Cerveja, cookies, leite e os beijos da musa fariam qualquer um despertar do sono letárgico da poesia e escrever sobre alguma coisa; ainda mais quando fermenta na cabeça a notícia de que estão tentando achar qualquer motivo que possa cassar a candidatura de um milhão de votos do Tiririca a deputado federal.
Descartando o fato de que se o TSE questionar a declaração de bens do humorista deveria fazer o mesmo com toda a gente que colocam o que possuem no nome dos filhos para não pagar imposto, o fato é que querem tirar o palhaço da jogada porque acreditam que o “tiririquismo” é o cúmulo das vergonhas realizadas por um sistema político-eleitoral que já nos enfiou Clodovil e Frank Aguiar em eleições passadas, e que não deveria existir numa democracia que se leve a sério.
E esse blogueiro concorda em parte com essa afirmação, desde que o explicassem o que não parece óbvio: o que, para esses cidadãos, é uma democracia “séria”?
Talvez democracia séria seja aquela em que os distritos sejam divididos arbitrariamente pelos governadores de Estado, como é naquela democracia bicentenária chamada Estados Unidos da América, e que gera um fenômeno chamado pelos estudiosos de “gerrymandering”, que constitui simplesmente em dividir os distritos de tal forma que sempre os seus deputados ganhem as eleições, porque a lei permite assim.
Ou, se não for sério demais, poderíamos pegar o exemplo de Israel, que fez uma reforma política que bagunçou tanto o coreto que tiveram que voltar ao modelo antigo, pois o país tornou-se ingovernável numa situação pior que a brasileira.
Ou, se quiser, da Itália … não, não, essa elegeu Berlusconi … deixe isso pra lá, não vai dar para explicar o que é um sistema político-eleitoral perfeito desse jeito …
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Francamente, já passou da hora de entendermos que o sistema eleitoral brasileiro funciona de tal forma que os candidatos são eleitos em parte por representar seus partidos políticos (ou coligações) e, na sua maior parte, porque representam grupos corporativos ou regiões que votam em peso para eleger quem as defenda.
Ou seja, para desgosto dos nossos cientistas políticos, eleitores votam para defender seus interesses, não o bem comum de uma sociedade ideal; até porque cada um tem a sua visão de mundo, que é colocada sempre em colisão quando se está numa democracia – como é, aliás, o caso brasileiro.
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Nesse contexto Tiririca é uma exceção, pois uma pessoa conhecida pode realmente ter tantos votos que leve duas ou três pessoas com ele para o Congresso, até porque ele está lá para isso, chamar a atenção para si, fazer o povo votar nele e conduzir outros com o “voto de protesto útil” do que diz que “pior que tá, não fica”.
Mas é direito dele, como de qualquer cidadão, votar e ser votado para representar os brasileiros que o elegeram, ainda que muita gente não goste disso, pois é assim num sistema eleitoral em que se vota mais em gente do que nas idéias que elas carregam consigo; a única alternativa ideal para “resolver” esse problema seria aprovar de vez a lista fechada para as eleições e dizer que o partido é que deve colocar seus “especialistas” para representar as idéias da instituição no Legislativo.
Contudo, pesquisas recentes mostraram que 70% da população rejeita esse tipo de voto, que inclusive foi vetado pelo Congresso, o que mostra que temos que nos preparar mesmo para chamar muito mais Tiriricas por aí de “sua excelência” …
2 comentários:
Ainda acredito que política é algo sério, onde deveríamos conhecer muito bem nossos candidatos. Quando falo em conhecer, estou falando em conhecer o candidato em sua íntegra, ou seja, não só como polítco, mas também como cidadão. Saber sua estória e sua trajetória. Não conheço o cidadão Tiririca,mas conheço o cidadão Frank Aguiar, que tem uma trajetória de vida invejada por muitos políticos "intelectuais". Frank não só tem uma estória que deveria ser copiada por muitos, como também é um homem preparado, graduado em direito, com pós em Gestão pública e MBA. Coisa que eu realmente duvido que muitos políticos tenham....além disso é um ser humano incrível e preocupado, muito preocupado, com as causas sociais....mas, para os "menos informados", é um cantor de forró, querendo ser deputado!!! Pra esses, realmente Frank vai ser enfiado guela abaixo novamente!!!!
Josi Lopes
Josi, conhecer bem aos candidatos é importante. Entretanto, elegemos quem se identifica conosco, e defende os nossos interesses, não os dos outros.
Quanto ao Frank Aguiar, uma observação: ele já tinha experiência política em Fortaleza, antes da carreira política, e terminou uma formação em Direito (como, não me pergunte).
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