28.8.10

Evangélicos e gays: a velha rixa de sempre

No Paulopes Weblog, uma notícia interessante: um evangélico foi preso no Egito por distribuir panfletos cristãos, conseguindo o apoio do Itamaraty para retornar ao país; e não me espanta que tal situação aconteça, considerando-se que nos piores lugares do mundo para um cristão estar os missionários geralmente adotam outras profissões para manter a vida, ou as aparências, enquanto agem por debaixo dos panos para falar de Cristo num contexto de extrema pressão e risco.

O que me espantou, profundamente, foi ver esse comentário, do blog do Rafael Tsavkko, a respeito do assunto; e não sei até agora dizer se me sinto indignado por ver alguém demonstrar o desejo de alguém ser punido por fazer o que lá se chama “proselitismo religioso” (e que os cristãos chamam de evangelismo) ou se me ponho constrangido, pelas inúmeras atitudes de caráter preconceituoso que os evangélicos tomam quando o assunto é garantir os direitos dos homossexuais no Brasil, entre eles os 78 direitos negados a casais gays por falta de regras sobre o assunto.

É constrangedor notar que foi um partido político, o PSOL, que deu o direito aos homossexuais de ver o primeiro beijo gay exibido em horário nobre, e que foram entidades evangélicas as que mais protestaram contra tal situação; contudo, é bom que se diga que há muito se tenta fazer com que role um beijo entre dois homens ou duas mulheres em uma novela e ele não ocorre, mais por pressão do público conservador que oposição dos evangélicos, que estão também na lata do lixo quando o assunto é opinião pública nacional.

O fato é que os protestantes, até pelo amor que tem a todos aqueles que necessitam de voltar para os braços do Pai, tratam os homossexuais como gente que precisa de orientação, mais ou menos como aquele que precisa de um tratamento para uma doença grave mas que se nega a adotar hábitos saudáveis e agir conforme o médico mandou. A única diferença, nesse caso, é que o médico das almas para os cristãos protestantes se chama Jesus Cristo, e que ele condena atitudes erradas, não as pessoas (é o “condenar o pecado, não o pecador”, que tanto se houve nas Igrejas por aí).

Nesse processo, cometemos muitos erros, e o principal é não “pensar fora da caixa”, não entender que há pessoas do outro lado que podem se sentir ofendidas por nossos pensamentos e que não vamos ser ouvidos se não soubermos respeitar o outro lado – contudo, quem tem mais respeito, quem age pelo amor ou quem age pelo ódio? Quem incomoda, com versículos bíblicos, ou quem age com violência?

Ou, mais diretamente: quem realmente quer o bem dos gays, quem tenta trazê-los para o caminho de Deus ou quem os ofende, persegue e mata?