito divertido escrever meio às escuras, como em outros textos que já escrevi neste meu jornal da vida).

 

Então, seguem as respostas do Olho Clínico às perguntas e respostas dos oráculos do Google:

 

O que é presidencialismo de coalizão

 

Presidencialismo de coalizão é o regime de governo onde o presidente é forçado a montar alianças e ceder a diversos partidos para aprovar projetos de seu interesse - se os partidos forem ideologicamente éticos até funciona, mas quando não existe uma noção partidária forte dá na verdadeira zorra total que estamos vendo na ''terra brasilis'' hoje.

 

E, aos esperançosos: FHC sofreu, Lula sofreu e, se eleito, Alckmin, o chuchuzinho, vai sofrer do mesmo jeito; pode apostar ...

 

A amante do Presidente JK

 

A melhor resposta para essa pergunta é: ''qual delas?'' - Juscelino Kubitschek teve vários casos em sua vida, dos quais o mais duradouro foi com uma socialite do Rio de Janeiro que veio a ser consultora da Rede Globo para a minissérie; e, não, ela não se chamava Marisa mas era muito parecida com a personagem de Letícia Sabatella relatada na TV.

 

Essa, aliás, foi a pergunta campeã de procuras do Google: procuraram por "JK o cigano", "marisa amante de JK", e até mesmo "a morte de amante marisa do presidente JK" - que, por sinal, continua vivíssima e era realmente muito bela (que minha mulher não saiba ...).

 

O caso israelense-palestino

 

O Hamas tomou posse, Sharon ganhou as eleições da cama do hospital e, de resto, só a constatação de que não se pode subestimar a força das questões do dia-a-dia, nem num país que está em guerra fria há mais de quarenta anos.

 

Senão, porque explicar que o partido dos aposentados é o quarto mais forte do Estado de Israel hoje? Pois é ...

 

Hospital que faz cirurgia no Olho em Salvador

 

Desculpe, não conheço nenhum - mas procure no Portal do Governo do Estado da Bahia: http://www.ba.gov.br/ (ou na secretaria de Saúde: http://www.saude.ba.gov.br/.

 

Quem vencerá o BBB6

 

Na verdade, já venceu - foi a Mara, a baiana pobrezinha que hoje é chique no úrtimo.

 

E, para um BBB medíocre, nada melhor do que um final medíocre e uma vencedora também medíocre - aliás, você assistiu o BBB?

 

Com que olhos eu vejo o mundo

 

Com os olhos de quem tenta pensar o mundo de uma maneira diferente da usual.

 

Olho que tudo vê

 

Meu Deus, não é por aí não - o Olho Clínico não vê nada, apenas escreve o que pensa e sente da própria vida; quem sou eu diante da grandeza dos olhos do Senhor, que tudo vê e que tudo pressente.

 


Bem, essas foram algumas das sequências do Google que levaram pessoas ao nosso Olho Clínico. Mas uma coisa me deixa encafifado - porque ainda tem gente que vem aqui procurando por gostosas de shortinho curto sendo que quase tudo aqui é texto ??? 

 

E, se você veio procurando por elas: não, infelizmente não temos garotas por aqui - mas aproveite e leia um pouco, passe o tempo, tome um cafezinho ... rs ...

6.2.06

Eu não TINHA nada para escrever aqui ...

Do Jornal do Brasil, uma nota que merece ser postada na íntegra e comentada de imediato:
 

Será que vale?

Há parlamentares defendendo que o presidente Aldo Rebelo convoque uma cadeia nacional de rádio e TV para fazer a defesa explícita da Câmara e explicar para a população como funciona a Casa.

Duro vai ser fazer o povo entender por que ela só funciona de terça a quinta.

(Informe JB, 06/02/2006)


Se Aldo Rebelo, o comunista que se tornou presidente da Câmara ''graças a Deus, com as orações dos ateus'', tiver a coragem de fazer isso, ele terá o meu voto porque ninguém até hoje deu a cara pra responder a essas questões ao povo em geral.
 
E, em tempo: o Congresso não funciona só de terça a quinta-feira - segunda e sexta-feira não há votações em plenário, e esses dias são usados pelos deputados para ir às bases que os elegem; mas se alguém quiser dizer como funciona a Câmara, vai ter que fazer uma verdadeira minissérie para não justificar nada pra ninguém ...
 

Tempo de folhas em branco

Confesso que está difícil escrever alguma coisa que valha a pena nos tempos atuais neste canto esquecido da Internet. Senão, vejamos: o Big Brother não está me motivando - também, pudera, não sei se devemos descer o sarrafo na Globo ou no público que gosta da novelinha BBB e que levou a quinta edição do programa aos recordes de audiência e à morte do esquema ''ofensivo'' para vencer e convencer neste programa.
 
''Alma Gêmea''? Também não me encanta, visto que, apesar de ser o sucesso global do momento, sua temática espírita me afasta da TV por mais da metade do tempo da novela - mesmo que eu esteja gravando os capítulos para minha esposa e que ela esteja amando ver a Cristina chafurdar na lama (aliás, eu também confesso que dessa parte estou gostando bastante).
 
A política está na mesma, com Lula retornando à posição pré-mensalão e comprovando que as CPI´s geraram muito vento e pouca tempestade, e que no final das contas o binômio ''comida na mesa e dinheiro no bolso'' é que vai decidir de fato quem fica ou quem sai nas eleições de outubro - se bem que esse binômio pode ser substituído pela repulsa da classe média ao presidente operário (como se na diplomacia se trocassem curriculum vitae dos presidentes antes de qualquer coisa).
 
JK ... não, tem muita gente já discutindo isso ...
 
Então, façamos o seguinte - eu pergunto a vocês o que devo escrever e vocês me respondem; e, para não dizer que não coloco nada de diferente por aqui, vai um velho texto para ver se eu consigo retirar essa sensação de folhas em branco do meu pensamento ...
 

20.1.06

Mudanças na dinâmica do jogo: a saída de Boninho para salvar o BBB6?

O Big Brother Brasil 6 está cada vez mais caindo na mesmice - um ''jogo de cumpadres'', onde o clima de colônia de férias vai aos poucos derrubando o IBOPE de um programa que sempre deu boa audiência, apesar das críticas da imprensa e do desdém dos pseudo-doutrinadores da nossa TV brasileira (''Quem financia a baixaria é contra a cidadania'' e outros).
Ironia das ironias, esse ''jogo sem jogar'' é em boa parte culpa da Globo, principalmente depois da humilhação exercida contra parte dos integrantes do BBB5 - e que foi injustificada por parte de uma emissora de TV que resolveu novelizar demais um programa que é, por si só, uma guerra psicológica; sem falar que, apesar de muitos de nós não acharem justa a estratégia da ''Tropa de Choque'' neste programa, é um fato que o Big Brother é um jogo, e que alianças são muitas vezes necessárias para se criar o espaço necessário para a vitória (é em todos os países, menos na terra brasilis, onde o que valia até agora era tornar cada panelinha um covil de vilões e retirá-los, um a um, do jogo em curso).
Entretanto, me parece que Boninho, o BigBoss e mentor do jogo como conhecemos, está partindo para uma estratégia quepode render bons frutos e evitar que o programa caia na mesmice - estamos falando nas mudanças a respeito dos elementos chave do programa, o líder e o anjo, que vem sendo consolidados desde a edição de número 4 do programa.
Para se entender melhor, até agora existiam três estratégias de combate em um BBB - ser o líder, o que garante ao mesmo tempo imunidade e indicação (chamaremos esta de estratégia ofensiva); ser o anjo, que possibilita salvar alguém do jogo (essa estratégia é, por definição, defensiva); e aliar-se a alguém para retirar outros do jogo (um tipo de estratégia cooperativa, que é ofensiva também e que se mostrou até agora a estratégia burra, porque possibilita à edição vilanizar a ''panelinha'' e criar os vilões necessários para que o jogo se torne uma novela moralista disfarçada de reality show).
Só que agora a coisa é um pouco diferente: Boninho está mexendo justamente nessa estrutura, ao colocar imunidades extras na semana passada e dividir a responsabilidade do anjo nesta semana entre dois participantes do jogo - e isso embanana as estratégias, tornando o jogo mais semelhante a um xadrez onde o tabuleiro se move e dá a este ou a aquele participante mais ou menos poderes do que ele pensava ter lá dentro (essa estratégia, aliás, parece ter sido pensada antecipadamente pela Globo para o BBB6, na medida em que já houve uma mudança com a imunidade garantida ao Iran na primeira rodada do jogo).
Funcionará? Acredito que sim - mas que precisava de gente boa para aproveitar essas mudanças, precisava; o grupo que está lá é muito fraco, não quer comprometimento e pode tornar esse BBB o mesmo problemão da Casa dos Artistas 2, onde as caras e bocas dos participantes afundaram a idéia antes mesmo que ela pudesse se tornar competitiva como o Big Brother Brasil.
Sem falar, é claro, que muita gente fala em bondade e adora os heróis mas, no fundo, no fundo, o que o povo gosta mesmo de ver é SANGUE ... dos vilões, de preferência, mas sangue ...

16.1.06

Big Brother Brasil 6: Eu te disse, eu te disse ...

André Nascimento, da RealityCenter (www.realitycenter.eti.br), tem tocado nessa tecla várias vezes nos últimos anos - e dessa vez eu referendo o que ele já disse em seu site: ao punir de forma exemplar os jogadores do BBB5, com a humilhante encenação dos ''Inacreditáveis vs Defensores'', indiretamente a Globo conseguiu matar a galinha dos ovos de ouro chamada Big Brother Brasil, ao transformar a sua sexta edição numa colônia de férias que no máximo rende alguns bocejos, e nenhuma trama até agora (ou seja, com quedas de audiência que só não são sentidas porque ''JK'' faz bem o seu papel).
 
Ainda há chances da Globo conseguir reverter essa situação? Sim, é difícil mas é possível: basta fazer algumas coisas que já estão indiretamente em curso no programa, como, por exemplo:
  • modificar ligeiramente a dinâmica do jogo, desvalorizando as estalecas ou inserindo imunidades estratégicas nas provas do programa (ou mesmo anjos, que podem ser usados politicamente em troca de alianças informais).
  • na edição, explorar as "subtramas", como a do Gustavo desconfiando da Thaís, ou dos namoros que já estão em curso.
  • utilizar-se das edições de terça e quinta para explorar um pouco mais as questões de convivência, até mesmo o fato de que as pessoas não estão querendo jogar nessa edição (e a Globo PODE fazer isso, como é que eu não sei).
A "poderosa" deve torcer agora, principalmente, por uma desistência do programa: nesse caso, eles poderão colocar alguém lá dentro com o objetivo descarado de implodir o programa por dentro (ou seja, forçar atritos) - mas para isso teriam que ser muito, mas muito caras de pau mesmo.
 
O que eles não podem é deixar que a coisa siga seu rumo desse jeito, até porque, a continuar nesse ritmo, Agustinho vencerá o BBB6 sem precisar fazer esforço por ser o único estereotipado 100% desta edição do programa em que vimos até Pedro Bial perder a calma; e nós, pobres amantes de reality shows, perderemos mais uma batalha contra os ''defensores da cidadania'' e, por consequência, de uma TV chata que não se sustenta se não for por recursos do BNDES e coisa e tal.
 
...
 
Sugestão: porque não colocam logo o Coronel Licurgo de ''JK'' no BBB? Ele seria eliminado de cara, mas ao menos alguém faria alguma coisa de importante pelo milhão lá dentro - e, encenação por encenação, eu prefiro a do Luis Mello, que tem sido um dos melhores motivos para ficar até tarde acordado vendo uma minissérie no Canal 5 de São Paulo ...
 

4.1.06

E vem aí o Big Brother Brasil de sempre ...

Como sempre ocorre em janeiro, posteriormente ao especial de Roberto Carlos e junto com as minisséries globais e as férias da criançada, o Big Brother Brasil reaparece para tirar o sono dos defensores da ''TV de qualidade'' e consolidar a Globo como a grande produtora novelística do país - já que, nesse momento, vamos ter seis novelas em produção simultânea na maior emissora do país, confirmando a nossa vocação para espias do drama alheio e da história romanceada de cada dia.
 
Ou alguém duvida que ''JK'' é uma mininovela, com seus 49 capítulos, e que o BBB a partir da terceira semana deixa de ser simplesmente um jogo para se tornar uma espécie de estorinha interativa, seguindo uma tendência cada vez mais sádica por parte do público até o último capítulo da saga da vez, onde o personagem do ano receberá o milhão de dólares e mais uma vez o ''bem'' vencerá o ''mal''?
 
Não me digam que não é assim, porque está muito perto disso; e funciona, pois o nosso Big Brother é considerado o melhor do mundo pela Endemol e é o único que tem tratamento de gala por parte de uma emissora de elite. Se gostamos ou não, é outra história, mas o fato é que o BBB funcionou justamente porque a Globo resolveu impor seu ''padrão de qualidade'', e isso não se discute - portanto, vamos ao jogo, que ele é de campeonato e vale 1 milhão de reais ao personagem do ano do BBB.
 
...
 
Para pensar, refletir e responder: você toparia perder seis meses de sua vida só pelo gosto de ''estar dentro da telinha''?

3.1.06

JK e o Brasil que quer ser Brasil

Anotem nas suas programações, se vocês apreciam estudar um pouco de História do Brasil ou simplesmente gostam de TV: hoje, depois da novela, e nos próximos 40 dias, intercalado entre  as disputas do Big Brother Brasil e a edição bem noturna do Jornal da Globo, a Globo vai esmiuçar a vida de Juscelino Kubitschek, o Presidente do Brasil que todo político gostaria de ser comparado quando chega lá.
 
É esse o tema de ''JK'', bem oportuno em ano de eleições e comparações entre a política do passado e a de hoje; e a primeira impressão é a de uma série que será de romances e saudosismos até dizer chega, o que não seria estranho para um país que está cada vez mais enojado da política, e que irá para uma eleição dividido entre a mediocridade e a decepção. Nesse contexto, voltar ao passado é sempre bom, ainda mais quando falamos de uma época em que o Brasil descobria o mundo, a alta sociedade era tradicionalista ao extremo, e os políticos eram ''homens de bem'', não a corja que vemos nos dias de hoje.
 
Ao menos na nossa opinião, era assim que funcionava o Brasil nos anos dourados - mas será que era assim mesmo? Ou será que é o tempo que nos faz achar que bom mesmo era o passado glorioso dos 60, da bossa nova, Jango e Getúlio?
 
Para começo de conversa, Juscelino encarou como presidente duas tentativas de golpe militar, uma pouco antes da posse e outra durante seu governo; sem falar que oponentes como Carlos Lacerda fariam o Arthur Virgílio parecer um pastor anglicano e a Heloísa Helena uma carmelita descalça (foi ele quem disse a famosa frase ''não se elege; se se eleger, não toma posse; se tomar posse, não governa'') - e ele cumpriu o prometido, tornando-se a pedra no sapato do presidente até o fim de seu governo.
 
JK só conseguiu manter-se no poder graças à sua extraordinária capacidade de contentar a gregos e troianos, personificada na aliança entre os dois partidos getulistas que já existia em Minas Gerais, o PSD dos grotões e o PTB dos sindicatos (mais ou menos como o PMDB e o PT seriam hoje) e foi assim que ele conseguiu a maioria necessária para botar os ''50 anos em 5'' em ação, construindo Brasília e elaborando o Plano de Metas que se tornou a base de tudo o que chamamos de ''desenvolvimentismo''.
 
Deu certo?
 
Em termos - análises mostram que JK poderia ter sido mais ortodoxo, investindo mais em educação e saúde que em estradas e obras, num erro que custou caro para os que estão no presente; sem falar que a inflação aumentou bastante e a dívida externa iniciou sua expansão que pagamos até hoje (uma análise mais profunda desses erros está em http://www.capitolio.org/194/, com a devida ressalva de ser um site de simpatizantes de direita, o que significa que não é bem um modelo de imparcialidade). Mas o fato é o seguinte: Juscelino Kubitschek foi um dos raros presidentes a fazer o país andar para a frente, com seus erros e acertos que outros pagaram, é verdade, mas foi ele o último presidente democrático a fazer isso - e é por isso que tantos sentem saudades dele até hoje, e tantos querem ser como ele quando crescerem na política.
 
Já disse certa vez nesse blog que ninguém sente falta de presidentes certinhos que fazem direitinho o dever de casa, como Campos Salles na República Velha, porque, apesar deles serem úteis às finanças da Nação, ninguém vê o que eles fazem nem sente os resultados dessas políticas de imediato, o que gera a princípio frustração, e enorme dificuldade para aceitar o jeito ''devagar e sempre'' de se fazer as coisas; coincidência ou não, passamos por dois presidentes (FHC, o pensador de araque e Lula, a esfinge decepcionante) que foram certinhos demais e estão pagando o preço dessa política certinha.
 
JK foi ousado, pagou o preço, lutou, amou (até demais), sonhou - e, por isso, se consagrou.
 
...
 
Para refletir, pensar e, quem sabe, responder:
 
E em 2052, FHC terá o mesmo privilégio que JK? E Lula, em 2056, será tema ao menos de um comercial de 5 minutos?
 
 

28.12.05

Retornando do recesso: o analfabeto funcional e agradecimentos

No site ''Breves Notas'' (http://www.saboya.org), Lefebvre de Saboya resolveu colocar um link para o texto do brasileiro comum publicado neste blog, dizendo o seguinte:
 
''É por essas e outras que eu afirmo: o Brasil não tem solução.

O cidadão comum está sempre preocupado em resolver os problemas do dia seguinte. E dai? Agora, achar que isso é desculpa para ser um analfabeto funcional já é demais.

Viver no Brasil tem dessas coisas.''

E, de certa maneira, ele tem razão nesse argumento: o analfabeto funcional é acima de tudo um dependente das opiniões de terceiros, como inclusive retruquei no endereço http://www.saboya.org/231/#comments:
''Desculpa para ser um analfabeto funcional, com certeza não existe - e é por essas e outras que o Brasil vive nessa mediocridade de “meios termos” na política, economia, cultura e outras áreas do conhecimento humano.''
Entretanto o mundo gira e a lusitana continua rodando, ou seja: apesar de nós, os ''informados'' de plantão, os analfabetos funcionais continuam reproduzindo-se como feijões plantados em terra boa - e como tal situação pode ocorrer, mesmo em tempos de Internet disponível para muitos e opiniões rodando à solta, em blogs, TVs e o escambau?
 
Tentei dar uma resposta ao Saboya, no mesmo comentário:
''Para a grande maioria dos que querem tomar uma posição, é assim que pensa o brasileiro médio - e, como no capitalismo você faz o que o seu cliente deseja, continuamos vivendo sob a ditadura de Homer Simpson e Lineu, que são, mais do que estereótipos, retratos de uma sociedade analfabeta de opiniões, o que é triste, mas é, acima de tudo, a realidade do cotidiano.''

E infelizmente, é esse o nosso paradoxo: numa época em que temos cada vez mais acesso às informações, cada vez mais estamos selecionando-as de acordo com nossos próprios preconceitos e nossas formas peculiares de ver o mundo, ensinadas pela família, sociedade, amigos e conhecidos - e, por consequência, cada vez menos procuramos opiniões diferentes para construir nossa própria visão de sociedade, gerando analfabetos funcionais que não tomam posição sobre nada que não seja vinculado ao seu cotidiano.

E esse ''paradoxo de Homer Simpson'' é outra daquelas coisas que não gostamos, mas que existem: muita informação, mas pouca gente disposta a absorvê-la - faz parte, meu caro Saboya, faz parte ...

...

Para não dizer que sou masoquista por citar em meu blog alguém que me criticou: Lindemberg e Manoel, obrigado pelos comentários e pela preferência em geral.

E, para a meia dúzia que acessa esse blog mas não deixa recado: comente que eu respondo, após o sinal (piiiiiiiiiiii....).

5.12.05

Kamen Rider já tem dono para a América Latina

 
Os saudosistas de plantão começaram a se perguntar se realmente procedia a informação da JPop que as séries Kamen Rider tinham grandes chances de vir para o Brasil; sabe como é, não somos mais crianças há um bom tempo e o complexo de ''seria bom para ser verdade'' é comum depois dos vinte e tantos - sem falar que os Power Rangers fecharam quase que em definitivo a porta para a volta dos supersentai ao Brasil.
 
Mas não é que o primeiro passo já foi dado? Pelo menos é o que se vê no site da Cloverway (http://www.cloverway.com), que foi a responsável pelo licenciamento de várias séries de anime - como Cavaleiros do Zodíaco, Dragon Ball Z, Sailormoon, Digimon e YuYu Hakusho; e que também tem os direitos de Love Hina, Full Metal Panic e outros.
 
Pois bem: a Cloverway realmente licenciou os direitos de todas as séries Kamen Rider desde 2000 (Kuuga, Agito, Ryuki-Dragon, 555 e Blade), conforme se vê nos sites abaixo (em inglês):
Infelizmente, ainda não podemos comemorar de todo - é importante lembrar que já tentaram vender Kuuga aqui sem muito sucesso em TV aberta, e que é preciso que alguém banque o investimento pesado em trazer uma série do Japão hoje; sem falar, é claro, na maldita portaria da censura e seus efeitos na programação infantil como um todo.
 
No entanto, é preciso lembrar uma coisa: esse é o primeiro passo para que alguém, um dia, venha a exibir os Riders na TV a cabo e, quem sabe, na TV aberta - e, quem sabe um dia, eu farei questão de comprar o boneco do Kuuga ou do Faizu para meus sobrinhos de 7 anos; é, sonhar não custa muito mesmo ... rs...
 

P. S.: O link para a matéria da JBox: http://www.portalsonic.com/jbox/megapreview.htm (cortesia do Lagarto, TCafé).