21.7.16

"Escola sem Partido": algumas observações sobre o assunto

É lícito ou não falar de Marx nas escolas, sem citar Mises? Falar de evolução sem citar o "design inteligente" e explicar sobre o criacionismo - se bem que isso o professor de Biologia já faz naturalmente? É correto dizer que as FARC lutam pelo povo, e que o capitalismo é mal? Se eu sou gay, isso é absolutamente natural e ninguém, nem Deus, tem nada a ver com isso?

Numa comparação bem rasteira, é isso que andamos discutindo hoje em dia, com o "Escola sem Partido": se nossos filhos podem ou não ter acesso a outras opiniões além do que a família ensina. Alguns fatos, porém, valeriam uma análise mais profunda:
  1. O fato de estarmos discutindo a educação de nossos filhos é prova de evolução da sociedade: quer gostemos ou não de movimentos como o "Escola sem Partido", não podemos negar que enfim estamos vendo os pais saírem da posição passiva em que estavam quando se falava que a educação dos seus filhos era péssima. Infelizmente, não é pelos melhores motivos, e isso se explica pelo motivo seguinte;
  2. Os pais não querem uma educação que faça pensar, querem da escola um prolongamento de suas casas: "eu não quero que meu filho ouça essa @!@!@#$!@#$ de comportamento comunista", isso é o que mais se ouve dos pais que apoiam a "direita educadora". Se ideologia de gênero ou evolucionismo são defendidos por liberais capitalistas, não importa - o que eu quero é "ver esse lixo petista fora daqui", o que generaliza a discussão a níveis absurdos, pois se faz necessário estudar movimentos como o comunismo ao menos - e principalmente - para não repetir seus muitos erros.
  3. O que nos leva a terceira conclusão, já citada por alguns filósofos: a "esquerda" está lidando de forma errada com tudo isso. Você pode gritar, brigar, até não falar nada, rebatendo com argumentos, mas jamais - repito, JAMAIS - se deve ridicularizar o oponente, falando "vai ter doutrinação, sim" e ouvindo o indivíduo com aquela cara de "ahã, certo", como se ele estivesse defecando pela boca. Este que vos escreve conhece gente de esquerda que adora fazer esse tipo de raciocínio, como se o que seu oponente falasse não tivesse valor algum - e como se não se fosse necessário combater ideias com ideias, e responder aos questionamentos de pessoas que estão com (justo) receio de que seus filhos se tornem massa de manobra no futuro.
Ideias se combatem com ideias, não com ridicularizações. Gente de esquerda está "ganhando" batalhas em redes sociais, e perdendo guerras importantes junto à média da população - que precisa ser esclarecida, acima de tudo, não conscientizada ou "evangelizada" para as ideias progressistas (e como se o "tapetão do bem" da mídia ou do STF servisse para mudar a opinião da massa).

Essa é a batalha que importa: a do confronto de ideias, do esclarecimento, do "partir para a briga". Enquanto a esquerda achar que isso é inútil, ficará para trás - e verá o retrocesso se instalar no debate.