Fala-se muito, nos dias de hoje, que o dinheiro está tomando conta das relações no mundo.
Cada vez mais percebe-se que valores morais e tradicionais estão perdendo forças para situações sociais mais impessoais, em que o que importa é manter uma certa “distância” em termos de conhecimento de vida e uma aproximação de valores ditados por uma sociedade consumista e altamente centralizada nos valores monetários.
Embora muitos digam que o dinheiro sempre foi um bem importante, na base do “dinheiro não traz felicidade - manda comprar”, nem sempre as coisas foram assim.
No início, o homem mantinha relações familiares muito fortes, totalmente subordinado a uma ordem patriarcal excessivamente forte, puritana e hipócrita, que mantinha homens em posição de destaque, subordinados hierarquicamente pela proximidade do mais forte - o “chefe da casa”, que mandava e desmandava dentro das quatro paredes da sagrada instituição conhecida como seu lar.
Mulheres e crianças eram excluidas dos processos de decisão, e para os mais jovens restava a oportunidade de criar novas famílias da época, onde o homem mandava e a mulher usava de artifícios para “convencê-lo” de certos argumentos a seu favor.
Embora muitos achem que essa família era extremamente ditatorial, o fato é que existia uma certa “distribuição de poder”, com o marido tomando as decisões, a mulher influenciando e os filhos seguindo-as, usando geralmente de sua influência filial junto à própria mãe (o filho influencia a mãe, que influencia o pai), tornando essa sociedade um tanto quanto justa.
Hoje, no entanto, a distribuição de forças de uma família é praticamente igual para todos os lados.
Mulheres que trabalham querem reconhecimento de seus papéis na sociedade, desejando independência sem quebra de sua feminilidade.
Os filhos procuram trabalhar, para ter um respaldo junto a seus pais, e também certa dose de poder na queda-de-braço que se tornou a família atual.
Os homens, por sua vez, se tornam mais “presidentes” de casa do que “chefes”, assumindo a responsabilidade de manter o equilíbrio do conjunto e tomando para si responsabilidades que a sociedade ainda exige deles, como a de auxiliar os mais velhos e tomar a frente dos negócios - embora nem isso mais seja proibido hoje às mulheres ...
Voltando ao assunto, embora muitos achem que a família esteja fadada a um fracasso, e seja instituição morta, existe um grande consenso de que essa organização ainda sobreviverá, por muito tempo.
Muitas mulheres, se não querem um marido do lado, querem filhos para se realizar como mães.
Muitas coisas na sociedade ainda são exigidas para os homens, e a grande maioria da população ainda tem uma mentalidade patriarcal, embora seja impossível pensar nisso agora.
Tudo isso é possível porque, quando vemos mulheres querendo manter sua feminilidade sem perder a independência, e querendo ter uma família - apesar de tudo - e homens assumindo responsabilidades em casa sem perder a noção de que devem assumir responsabilidades reais junto com aquilo que a sociedade exige, estamos certos de que a família ficará sempre sendo uma instituição importante, e vital para a continuidade da sociedade, não importe quanto o vil metal e o pensamento de hoje tentem mudá-la.
Ajustes existem, e eles serão feitos, mas a família sobreviverá, com certeza.
fps, 22/01/96
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P. S.: O autor desses textos só tem a agradecer a quem tem vindo ao trashetc semanalmente procurando por informação, cultura trash, opinião e tudo o mais que poderia sair da cabeça de um pensador que apenas vaga por aí, escrevendo seus textos a torto e a direito esperando ter agradado a quem o lê (ou, pelo menos, plantado polêmicas no coração daqueles que passam por aqui).
Obrigado, muitíssimo obrigado, por ter-se permitido dar um tempo para ficar por aqui.
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