18.4.06

Poesia

Monossílabos

Eu
sou
tu.
 
Mas
e
eu?
 
Se
não
sou
eu,
quem
sou?
 
Ou
tu
sou
eu
e
eu
não
sei
quem
sou?
 
Eu
sou
tu?
 
Ou
tu
é
eu?
 
Ou
tu
és
eu?
 
Ou
eu
sou
tu?
 
- Ué, num sei não, sô.
 
Uai ...

FPS, 18/04/2006, 14:57

Prosa

Mas será ...?
Desconfiei quando ele começou a me olhar com cara de menina-moça.
 
Tive um súbito ataque de espanto quando ele me disse que gostava de balé.
 
Achei esquisito ele esperar todo mundo sair do banheiro para tomar banho no futebol.
 
E - mais estranho ainda - quando deixou de jogar bola para fazer musculação todo santo dia.
 
Fiquei curioso quando ele me disse que estava ficando sensível demais, e quando chorava nos últimos capítulos da novela das 6 e meia.
 
Tive quase certeza quando ele comprou o DVD caríssimo com os especiais de Will & Grace, certeza absoluta quando ele me pediu o endereço da Igreja Cristã Metropolitana e disse que já tinha ido à Florzinha de Jesus vez ou outra.
 
E agora recebo o convite de casamento dele.
 
Em rosa-choque.
 
Fosforecente.
 
E agora? Dará para ir?
 
Ou melhor, será que eu conseguirei encarar esse compromisso?
 
Bom, vai pela amizade - abro o convite.
 
...
 
Ufa !!! Nada demais: parece bem convencional, e a noiva até que é muito bonita.
 
E agora faz sentido: quem diria que Arnaldo e Gustavo convidariam para o casamento de sua filha mui amada, olha só ...

FPS, 18/04/2006, 12:50
 
 
 
 
 

10.4.06

Prosa

Carta a um antigo colega, sobre o duplo sentido do ser

(São Paulo, 07 / 10 / 96 - 17h26min)

 

         “Lancome, estive pensando seriamente sobre a dubiedade da vida. Esse assunto, que intriga os cientistas, fascina os filósofos e apaixona os teólogos, tem transformado pessoas e seres no decorrer dos tempos. Comigo também não seria diferente, Lancome, e lhe direi o porque.

 

         Meu caro Lancome, muitos acham que vivi minha vida da maneira mais simples possível, e que sempre fui esse homem gentil e educado que hoje lhe fala, e que transforma o meio em que vive, dotando-o de um grande astral, que é, afinal, o que faz com que o mundo gire, e que transforma a todos que o cercam em infinitas peças desse tabuleiro colossal chamado universo. No entanto, Lancome, quero que saiba que nem sempre eu fui assim, metido a sabido, seguro de mim, querendo simplesmente fazer de minh´alma um catalisador das profundas certezas existentes no ser.

 

         Já vivi muito mais do que pensas, Lancome. Quando jovem, sentia em meu ser toda a fúria de um garoto que aprende seus primeiros passos, que procura sentir o possível, amar o impossível e experimentar, um a um, os grandiosos sentimentos que passam ao largo dos seres humanos. Vivi, Lancome, toda a vida que um garoto inexperiente pode ter - e sofri, como nunca, as consequências desses atos amargos, alguns impensados, outros bem engendrados, que já quis ter.

 

         Já fui muito mais ingênuo do que hoje sou, Lancome. Já vivi tempos em que acreditava em tudo e em todos, em que queria, cada vez mais, ser forte como um touro, ser bravo como a águia, intempestivo como o trovão, já tentei ser um pouco de tudo, sem no entanto encontrar o que preenchesse o vazio de minh´alma, e o que a fazia sussurar, como um sonho. Já vivi tudo e todos, já tentei ser maior que o mundo, já tentei e quis ser o que pude - e também o que não pude, daí minha desilusão do mundo, e minha vontade louca de dar cabo de tudo, e fazer de mim homem feito, como ainda não sou.

 

         Ainda não vivi tudo o que queria, Lancome, mas o que vi nessa vida pode ser um parâmetro do que será o futuro: não pude descrever os sentimentos ruins que senti, a ignóbil sensação de vazio que tive, e o vazio que tomou conta de mim depois disso. No fundo, no fundo, Lancome, todos temos dentro de nós um ser, um ser ignóbil e cruel, que afronta ao mundo e destrói a si mesmo, e que transforma aos que são sua habitação em pessoas insensíveis à realidade de seus sonhos, e traz para dentro deles a dura realidade, que ninguém quer ver, mas que a tudo cala, e a tudo consente, transformando o mel em fel, e a bondade em dor, para si mesmo e para os outros.

 

         Quem me dera, Lancome, não ter vivido tudo isso, para poder ser mais puro. Quem me dera, meu caro Lancome, ser apenas mais um para não ter visto o que vi. Quem me dera, Lancome, poder ser como tú, que a mim me perguntas, dizendo: “O quê?”, “Como?”, “Onde?” ou ainda, “Porquê?”, sem encontrar as respostas para os meus atos, ou as verdades que eu já vivi. E, se posso te aconselhar, não procures, por favor, as respostas que vi, Lancome. Procure viver sua vida, lutar por ela, encontrar-se contigo mesmo e fazer de seu corpo morada feliz para seu grande ser, como tú já o fazes, e ainda o farás, nessa vida insana.

 

         Quanto a mim, resta-me encontrar meu rumo, apesar de tudo o que disse, e de tudo o que já vivi. E, se perguntarem a mim como vou, responderei, simplesmente, que vivo conforme a vida e o pensamento me indicaram um dia - e, quem sabe, serei mais feliz, e capaz de olhar para a frente e dizer, a tudo e a todos, que enfim venci.

 

 

Confie em mim.

 

Ralph deMacchio.”

5.4.06

Ainda sobre os homens ...

... segue uma boa visão de mulher sobre o assunto:
 

SER HOMEM
©Jade Dantas

Te sinto preso a tantos conceitos
que trazes – bagagem obsoleta:
homem é assim, mulher é daquele jeito,
não pode chorar, isso é coisa de boiola -
mitos, a te travar as palavras e os gestos.

E eu te queria apenas um ser humano
verdadeiro, autêntico, completo.
Que deixasses vir a mim, simplesmente,
o sentimento, o que quisesse vir,
tua verdade essencial, pessoal.

Queria a alma tua aberta, nua,
acreditando que o sonho é possível
(e ele o será, se quiseres), acredita.
Que falasses as palavras do que sentes.
Que me desses teu sorriso mais sincero.

Que permitisses à tua alma ser criança
e flutuar na imaginação,
sem amarras, sem medos,
sem vergonha das humanas fragilidades.
Só assim eu poderia te encontrar

Amar a verdade tua, te dar a verdade de mim.
Ser homem é ter coragem de se entregar.


4.4.06

A arte de gostar de mulher

Ainda nos meus tempos de graduação em jornalismo na Uerj, fui assistir a uma palestra do fotógrafo André Arruda, que foi do JB, Globo e trabalhava, entre outras coisas, com moda. Em determinado momento da palestra ele relatava a sua experiência em fotografar nu artístico e soltou a seguinte frase: "para fotografar nu feminino é preciso gostar de mulher". Eu sorri, porque na minha cabeça aquilo parecia meio óbvio, mas antes que qualquer um fizesse algum comentário ele completou.

- Não se trata de gostar de mulher no sentido sexual, ter tesão por mulher nua, essas coisas. Isso pode ter também. Mas se trata de gostar de mulher em um sentido mais profundo. Gostar do universo feminino. Observar que cada calcinha é única, tem uma rendinha diferente e ficar entretido com isso - afirmou.

O fato é que eu concordo com o conceito do Arruda sobre gostar de mulher. Não basta ser heterossexual, o machão latino. Para gostar de verdade de uma mulher são necessários outros requisitos que são raros. Por isso a mulherada anda tão insatisfeita. Sensibilidade é fundamental. Paciência também. O homem que não tem paciência para escutar a necessidade que a mulher tem de falar, ou sensibilidade para cativá-la a cada dia não gosta de mulher. Pode gostar de sexo com mulher. O que é bem diferente.

Gostar de mulher é algo além, é penetrar em seu universo, se deliciar com o modo com que ela conta todo o seu dia, minuto por minuto, quando chega do trabalho. Ficar admirando seu corpo, ser um verdadeiro devoto do corpo feminino, as curvas, o cabelo, seios. Mas também cultuar a sagacidade feminina, sua intuição, admirar seu sorriso que é muito mais espontâneo que o nosso. Gostar de mulher é querer fazer a mulher feliz. Levar flores no trabalho sem nenhum motivo a não ser o de ver seu sorriso. É escutar, pacientemente, todas as queixas da chefa rabugenta, que provavelmente é assim porque seu homem não gosta de mulher.

O homem que gosta de mulher não está preocupado em quantas mulheres ele comeu durante a vida, mas sim com a qualidade do sexo que teve. Quantas mulheres ele realizou sexualmente, fazendo-as se sentirem desejadas, amadas, únicas, deusas, na cama e na vida. O homem que gosta de mulher não come mulher. Ele penetra não só no corpo, mas na alma, respirando, sentindo, amando cada pedacinho do corpo, e, é claro, da personalidade.

"Para viver um grande amor é necessário ser de sua dama por inteiro", afirmou Vinícius de Morais no poema " Para viver um grande amor". Para amar verdadeiramente uma mulher o homem deve ser totalmente fiel, amá-la até a raiz dos cabelos. Admirá-la, se deixar apaixonar todo dia pelo seu sorriso ao despertar e principalmente conquistá-la, seduzi-la, como se fosse a primeira vez.

O homem que não tem paciência, nem tesão, nem competência para seduzir a mulher várias e várias vezes, não se iluda, não gosta nem um pouco de mulher. Conquistar o corpo e a alma de uma mulher é algo tão gratificante que tem que ser tentado várias vezes. Só que alguns homens, os que não gostam de mulher, querem conquistar várias mulheres. Os que gostamos de mulher é que conquistamos várias vezes a mesma mulher. E isso nos gratifica, nos fortalece e nos dá uma nova dimensão. A dimensão da poesia, do amor e em última instância do impenetrável universo feminino.

Mas atenção amigos que gostam de mulher: gostar de mulher e penetrar em seu universo não é torná-las cativas e sim libertá-las, admirá-las em sua insuperável liberdade. Uma das músicas com que mais me identifico é uma em inglês - por incrível que pareça, para um nacionalista e anti-imperialista convicto. É a Have you really loved a woman? do cantor Bryan Adams. A música foi tema do filme Don Juan de Marco, e em uma tradução livre quer dizer "você já amou realmente uma mulher?". Em toda a música o cantor fala sobre a necessidade de se conhecer os pensamentos femininos, sonhos, dá-la apoio, para amar realmente uma mulher. Essa música é perfeita. Como se vê, gostar de comer mulher é fácil. Agora gostar de mulher é dificílimo. Precisa ser macho de verdade para isso. Quem se habilita?

Texto de Rafael Marti

Rafael Marti é jornalista, sempre escreve aquilo que sente e pode ser lido no
www.imprensaalternativa.blogger.com.br
 
Leia também o comentário desse texto no Olho Clínico, em http://cliniceye.blogspot.com
 

Ser homem é ... o que, mesmo???

Há tempos e tempos nas sociedades ao redor da História - tempos em que não somos nada, tempos em que somos muito mais do que gostaríamos e precisaríamos ser e tempos em que acordos são desfeitos e refeitos ao sabor dos ventos, para melhor ou para pior, mas que acabam tornando o mundo em uma coisa diferente daquilo que a gente gostaria que ele fosse.
 
Vamos aos fatos: recentemente recebi o texto ''Como gostar de uma mulher'', que supostamente seria de autoria de Arnaldo Jabor, mais um dos textos que se ocupam da análise sempre complexa que é aprender a gostar de uma mulher e satisfazê-la continuamente nos tempos de hoje - sim, porque não faltarão textos para analisar as mulheres desde que passou a existir o mecanismo sórdido chamado ''segmentação de mercado'', dos quais a mulher é, sem dúvida, o principal.
 
Analisamos as mulheres, mas não analisamos os homens: e essa situação tem seu lado perigoso, na medida em que nem mulheres nem homens se encontram satisfeitos nos dias de hoje ainda que o mercado consumidor esteja tentando agradar a todos, sem distinção - o que não espanta também a este que escreve, já que sentimento não é produto mensurável, nem quantificável por pesquisa qualitativa, tampouco se compra em supermercado ou se encontra em promoção.
 
Dito isso, vamos aos fatos: hoje em dia ser homem é uma tarefa difícil, chata até, principalmente porque o mundo mudou o suficiente para que as mulheres ganhassem seu espaço mas não o suficiente para que os homens se tornassem o ideal nesse novo mundo. É difícil ser homem quando não se sabe de fato o que se quer dele - se o homem moderno deve ser o metrossexual pseudo-gay-afeminado que compreende as mulheres o tempo todo ou o troglodita das cavernas que levava sua presa a tacape para ser consumida na labareda quente de um relacionamento cheio de paixão, mas de pouco amor verdadeiro.
 
É chato ser homem hoje? Sim, poderia dizer que sim - mas é, ao mesmo tempo, um desafio surpreendente.
 
Um desafio porque homem continua não podendo chorar enquanto é obrigado a entender a mulher que ama; um desafio porque homens devem entender o crescimento feminino mas não tem o direito ainda de se conformar em estar abaixo da própria esposa; um desafio porque o sexo frágil tornou-se forte mas continua querendo manter-se respeitado em suas fragilidades, e, mais do que tudo, um desafio cada vez maior porque nem todos mudaram nesse verdadeiro pandemônio de emoções que se tornou o mundo de hoje.
 
Cada vez mais o desafio do homem e da mulher é não ser mais tão só mesmo sendo poderoso - mas as mulheres ainda tem a seu favor o mercado: e nós, homens, o que temos para nós, de verdade?
 
...
 
P. S. nº 1: Para entender esse desabafo, leia no TrashEtc o texto original, que é belíssimo: http://trashetc.blogspot.com.
 

3.4.06

Salada mista do blog II

Marisa, amante de Juscelino, estava com as gostosas de shortinho curto quando o Olho que tudo vê viu mais o que devia enquanto procurava um hospital em Salvador para fazer uma cirurgia e discutia com um amigo as virtudes e defeitos do presidencialismo de coalizão.
 
O que fazia ela? Não sabemos - mas sei que, sem dúvida, não morreu; está viva e quem sabe não esteja em Israel, enquanto eu, aqui, morro de saudade dos tempos do cigano JK ...

FPS, 03/04/2006, 15:30
(texto escrito com as melhores palavras do Olho Clínico, http://cliniceye.blogspot.com)
 

Respondendo às dúvidas dos que vem até aqui em busca de ...

 

Volta e meia o WebStats4U dá um perfil de como as pessoas chegaram a este canto não tão arborizado nem tão frequentado da Internet - e, sempre que isso acontece, eu tenho vontade de esclarecer às dúvidas desses cidadãos para que eles voltem de novo (sem falar que é muito divertido escrever meio às escuras, como em outros textos que já escrevi neste meu jornal da vida).

 

Então, seguem as respostas do Olho Clínico às perguntas e respostas dos oráculos do Google:

 

O que é presidencialismo de coalizão

 

Presidencialismo de coalizão é o regime de governo onde o presidente é forçado a montar alianças e ceder a diversos partidos para aprovar projetos de seu interesse - se os partidos forem ideologicamente éticos até funciona, mas quando não existe uma noção partidária forte dá na verdadeira zorra total que estamos vendo na ''terra brasilis'' hoje.

 

E, aos esperançosos: FHC sofreu, Lula sofreu e, se eleito, Alckmin, o chuchuzinho, vai sofrer do mesmo jeito; pode apostar ...

 

A amante do Presidente JK

 

A melhor resposta para essa pergunta é: ''qual delas?'' - Juscelino Kubitschek teve vários casos em sua vida, dos quais o mais duradouro foi com uma socialite do Rio de Janeiro que veio a ser consultora da Rede Globo para a minissérie; e, não, ela não se chamava Marisa mas era muito parecida com a personagem de Letícia Sabatella relatada na TV.

 

Essa, aliás, foi a pergunta campeã de procuras do Google: procuraram por "JK o cigano", "marisa amante de JK", e até mesmo "a morte de amante marisa do presidente JK" - que, por sinal, continua vivíssima e era realmente muito bela (que minha mulher não saiba ...).

 

O caso israelense-palestino

 

O Hamas tomou posse, Sharon ganhou as eleições da cama do hospital e, de resto, só a constatação de que não se pode subestimar a força das questões do dia-a-dia, nem num país que está em guerra fria há mais de quarenta anos.

 

Senão, porque explicar que o partido dos aposentados é o quarto mais forte do Estado de Israel hoje? Pois é ...

 

Hospital que faz cirurgia no Olho em Salvador

 

Desculpe, não conheço nenhum - mas procure no Portal do Governo do Estado da Bahia: http://www.ba.gov.br/ (ou na secretaria de Saúde: http://www.saude.ba.gov.br/.

 

Quem vencerá o BBB6

 

Na verdade, já venceu - foi a Mara, a baiana pobrezinha que hoje é chique no úrtimo.

 

E, para um BBB medíocre, nada melhor do que um final medíocre e uma vencedora também medíocre - aliás, você assistiu o BBB?

 

Com que olhos eu vejo o mundo

 

Com os olhos de quem tenta pensar o mundo de uma maneira diferente da usual.

 

Olho que tudo vê

 

Meu Deus, não é por aí não - o Olho Clínico não vê nada, apenas escreve o que pensa e sente da própria vida; quem sou eu diante da grandeza dos olhos do Senhor, que tudo vê e que tudo pressente.

 


Bem, essas foram algumas das sequências do Google que levaram pessoas ao nosso Olho Clínico. Mas uma coisa me deixa encafifado - porque ainda tem gente que vem aqui procurando por gostosas de shortinho curto sendo que quase tudo aqui é texto ??? 

 

E, se você veio procurando por elas: não, infelizmente não temos garotas por aqui - mas aproveite e leia um pouco, passe o tempo, tome um cafezinho ... rs ...