2.7.10

2010, o ano em que 190 milhões de brucutus aprenderam uma dura lição

Muitas coisas estão sendo ditas a respeito da eliminação da Seleção brasileira, os culpados de sempre já foram detectados, com Felipe Mello fazendo a função que já foi de Roberto Carlos e de suas meias em 2006, e estamos todos lamentando e notando as falhas de uma equipe que poderia até levar o hexa, mas o faria de maneira medíocre e rasteira, indigna da tradição do futebol brasileiro.

Só esse parágrafo já poderia resumir o texto que esse escriba gostaria de escrever – mas que jamais poderia ser publicado em outra data que não hoje, dia consagrado como o da ressaca pela perda da chance de mais um título mundial de futebol.

Por que antes … dava nojo.

Nojo de ouvir as mesas redondas de quarta e quinta-feira, com comentaristas pregando o "futebol-força", o desrespeito ao adversário e às regras de convivência, e exaltando a mais não poder os valores da "era Dunga", que levava a Seleção para a Copa como se fosse para a guerra, tornando jogadores em soldados e inventando inimigos onde eles nunca existiram de verdade.

E nesse contexto o desrespeito que muitos tiveram a uma figura tão marcante como a de Johann Cruyff, membro da Laranja Mecânica e arauto de um futebol que, como em 82, encantou o mundo, foi de todas as atitudes a mais repulsiva.

Isso porque Cruyff é digno de respeito, pelo que fez em 74 - assim como Zico e, de certa forma, Maradona, ainda que o homem seja bem menor do que o jogador de 86 o foi.

Mas, em todo caso, durante as últimas semanas o Brasil desprezou suas origens e abraçou completamente a causa dunguista.

E esse país, que já exaltou 82 como título moral, se encaminhou para o que seria mais uma batalha, da guerra insuflada por Dunga e seus soldados e que contavam com o apoio de um povo que estava mais para brucutus apalermados do que guerreiros de verdade.

Para ficar só na metáfora que nos foi vendida até hoje, até mesmo pelas propagandas dos patrocinadores da Seleção.

O que, de fato, é apenas parte da verdade.

Porque guerras são sombrias, nojentas, e soldados em guerra cometem todo tipo de barbaridades contra seus inimigos.

E que não tem nada a ver com o Brasil, nem com um simples jogo de futebol.


Em 2006 o Brasil inteiro botou salto alto, esperando que a “sexta estrela” viesse como mágica.

E uma Seleção bagunçada voltou para casa humilhada, com o quinto lugar em numa Copa que foi o fim de feira para o Brasil.

Desiludidos, tornamo-nos 190 milhões de brucutus, indo para 2010 como se cada jogo fosse uma batalha - e o que aconteceu?

Voltamos para casa humilhados, diante de uma Holanda muito inferior à Laranja Mecânica mas que soube explorar muito bem os nervos em frangalhos dos soldados de Dunga.

Ou seja, também não adiantou nada.

Por isso, manifesto aqui o meu desejo.

Que em 2014 possamos ser, simplesmente, 190 milhões de bons torcedores, à espera de uma equipe que jogue bola, e que nos faça lembrar que o bom mesmo é ver um time ser digno de representar nosso país e as tradições de que o Brasil se orgulha tanto.

E, creiam, isso não é pedir muito; é apenas o mínimo que alguém que gosta de futebol espera da sua SELEÇÃO …

Um comentário:

Unknown disse...

Rapaz, esse teu texto sobre a seleção foi de uma felicidade muito grande...Assino embaixo...

Um abraço


Sampa