11.5.07

Visita do papa: uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa ...

A respeito da visita de Bento XVI ao Brasil já se falou bastante, com ou sem razão, com ou sem nexo - mas me parece que estão querendo transformar o Papa naquilo que ele, definitivamente, não é nem nunca será, seja por força do cargo ou por opinião pessoal.
 
Em primeiro lugar, Joseph Ratzinger não é líder espiritual de toda a humanidade, muito menos de todos os cristãos espalhados pelo mundo: ele é o líder máximo da Igreja Católica Apostólica Romana, o que significa que deve falar à comunidade que o respeita, e ensiná-la em suas doutrinas, não com o que a sociedade secular tem pregado como certo ou não.
 
Em segundo lugar, quer se queira, quer não, a Igreja Católica é contra o aborto e prega a atividade sexual apenas dentro do casamento desde que se conhece como Igreja - e tal posição não nasceu com o atual pontífice, é fruto de discussões de anos e anos e de uma interpretação bíblica que quase todo o cristianismo adota, com algumas diferenças no contexto (sexo por amor ou por procriação).
 
Baseado nessas afirmações, como é que se espera do Papa atitudes 'modernas' se o cristianismo em si não prega essa 'modernidade diversionista' que está em moda na sociedade do século XXI? Sinceramente, não dá para entender isso ...
 
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O principal contrasenso dessa viagem do Papa, no entanto, passou sem comentários - mas não passa longe do Olho Clínico: como é que um Papa que escreveu a 'Dominus Iesus', que decreta os protestantes como seita herege, pode comprometer-se a ter um contato amigo com outras religiões, como o judaísmo e o monoteísmo?
 
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E você, que acessa esse canto obscuro da Internet, o que acha desse e de outros assuntos debatidos no Olho Clínico? Clique em 'Comentários', logo abaixo, e deixe aqui sua opinião.

3 comentários:

Anônimo disse...

Acho que você não pode esquecer que a Igreja Católica já exerceu um poder temporal, inclusive coroando reis e imperadores. Um dos símbolos que o papa usa remete ao poder temporal. Logo, o papa quer sim interferir no poder temporal, na sociedade secular, isso faz parte da visão católico-romana. Por isso a mídia retrata as opiniões do papa sobre assuntos que, em um primeiro momento, estão fora de sua alçada.

Há que se destacar que o homem sempre cria deuses à sua imagem e semelhança, logo, não é de se surpreender que a sociedade queira uma igreja à sua imagem e semelhança.

Anônimo disse...

É um contrasenso sim. Como é ele querer que se introduza ensino religios nas escolas públicas.

Quanto à sua postura em relação às igrejas cristãs não católicas: é um retrocesso e ele foi eleito justamente para promover este retrocesso. João XXIII deved estara se barre´pindo no túmulo!

Anônimo disse...

Helder: lembremos que a busca do poder temporal não é exclusiva dos católicos, toda Igreja que possui algum membro gosta de influenciar na sociedade - e, por extensão, na política.

Alvaro: nem João XXIII aceitaria o casamento gay ou sexo consensual - mas de resto esse Bento não é tão "bento" como muita gente parece demonstrar.