6.9.05

De olho no passado: Centro, velharia eterna?

No blog do Ricardo Noblat (http://noblat.blig.ig.com.br ou http://noblat.ultimosegundo.com.br), entre tantas notícias severinas, informações sobre o estado claudicante do nosso governo e ataques de parte a parte entre simpatizantes do time petista e do time tucano, alguns pequenos comentários sobre a reforma iminente do aeroporto Santos Dumont me fazem pensar se realmente gostamos de nossa História e de nossa gente.
 
Seguem trechos dos dois textos, de Hideberto Aleluia e de Chico Bueno - os primeiros são sobre o Santos Dumont:
 
Quem vê os aeroportos de Congonhas, Recife, Salvador, Brasília, sabe que o Santos Dumont vai virar um caixote de concreto, a consumir energia elétrica e ar condicionado 24 e não se surpreenda, no verão com a ausência do ar, tão comum nos outros aeroportos do país.
 
Em nenhum deles a arquitetura contempla a luz do sol, a vista e os fatores climáticos tropicais. Em todos, a gaiola de concreto transmite ao passageiro a impressão de estar desembarcando num país frio, gélido.
 
Já no segundo texto se fala mais da sangria de outros monumentos cariocas:
 
'O Palácio Monroe, onde funcionou o Senado Federal, foi demolido em nome do progresso. Os técnicos do metro poderiam fazer um outro traçado, mas preferiram, com a conivência dos políticos, demolir uma obra de arte.

Outro crime foi à demolição do Mercado da Praça Quinze, com seus prédios construídos em ferro fundido, uma verdadeira jóia arquitetônica. Na Europa os mercados de alimentos são tratados com relíquias. São modernizados sem perder o charme arquitetônico. Aliás, no Rio, fizeram isso com o prédio do Amarelinho, na Cinelândia.

Outro dia, pretenderam implodir o Maracanã, ao invés de revitalizá-lo e modernizá-lo como fizeram agora os  alemães para a Copa do Mundo de 2006 e os espanhóis com os estádios do Real Madri e do Barcelona.

Não deixa de ser um assombro, realmente, que a História viva exposta nos centros das grandes cidades brasileiras seja, por assim dizer, abandonada em nome de um suposto progresso. No entanto, vale lembrar o seguinte: nem quando o governo exige eles são preservados como deveriam - e isso porque, infelizmente, não temos o gosto de preservar velharias, principalmente a classe média que compra duplex como se fosse loft, transformando um conceito (a adaptação de pontos comerciais para habitação) em um produto (uma nova maneira de vender o conjugado espaçoso, só que mais caro).

Para reformarmos os velhos Centros, deveríamos reformar nossa vida - mas quem precisa disso quando temos os shoppings à nossa disposição, substitutos das compras de rua que atiçavam nossa infância? Os nostálgicos estão cada vez mais sós ou é impressão de um recém-trintão esperançoso de dias melhores?

E que, diga se de passagem, gostaria de saber como ficaria São Paulo se não tivessem tirado o bonde ...


FPS, 06/09/2005, 15:59

(que nasceu na Maternidade São Paulo, às 10:35, exatos 30 anos atrás - mas isso é outra estória ...)

 
 

Um comentário:

Anônimo disse...

Nossa história.
E nela, tantas histórias! Até de prédios e pedras elas se constituem.
Nós nos adaptamos á nossas histórias?
Elas acontecem e...zimpt! Nos vemos sem outra alternativa que nos adaptarmos.

beijos!
e olha: minha melhor fase de vida foi a dos trinta!!!!!!!
:)