23.9.09

Prosa

O mistério do casamento

Era um momento feliz.

E eu estava lá, desfrutando de todos aqueles instantes que aguardavam aquele casamento, e tudo o que girava em redor deles.

O que tinha de tão especial aquele casamento ?

Era, simplesmente, o fim de uma longa época de sofrimentos do noivo e da noiva, em busca de sua felicidade, que terminava ali - ou começava, já que um casamento não é nem o início nem o fim de um relacionamento, apenas é um marco na vida das pessoas que estavam por lá.

No entanto, alguma coisa acontecia de especial, e vou lhes contar isso baseado no que vi e senti.

O noivo, sorridente, embora nervoso, parecia estranho.

Sentia em seu peito o coração pulsando, mais e mais, como se fosse o último momento de sua vida.

Vivia cada momento que o separava do grande acontecimento do dia.

Já uma das madrinhas parecia cansada, esperando apenas o momento de tudo aquilo terminar para voltar para casa, e viver a sua vidinha de sempre.

Um dos padrinhos, grande amigo do noivo, pensava na festa e na alegria que toda aquela situação proporcionava a todos. Estava, sem dúvida, muito feliz - embora duvidasse um pouco dos objetivos daquele casamento, pois alguma coisa nele o impedia de falar à noiva o que realmente sentia sobre tudo aquilo.

Entra a noiva.

Uma linda música é tocada pelo órgão, “Jesus Alegria dos Homens”, música doce e suave, para momentos sublimes, como aquele onde eu estava.

Vejo uma pessoa assistindo o casamento, que está começando, por um “espelho” perto do altar.

Parece que tem os sentimentos soltos no ar, como se estivesse pensando no noivo, na noiva - sei lá! Talvez estivesse pensando em muitas outras coisas, mas não tenho o sentido do que ela pensa, e logo esqueço tudo aquilo, passando a pensar somente no casamento que viria.

Ah, já ia me esquecendo da noiva.

Olhando para ela, via um sentimento forte, não sei se felicidade ou vitória, e um sorriso, típico de quem está tendo uma satisfação em estar lá. Mais não posso dizer, porque o casamento prossegue, e é melhor não perder de vista tudo aquilo que se passa no local.

As alianças, colocadas nos dedos, indicam o compromisso do casamento, agora selado; está tudo consumado de vez, penso eu.

E é nesse momento, perto do fim da celebração, que sinto alguma coisa acontecendo perto do altar, e fixo meu olhar ao redor daquele local.

E então, algo muito interessante acontece, algo que me permitiria compreender melhor o que acontecia: por uma das portas que dá acesso ao púlpito vejo alguém chorando, sabe-se lá de alegria, ou felicidade, ou tristeza, ou choro mesmo do casamento.

E nesse momento sinto que alguma coisa parece estranha no ar daquela igreja.

Quem seria o noivo ? Quem seria a noiva ? Quem estava assistindo o casamento ? Quem era o padrinho ? Quem era a madrinha ? No que pensavam todos eles, naquele momento - se é que pensavam em alguma coisa que servisse ?

Quem estava chorando lá atrás, sabe-se lá porque ? E por que chorava ? E, principalmente: o que eu fazia lá, e onde eu estava, dentro da igreja ? Poderia ser qualquer um deles, ou estar longe ...

E, se fosse o noivo, quem seria a noiva ? Se fosse o padrinho, quem seria o noivo ? Se fosse a pessoa que chorava, porque eu estaria lá ? E se eu não fosse nenhum deles, ou todos eles, ou ninguém ?

Essas perguntas talvez não possam ser respondidas por ninguém.

Talvez tenha sido tudo um delírio da minha mente, acostumada a tudo isso.

Talvez tudo isso seja uma verdade, que aconteceu ou vai acontecer nas nossas vidas, algum dia.

Talvez isso não passe de besteiras de um doido varrido, acostumado a brincar com a vida da mesma forma com que brinca com as palavras.

De qualquer forma, deixo a resposta a cargo de vocês, meus queridos leitores, para que possam aliviar meu coração, e solucionar esse mistério.

Mistério que será solucionado, um dia.

Ou será que não?

fps, 01/09, 19:48

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