25.7.13

Poesia



Reflexões sobre o vazio existencial de um ser humano qualquer
(que deveria estar afogando as mágoas num bar e não fazendo poesia)
 
Quando eu morrer,
não me enterrem em qualquer lugar.
Me cremem, assim ocupará menos espaço.
 
Quando isso acontecer,
façam um favor a mim:
botem uma webcam no funeral.
 
Assim,
quem não quiser vir à Igreja
não precisará sair de casa para me homenagear.
 
Apenas fará suas orações,
desligará o equipamento
e seguirá para sua vida.
 
Quando eu daqui sumir
façam o que quiser com meus emails,
meus sonhos e meus pensamentos.
 
Apenas mantenham meu registro virtual.

Não mexam no Orkut,
no Facebook,
no blog,
no flog,
no Twitter,
no Show ...
 
(aliás, o que é Show?).
 
Isso peço
para que eu seja eternizado,
enquanto os servidores do mundo estiverem no ar.
 
E para que todos se lembrem
de quem um dia eu era.
 
Do que eu fiz.
 
E do que eu fui.

fps, 01/01/10, 21:04
 

16.7.13

Poesia

meio-exílio iii
(lembranças desconexas)

quando sair desse mundo, peço:
estourem um champagne
aqueles que me detestavam.

pelo menos, em minha honra, façam isso.

porque alguma coisa eu tenho que ter provocado em alguém.

do meu meio-exílio eu vejo um pedido,
para que torne à casa.

e meu corpo se encharca no nojo,
meu e de tudo aquilo que me cerca.

tenho medo de perder-te,
de me perder
e não retornar a ser o que era.

mas o pior
é que já não quero mesmo ser o que era antes.

quero ser mais do que isso.

quero estar entre os vencedores,
embora não esteja com forças para pensar nisso.

preciso concentrar-me no foco,
no foco do hoje, do agora,
e construir, passo a passo, a minha vitória.

mas pode ter certeza:
aqueles que me detestam
estão prontos para estourar o champagne,
doce e forte,
do meu fracasso.

pena que só verão meu fracasso definitivo morto,
pois só desse jeito abandonarei a luta.

estou cansado, fraco, ofegante,
paralisado,
mas o amor é meu combustível.

mais que o ódio, que me serve de aditivo da alma.

por isso, repito:
quando sair desse mundo, que aqueles que me detestam
estourem um champagne.

ao menos tenham a honra de dizer que não gostavam de mim.

fps, 24/06/11

6.7.13

Poesia: 114


114

Da janela do quarto

do apartamento,
de fundo pra rua,
eu vejo o metrô;
e nele, pessoas,
correndo, zunindo,
em transe indo e vindo,
estranho torpor.
 
Da outra janela
do apartamento
eu vejo a avenida,
e os carros passando;
sirenes tocando,
e outras janelas,
visões diferentes
no mesmo visor.
 
E lá na cozinha
do apartamento
pequena janela
avista um mundico;
é perto da área,
de onde se avista
um pouco do céu,
pequeno - que amor !!!
 
Finalmente a sala
do que é meu "ovinho",
na qual a janela
avista o mundo.
O centro ao fundo,
bem longe o verde,
e em tudo a visão
de um mundo de cor.
 
Bemvindos à minha humilde casinha branca instalada nos céus de S. Paulo ...

fps, 03/06/2005, 18:15