4.4.06

Ser homem é ... o que, mesmo???

Há tempos e tempos nas sociedades ao redor da História - tempos em que não somos nada, tempos em que somos muito mais do que gostaríamos e precisaríamos ser e tempos em que acordos são desfeitos e refeitos ao sabor dos ventos, para melhor ou para pior, mas que acabam tornando o mundo em uma coisa diferente daquilo que a gente gostaria que ele fosse.
 
Vamos aos fatos: recentemente recebi o texto ''Como gostar de uma mulher'', que supostamente seria de autoria de Arnaldo Jabor, mais um dos textos que se ocupam da análise sempre complexa que é aprender a gostar de uma mulher e satisfazê-la continuamente nos tempos de hoje - sim, porque não faltarão textos para analisar as mulheres desde que passou a existir o mecanismo sórdido chamado ''segmentação de mercado'', dos quais a mulher é, sem dúvida, o principal.
 
Analisamos as mulheres, mas não analisamos os homens: e essa situação tem seu lado perigoso, na medida em que nem mulheres nem homens se encontram satisfeitos nos dias de hoje ainda que o mercado consumidor esteja tentando agradar a todos, sem distinção - o que não espanta também a este que escreve, já que sentimento não é produto mensurável, nem quantificável por pesquisa qualitativa, tampouco se compra em supermercado ou se encontra em promoção.
 
Dito isso, vamos aos fatos: hoje em dia ser homem é uma tarefa difícil, chata até, principalmente porque o mundo mudou o suficiente para que as mulheres ganhassem seu espaço mas não o suficiente para que os homens se tornassem o ideal nesse novo mundo. É difícil ser homem quando não se sabe de fato o que se quer dele - se o homem moderno deve ser o metrossexual pseudo-gay-afeminado que compreende as mulheres o tempo todo ou o troglodita das cavernas que levava sua presa a tacape para ser consumida na labareda quente de um relacionamento cheio de paixão, mas de pouco amor verdadeiro.
 
É chato ser homem hoje? Sim, poderia dizer que sim - mas é, ao mesmo tempo, um desafio surpreendente.
 
Um desafio porque homem continua não podendo chorar enquanto é obrigado a entender a mulher que ama; um desafio porque homens devem entender o crescimento feminino mas não tem o direito ainda de se conformar em estar abaixo da própria esposa; um desafio porque o sexo frágil tornou-se forte mas continua querendo manter-se respeitado em suas fragilidades, e, mais do que tudo, um desafio cada vez maior porque nem todos mudaram nesse verdadeiro pandemônio de emoções que se tornou o mundo de hoje.
 
Cada vez mais o desafio do homem e da mulher é não ser mais tão só mesmo sendo poderoso - mas as mulheres ainda tem a seu favor o mercado: e nós, homens, o que temos para nós, de verdade?
 
...
 
P. S. nº 1: Para entender esse desabafo, leia no TrashEtc o texto original, que é belíssimo: http://trashetc.blogspot.com.
 

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