O Big Brother Brasil mexe com as atenções do público a cada ano que passa (bem, esse ano menos que os anteriores), mas as atitudes do troglodita Marcelo Dourado, que o tornam em perseguido pelo grupo e perseguidor do grupo gay do programa, também chamam a atenção para a heterofobia da qual ele se sente vítima no BBB10.
Sejamos diretos e francos: não existe heterofobia, não somos perseguidos pela condição de heterossexuais e tão cedo não sofreremos problemas sérios por gostar do sexo oposto ou criticar o “amor que não tem coragem de mostrar a cara”, ou a “falta de vergonha na cara”, ou “você entendeu muito bem o que eu disse”.
Diga-se de passagem, a verdade dos fatos mostra justamente o contrário: segundo relatório do Grupo Gay da Bahia, três homossexuais são assassinados por dia no Brasil por causa de sua condição – motivo, aliás, tão ou mais grave para nos preocuparmos que a “degradação dos valores familiares” que o ser humano provoca por ser, ele mesmo, fraco, vil e incapaz de dar um passo correto sem a presença efetiva de Deus no seu cotidiano.
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Entretanto, também deveríamos ter a coragem de dizer o seguinte aos defensores da diversidade: olha, tá tudo muito bom, tudo muito bem, mas o mundo não é gay e tem muita gente de saco cheio de ser obrigado a engolir a seco um modelo de sociedade em que não existe uma noção de certo e errado, e em que se pode fazer tudo o que lhe dá na telha, “desde que respeite o outro”, é claro.
O cidadão comum, aquele que respeita a opção sexual de seu filho “esquisito” mas adoraria vê-lo saindo com uma menininha, tem de fato repudiado o BBB – e aliás, ele nem tem assistido TV ultimamente, como dizem as pesquisas de opinião. Ele pode até gostar da pessoa, mas lamenta que tenha esse gosto; pode até mesmo respeitar o homossexual, mas em geral repudia o que acha pecado, ou erro, ou qualquer outro tipo de exagero sexual na sociedade ou na televisão, seja ele hetero, seja ele homo.
Esse é o jogo do cidadão que vota em peso pelo telefone.
E vai levar Dourado adiante, quer a patrulha do bem deseje, ou não.
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Falando de papos mais amenos: quer dizer então que as Olimpíadas de Inverno, que a Globo nem colocava na programação por medo de não dar IBOPE, estão dando à Record um retorno inesperado?
Isso significa … significa …
Significa que o problema da TV no Brasil só vai se resolver mesmo quando esses assuntos deixarem de ser apenas questão de cultura para passarem a ser de economia popular.
Ou de abuso do poder econômico, para ser mais exato.
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