23.2.10

Poesia

Diz p´ra ela


Diz p´ra ela que eu a amo,

que eu a quero,

que a espero,

que desejo,

que, se a perco,

desespero,

que, se não posso,

desperto,

mas que a quero,

mais que tudo.

Diz p´ra ela que admito

que eu não vivo,

só despacho

o que eu acho,

o que eu sinto,

o que eu penso,

não pressinto,

só calculo,

como sempre,

não sou gente,

mas somente

tenho em mente

algo menos

do que eu mesmo,

algo menos

do que expressa

aquilo que a numerologia vã de nossas vidas

nos encerra.





Diz p´ra ela que, às vezes,

sou mais máquina que ser.

Diz p´ra ela que eu não quero ser mais isso.

Que quero, apenas, ser gente.

Que quero viver contente,

ao seu lado,

num abraço,

num beijo apertado,

numa grande vontade de somente tê-la,

sem pena

e sem dor.




Diz p´ra ela que eu a amo,

e que me perdõe pela máquina que eu sou.




fps, 11/11/96, 13:01

Um comentário:

Aliz de Castro Lambiazzi **jornALIZta** disse...

Fábio, você me abriu os olhos agora. Ao ler no jornal o resultado do paredão "record" de ontem, fiquei me perguntando por que as pessoas estão deixando aquele troglodita feio e porco lá dentro. A mim ele incomoda profundamente, por ser grosso, hipócrita, frio, não ter cultura nenhuma e só culturar músculos a violência. Mas você está certo! Ele defende um ponto de vista com relação à diversidade que fala direto no íntimo da maioria. Ele abomina, de um jeito mais leve por não poder expor seu repúdio da forma como gostaria, a opção sexual diferente da dele, como a maioria dos brasileiros. Concordo que, se continuar como está, as coisas vão virar ao ponto do heterofobismo preocupar mais do que o homofobismo, mas oq ue fazer? Como agir? É fácil criticar quando não temos por perto ninguém com opções diferentes, mas e tendo dentro de casa?
Sei lá... esse BBB não serve pra nada, mas pelo menos agora, na sua análise, serviu pra uma boa reflexão.