24.3.19

Reforma da Previdência: os arautos da moralidade e a hipocrisia descarada

Quer dizer que para nossa mídia corrompida Bolsonaro precisa urgentemente "fazer política" para aprovar a Reforma da Previdência, aquela que todos dizem ser necessária - desde que não atinja o meu quinhão - e que, em qualquer cenário, seria considerada indigesta?

Se o certo era comprar votos e liberar emendas, porque condenaram Lula, Dilma, Temer e os demais?

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Maia quer mais articulação, mais política? O mito responde: "o que é articulação? Não podemos mais fazer política como antigamente, como os ex-presidentes faziam." 

Traduzindo: "é isso que vocês querem, vender votos e emendas como a política que levou Lula e Temer para a cadeia? Roubar o país, é isso que vocês querem?".

Verdade, mesmo, isso não é: negociar benefícios para redutos eleitorais é o que garante reeleições de deputados desde a Primeira República e seu sistema de coronéis. A mídia, contudo, sempre transformou essas práticas, legais mas amorais, no maior problema que o país enfrenta para ser um país bem administrado - a "compra de votos" dos "ladrões" do Congresso Nacional.

Distorceram tanto o que é a política - criando, inclusive, um conceito difuso para separar a política miúda (com "p" minúsculo) da suposta Política (com P maiúsculo) feita nas maiores democracias do mundo. Ora, se até em um exemplo de democracia, como a Alemanha, adversários negociam para colocar suas propostas em troca de apoio, porque um país como o Brasil,  no qual se depende da União para tudo, não se pode fazer algum tipo de negociação pelas Reformas?

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Se admitíssemos que a política é feita de negociação contínua, em nome de interesses, seria mais fácil aprovar a Reforma da Previdência pelas vias normais, com partidos políticos representando a sociedade. Infelizmente, contudo, a imprensa (e a maioria de nossas elites) parece sonhar com um eu "fascismo do bem, que conduzisse o Brasil a um progressismo escandinavo - ou um país dominado por tecnocratas, como a União Europeia e outros organismos internacionais.

Essa política costuma sempre dar errado, principalmente porque se baseia em uma visão de especialistas, cujas "boas práticas" quase nunca são aplicáveis totalmente às empresas e aos organismos públicos. É a ideia de "conselhos representativos da sociedade civil", eleitos em processos esvaziados (como o que elegeu tais Conselhos em São Paulo), compostos de gente com solução para tudo - menos para os problemas do dia-a-dia do cidadão.

O resultado? Um Estado fazendo tudo de errado - exceto para a imprensa, que endeusa administrações horríveis e ataca quem faz o que o povo quer.

Como Bolsonaro. 

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O "mito" não está sendo idiota. Está fazendo o que ninguém no Brasil fez: apresentando um projeto de Reforma ao Congresso e esperando que este seja discutido, sem dar nada em troca. É loucura, mas pode dar certo - pois o mercado, e os responsáveis deste país, querem a Nova Previdência.

Como disse Ricardo Capelli ao Congresso em Foco, o custo de deixar tudo como está é enorme:

Que tal o desemprego subindo, a miséria aumentando e a culpa do caos ser dos políticos que só pensam nos seus próprios interesses e de ministros do STF que “vivem de soltar corruptos”?
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Se Bolsonaro aprovar 50% da Reforma, sem conceder nada ao Congresso, terá feito o que nenhum governante fez, desde o início da Nova República : dobrar os políticos. 

Se não conseguir nada... quem disse que o presidente quer mesmo aprovar essa reforma? Não foi para isso que ele foi eleito; não para "ferrar" o povo.

Jogo de ganha-ganha. Xeque-mate, do "mito" e dos seus conselheiros. 

A ver.

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