3.10.05

De volta ao referendo: o jogo começou.

Enfim, começou a discussão efetiva sobre o referendo do desarmamento; antes, porém, devo dizer que adoro horário político justamente porque é nessa hora que realmente as discussões político-filosóficas sobre assuntos relevantes aparecem de verdade; pode ter Internet ou jornal, mas o povo sabe mesmo das coisas é pela TV que nos vicia.
 
E começou bem, aliás: hino da Independência no horário do NÃO, artistas globais às pencas defendendo o SIM (detalhe: é impressão minha ou a Globo está desenvolvendo esses comerciais? é tudo tão Globotec que espanta !!!) e os festivais de verdades e mentiras, devidamente distorcidas de ambos os lados - como a informação de que existem 17 milhões de armas de fogo no país, que omite que só 2,5 milhões são legalizadas de verdade.
 
Os pró-queima das armas, confesso, levam muita vantagem nessa guerra: os comerciais são bem feitos, e Fernanda Montenegro empresta seriedade a qualquer coisa que fala - mas eu não me esqueço da última vez em que o Brasil votou para decidir alguma coisa, o célebre plebiscito presidencialismo vs parlamentarismo vs monarquia de 93. Para se relembrar a história, presidencialismo e parlamentarismo empatavam na preferência do público pouco antes de começar o horário político, e o programa parlamentarista dava de dez no presidencialista, sem falar na simpatia do 'vote no Rei' dos monarquistas (sem falar que o PDT resolveu fazer o seu programa e conseguia comer 30 segundos de horário político para defender o seu peixe, o que facilitava as coisas para os defensores do regime compartilhado entre presidente e premier no Brasil).
 
Até que os presidencialistas colocaram as cartas na mesa: 'tudo bem, mas você não vai poder eleger o Presidente no parlamentarismo, quem manda é o primeiro-ministro e os políticos é que vão elegê-lo' - e foi o suficiente: de nada adiantou a frente parlamentarista dizer que haveria eleições diretas para presidente sim e falar trocentas vezes que o parlamentarismo era melhor - o povo escolheu o presidencialismo por diferença monstruosa, algo como 55% a 17% (uau!).
 
Voltando a 2005: o Brasil já escolheu um gay totalmente do bem para vencer o Big Brother, mas uma coisa é dar uma vitória a um personagem montado para a novela global de cada dia e outra é decidir sob o impacto do medo - ainda que a pressão da turma do bem seja mais popular, não há maior lobby que ver e ouvir estórias diárias sobre violência e que causam na população uma sensação de medo e de vontade de vingança; não há maior lobby para o voto NÃO que o medo.
 
E esse medo é que pode levar os 80% da pesquisa DataFolha a favor do SIM para o espaço ...

Não tem nada a ver com o assunto, mas o Rouge vai acabar - leia no link abaixo:
 
 
O que isso quer dizer? Não tenho a menor idéia ...

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