10.8.09

Prosa


Reminiscências das Gerais

Fazia muito tempo que não vinha à casa, casa de recordações e sonhos, dos meus pais e minha, onde guardava as lembranças de doces momentos vividos que se romperam bruscamente quando fui para a grande cidade.

Tempos de doces e compotas, de queijos, vacas pastando, dias claros e noites escuras, ruído de grilos, cocoricós e muuus em sintonia perfeita com o mato, que crescia e verdejava, da represa e dos peixes, e das comidas gostosas e saudáveis da mamãe.

Lembrava-se dos pais acordando cedinho, "com as galinhas", para cuidar de tudo - do cafezinho puro, dos pães de queijo e das quitandas, e sentia-se feliz.

Um dia a vida a levou para novos ares, da grande cidade com seus sonhos e ilusões, e suas perspectivas de grandeza; que se diga que a labuta do campo é severa, e cobra seu preço de todos, no embrutecimento do corpo e da alma, e nas ilusões perdidas entre sonhos de pequenos luxos e de uma vida melhor, qual seja ela.

Mas na hora em que reviu a casa, se viu novamente criança - e, de novo, desabrochou a saudade e a vontade de sentir, ainda que fosse por pouco tempo, os gostos e sentidos dos seus tempos de menina-moça, criança, provando que, em definitivo, todos nós sentimos mesmo é saudade de nós mesmos, e de um tempo, que um dia existiu.


Dedicado especialmente à ECCS, que eu chamo também de "minha doce e querida esposa".

FPS, 06/05/05, 16:27

3 comentários:

everaldo disse...

Olá !!! Boa noite !!!
Gostei daqui, não li muito, mas o que li me fará voltar mais vezes.
Parabéns.

Aliz de Castro Lambiazzi **jornALIZta** disse...

Eu acho que todo mundo tem um lugar assim pra visitar um dia, nem que seja uma taberna imaginária. Não importa onde você tenha crescido, se houve dificuldades ou não, se foi longe ou se nem sequer saiu do lugar. Todo mundo tem um cantinho na alma que nos faz reviver momentos e lugares onde enxergamos nossas essências. Eu senti isso quando li o seu texto: um regresso, uma saudade, uma experiência pura. Um silêncio daqueles poucos durante a vida, momentos raros em que conhecemos melhor a nós mesmos.

Sempre passo por aqui, mas é que seu blog sugere reflexão, então a gente fica viajando nas emoções e deixa de comentar.

Anônimo disse...

Fábio,

Maravilha, você escreveu o que gosto de ler. Não tem mais nada que me alegra, ler coisas que resgata minha infância, infância sem ambição pelo consumismo. É impossivel viver sem progresso, é impossivel viver sem recordar, e, é muito bom ter o que recordar.

Parabéns

Abs.