20.7.09

Juliana, Xuxa, Samambaia: vale a pena mudar de imagem no tapa?

Tem muita coisa da qual gostaria de falar sobre o Senado brasileiro, mas um assunto me parece mais interessante agora (e com atraso, como sempre): o processo movido por Juliana Paes contra José Simão e a Folha por causa da brincadeira contra a castidade, e que pode ser explicado por um motivo bem simplista: a atriz está em um processo de depuração da imagem, querendo a todo custo se livrar da imagem de mulher-objeto para assumir uma carreira mais séria, da qual faz parte a mudança dos papéis envolvendo sensualidade para os deprimentes, tipo "mocinha de novela", que ela está fazendo hoje.
 
Tal estratégia não deveria ser novidade, já que a Xuxa, por exemplo, é especialista nesse tipo de mudança - e a estratégia, inclusive, envolve os processos que impedem que o passado negro venha à tona; ou seja, qualquer coisa que lembre a "vida passada" daquela que um dia foi recordista em vendas da Playboy deve ser combatida para a criação de uma nova vida; é, tipo assim, a pessoa que deixa de vender cerveja para promover tequila ou lingerie, por exemplo.
 
Nada contra, mudar de ares e de imagem na carreira é direito de uma pessoa e não estamos aqui para julgar isso; o mal dessa estratégia ocorre, no entanto, quando uma assessoria jurídica estúpida pensa em combater a liberdade de expressão de uma imprensa tendenciosa e, principalmente, orgulhosa de um poder que julga ter sobre a população em geral, o entitulado "quarto poder" que é motivo de orgulho e discussão pelas redações de jornais e revistas mundo afora. Quando esse poder é contestado o artista pode até vencer na Justiça, mas transforma-se em refém de uma estrutura que só aceita puxasacos (ou puxa-sacos) acompanhando seus passos o tempo todo - e isso pode até transformar carreiras, mas não traz respeito nem matérias realmente sinceras sobre a pessoa, muito menos na grande mídia (que, como toda grande entidade ou conjunto de entidades que se preza, é corporativista até a medula).
 
Em suma: calar a mídia por processo até é bom no curto prazo, mas e quando você precisar dela, será que a imprensa estará à mão?
 
...
 
Juliana, Xuxa ... o leitor desse blog deve estar se perguntando: onde entra a Mulher-Samambaia nessa história?
 
Entra com a franqueza de Danielle Souza, a que entrou na Fazenda da Record para, além do milhão pretendido, tentar mudar a imagem de mulher que só serve de objeto para embelezar o ambiente - ao ser confrontada por outra participante do reality show, que disse que ela não mudaria sua imagem se continuasse mostrando a b... daquele jeito, ela não teve reação a princípio (o que, aliás, seria natural).
 
Depois, porém, caiu no choro sozinha e saiu-se com esse questionamento, entre um soluço e outro: "Vocês acham que eu entrei aqui por quê, pela minha inteligência?"
 
Pode-se questionar as atitudes da moça, sua beleza ou mesmo o que faz ou deixa de fazer para ganhar a vida - mas ela ao menos foi sincera, qualidade que falta, e muito, a quem deseja calar as opiniões do mundo ou esconder seu passado na base do tapa; bom para se pensar até que ponto se pode jogar o passado no lixo ou esquecer que ele existe.

2 comentários:

Anônimo disse...

Fábio!!

Prá Juliana mudar a imagem de mulher "somente de boas formas", ela tem que fazer plástica e fazer lipo no popô. Ela tem demais!

Quando ao humor do José Simão, acho que eu como cidadão, poderia lhe processar por falar inconveniências demais. O humor sarcástico do Zé Simão não agrada ninguém, pelo menos a mim não!

Parebéns pela ótima postagem...

Alvaro Domingues disse...

Não consegui entender sua posição em relação à mídia. Você defende a liberdade de expressão mas acha que ela está vendida? A Juliana deveria abdicar de processar o Ze Simão para ter a imprensa a seu lado no futuro (ou seja, poder ela "comprá-la")? Caberia um posicionamento mais claro.