13.12.06

Prosa

Sem saudades
 
Águas cristalinas, muito verde, uma casinha pequenina perdida entre pastos verdejantes - belíssima pintura, emoldurada em uma planície a perder de vista.
 
Mas a vida era dura e cruel, principalmente para quem já sentira o gosto do conforto e via, por trás dos montes, as oportunidades que um dia não tivera transmitidas aos seus descendentes, e as chances que nunca tivera.
 
Dinheiro? Não precisava dele, tanto quanto de sua pequena vida, que, um dia, se acabaria - e, com ele, viria o fim, o desfigurar de um sonho que, na verdade, nem sonho mesmo era, posto que não era de ninguém, somente dele.
 
E, no final, somente um bonito retrato da parede, como lembrança de um passado, sem saudades nem sonhos, apenas o passado evaporado e a lembrança que se foi.

FPS, 12/12/06, 11:00

2 comentários:

Anônimo disse...

Natal sem sinos - Manuel Bandeira

No pátio a noite é sem silêncio
E que é a noite sem o silêncio?
A noite é sem silêncio e no entanto onde os sinos
Do meu Natal sem sinos?

Ah meninos sinos
De quando eu menino!

Sinos da Boa Vista e de Santo Antônio.
Sinos do Poço, do Monteiro e da Igrejinha de Boa Viagem.

Outros sinos
Sinos
Quantos sinos!

No noturno pátio
Sem silêncio, ó sinos
De quando eu menino.
Bimbalhai meninos.
Pelos sinos
De quando eu menino,
Pelos sinos (sinos
Que não ouço), os sinos de
Santa Luzia.

Rio, 1952

Anônimo disse...

Que lindo texto!
Prabéns seu blog é encantador, disso nunca tenha dúvidas
Felíz ano novo
Abraço