11.5.06

O mistério de Suzane (CUIDADO!!!)

Não sei se o texto abaixo foi realmente escrito pelo Luís Nassif - tem toda a cara de sê-lo, já que é típico do colunista da Folha de São Paulo chamar a atenção para fatos que passam alheios à classe média (em geral conservadora) que lê os jornais todos os dias nas grandes cidades do Brasil - entretanto, não deixa de ser um enfoque muito diferente do caso Suzane o que você vai ler nas próximas linhas deste blog.
Entretanto, NÃO LEIA ESSE TEXTO SE VOCÊ NÃO QUISER PENSAR DE VERDADE NO ASSUNTO - se for desse jeito, por favor, feche este blog, desligue o micro e vá ver qualquer porcaria na ''TV''; você com certeza vai gastar seu tempo de forma mais eficiente que lendo o texto abaixo.

O mistério de Suzane


Por Luís Nassif 15/4/2006
Manfred Von Richthofen era homem de hábitos rígidos. Colegas seus, do Liceu Pasteur lembram-se dele no ginásio como um garoto reprimido, primeiro da classe, sempre de calças curtas e cabelo cortado "à reco" - numa época em que os adolescentes já estavam em rota de colisão com os pais por cabelos mais longos, calças desbotadas e músicas barulhentas. Era um "CDF", que não se enturmava. Manfred e a esposa foram assassinados pela filha Suzane e pelos irmãos Cravinhos, um dos quais namorado de sua filha.
De lá para cá houve um frenético esforço de toda a mídia para isolar o crime das relações que permeiam pais e filhos de classe média contemporânea. Foi apenas uma mente ambiciosa, que queria ficar com a herança dos pais. Ou, ainda, a jovem que se envolveu com namorados baratos e entorpecentes caros.
Afinal, qual o mistério de Suzane?
Em novembro de 2002, quando o crime ocorreu, o psiquiatra Sérgio Telles escreveu um artigo em que mencionava reportagem do "Estadão" de 9 de novembro daquele ano, tratando das repercussões do caso na Alemanha.
Richthofen se apresentava como sobrinho-neto do Barão Von Richthofen, conhecido como o "Barão Vermelho" -o notável aviador da Primeira Guerra Mundial. A revista Der Spiegel foi atrás da notícia. O porta-voz da família do Barão assegurou não haver nenhuma relação de parentesco e que eles sabiam que, há muitos anos, o engenheiro se fazia passar por descendente da família nobre.
"Como uma pai com esse nível de patologia se ligaria com sua descendência, seus próprios filhos, se estava negando sua ascendência, suas raízes, seus pais? Como essa enorme falha na historia familiar - uma "cripta", diriam Abraham e Torok - um segredo familiar de tal monta, repercutiria sobre todos eles?" indagava ele.
Não há vã psicologia que justifique crime dessa natureza. Mas há que se encontrar a explicação. E todas as explicações estão atrás dos muros da casa que Richthofen desenhou e mandou construir especialmente para isolar sua família do mundo, conforme reparou o policial Marcelo Milani, que acompanhou as investigações iniciais.
No ambiente fechado do lar, em que infernos Suzane se meteu, com quais terrores se deparou para ir buscar a saída no mais nefando dos atos humanos, o parricídio? Quais as pressões que Manfred, o que não se conformava em não ser nobre, submetia os filhos, a ponto de Suzane ver na sua morte a única saída?
Em crimes dessa natureza, toda a atenção se concentra nos filhos, os assassinos, lembra o psiquiatra Telles. Mas há dois assassinos, um em cada ponta. ''Laio e Jocasta, pais de Édipo, antes mesmo de ele nascer, ao saberem da profecia, deliberaram matá-lo. Poderia expressar o secreto vínculo que une pais filicidas e filhos parricidas, evidenciaria a corrente de violência que circula entre pais e filhos nessa situação''.
E não se venha com a tese das más companhias. Os irmãos Cravinhos, especialmente o namorado Daniel, era dominado afetivamente por Suzane, especialmente no plano sexual. Mantinha em sua residência roupas de cama e toalhas com a foto de Suzane. A imprensa não noticiou adequadamente a reconstituição do crime, conta o policial Milani. Mas quando voltaram à cena do crime, os irmãos Cravinho tiveram um ataque histérico. Daniel passou mal e teve que ser atendido, tamanha a culpa que neles se instalou.
Mas como assombrar o universo já assustado da classe média com essas constatações, que tiram o crime do universo externo da marginalidade, da droga, da própria loucura, e o joga dentro da própria sala de visita, do próprio quarto de dormir? E se ela foi submetida às mesmas pressões que esmagam tantos jovens de classe média, que podem estar esmagando neste momento nossos próprios filhos, confrontados diariamente com a obrigação do sucesso, da carreira?
Por isso mesmo, depois de assistir o ''Fantástico'', de ver Suzane de volta à prisão dormindo algemada a uma cadeira, a classe média conseguiu um momento de consolo.
Mas a próxima Suzane pode estar no quarto ao lado, onde dorme a filha obediente, que aparentemente acata todas as imposições paternas e maternas, de pais que só aceitam o sucesso, a vitória, a carreira, e não se dão conta que lá no fundinho de cada Suzane, há uma serpente terrível, que só consegue ser dominada à custa de carinho e compreensão.


P. S.: Não sou a favor de Suzane, mas acho que tem muito podre por trás dessa estória ...

2 comentários:

Anônimo disse...

Não há nada que justifique um crime, mas a fatores que o explicam e o colocam no enfoque correto. Tem um filem do almodovar que trata do assunto: Cria Cuervos. O título é tirado de um ditado Espanhol, que diz: Crei corvos e um dia eles lhe arrancarm os olhos. O "Barão" criou corvos...

Anônimo disse...

corrigindo: crie corvos e um dia eles lhe arracarão os olhos...