23.7.11

27 anos: ou a hora da verdade … #27club

amy-winehouse

Até os 7 anos você só tem olhos para os seus pais, depois você entra na escola e aos 12 começa a viver menos para a família e mais para o mundo que o cerca.

Aos 17 está ansioso para encarar a maioridade, como criança que mal saiu do cueiro, e quando chega aos 22 é um jovem na flor dos desafios de sua vida.

Se passou dos 32 e chegou aos 37 é porque está na plenitude de sua vida, aproveitando a família, os filhos e tudo o que o vigor da maturidade lhe permite; e a partir dos 42 tudo na vida é “enta”, e aos poucos a lembrança do passado glorioso se soma à consolidação do construído em toda uma vida, incluindo filhos e netos e coisa e tal.

Mas aos 27 …

Aos 27 anos o ser humano se encontra numa encruzilhada: está saindo da juventude e entrando na maturidade; é quando somos chamados a ser de fato homens e mulheres que construirão uma vida, que até aquele momento estava apenas em projeto.

É a época em que muitos casam, e em que outros tem filhos; é um momento do consolidar de muitos sonhos, e da arrancada para a vitória de tantas pessoas que plantaram, com seus estudos, dedicação e trabalho, a semente de um futuro melhor.

E é também quando quem desperdiçou esses momentos, na vida desregrada, nas drogas e no “carpe diem”, percebe que perdeu o auge de sua existência em … nada.

Não me espanta, pois, que os 27 anos sejam a hora da verdade, para muitos que morreram nessa idade – e Amy Winehouse, infelizmente, não escapou dessa sina cruel.

A grande ironia é que dificilmente Amy e os outros membros do #27club poderiam se livrar da combinação talento grandioso – vida loka – morte trágica – reconhecimento póstumo; como numa farsa, parece que é preciso viver intensamente e morrer precocemente para ter sido reconhecido como um talento nato, e tornar-se em mito pelo grande público.

É como se todos nós, “trouxas” ao estilo Harry Potter, tenhamos pena dos loucos que morrem com tanto talento, respirando aliviados no nosso inconsciente, como se quiséssemos, bem lá no fundo, dizer: “ainda bem que não fui eu”.

“Quero para mim o espírito desta frase,
transformada a forma para a casar com o que eu sou:
Viver não é necessário; o que é necessário é criar.”

(Fernando Pessoa)

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