O tempo, esse bandido, é senhor das horas do meu, do seu, do nosso destino.
E aquela pracinha, no meio do nada, era a melhor testemunha do que eu estava falando: simples, calma, como sempre são as praças do interior do meu país, poucas vezes abalada por ruídos mais fortes que o das crianças brincando e o dos velhos jogando dominó todos os dias, vendo a vida passar lentamente, como num sussurro.
O tempo, ah, o tempo, senhor dos meus destinos e de todos nós; tempo esse que nos mata, à medida em que passa - matamos o tempo e e ele vai nos tirando as forças lentamente, não era isso que o maldito dizia com outras palavras há três séculos atrás?
E o tempo, passando, nos leva, para os sonhos distantes; sonhos das faculdades dos garotos, das vacas pastando, dos casamentos e festas em sítios, dos bate-pernas por todos os lados, das roças e dos touros que servem de alimento e de sustento:
- Vende ou não vende? Arre, que já vai tarde!
E o tempo, esse tempo que me leva para longe, para cidades distantes onde ele não pára; onde os sussurros se tornam vendavais, tormentas que nos assombram mas que são no fundo a soma dos tempos, e dos ventos, que nos assolam.
Sonhos ... esses sonhos que nos movem, nos consomem e tomam o lugar do passado - e que nos impedem de voltar, selando nosso destino e futuro; sonhos estes que nos levam para lugares distantes, sem nunca ter-nos separado de onde nascemos de fato, e do que somos, e sempre fomos, afinal.
E o tempo - ah, o tempo ... esse nós consumimos, lentamente.
Bem lentamente.
FPS, 05/09/2005, 17:45
(a um dia dos 30 anos, sentindo o tempo passar ...)
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