7.9.10

Evangélicos e gays: o que deveria nos unir e o que sempre nos divide

O caso do evangélico preso no Egito com Bíblias tem rendido até agora ótimas discussões entre o autor desse blog e o “Angry Brazilian” Raphael Tsavkko, que escreveu um contundente post criticando a atitude do missionário.

Tais comentários renderam um comentário sobre o assunto aqui no TrashEtc, e sua resposta, que estão publicados também no blog do brasileiro nervoso, lado a lado, o que mostra que discussões podem ser mantidas mesmo entre os opostos mais ferrenhos, desde que hajam argumentos inteligentes e respeito entre os que se propõem a agir como “debatedores” de fato, e não como os “trolls” que pulam internet afora.

De forma surpreendente, contudo, não se fala a respeito de um assunto fundamental, que deveria unir evangélicos, homossexuais e todos aqueles que defendem um ponto de vista diferente do comum na sociedade: a defesa dos direitos individuais, expressas de forma eficiente e concisa no artigo 5º da Constituição Federal.

Os evangélicos que se metem nas discussões sobre proselitismo religioso, homofobia, heterofobia e outros clichês do gênero devem estar esquecidos de que a liberdade religiosa no Brasil só veio com a República, e que nosso país, apesar de todos os esforços, ainda é uma nação católica ao extremo - tanto é assim que nunca vi beijo gay em novela da Globo, mas também não vi casamento em Igreja evangélica “global”.

Mais do que isso, nunca vi evangélico criticando de forma violenta a Globo por não falar de protestantes nas novelas a não ser pelos estereótipos de praxe (clique aqui se quiser ver alguns deles, entre eles o fato de pobre nunca repetir roupa).

Os homossexuais e simpatizantes tem também sua parcela de culpa: está certo, homofobia é horrendo, mas não é por isso que alguém tem o direito de querer que os outros gostem do “mundo gay” à força. O evangélico, na verdade, quer ter o direito de dizer ao seu filho que isso é errado, que Deus não gosta e pune os gays, e não acha que “toda forma de amar seja válida”.

Ou seja, quer ter o direito de ser e agir como seu Deus quer que ele aja: talvez existam exageros, mas a única coisa que um evangélico deveria desejar, na verdade, é ser feliz, amar e respeitar o seu Deus, da forma que ele acha correto.

E, claro, não se sentir constrangido por isso.

Seria redundante demais escrever a respeito desses assuntos, e além disso esse espaço da internet não foi criado para falar somente de polêmicas religiosas; deixo-vos, assim, com um especialista em assuntos polêmicos no evangelismo, Caio Fábio.

Clique aqui para ler sua posição a respeito da PL 122 e aqui para ver a polêmica ocorrida quando seu filho se casou com um pastor – e, em tempo eu não comi artigo nenhum dessa frase, ele contraiu matrimônio com UM pastor mesmo, no religioso.

O que já é assunto para outra longa discussão.

2 comentários:

Raphael Tsavkko Garcia disse...

Ao dizer a uma criança que "deus" não gosta e pune os gays, o pai estará criando um filho homofóbico e intolerante que olhará para um gay como se fosse um criminoso.

Não, um cristão não tem o direito de ensinar preconceito.

Fábio disse...

Essa questão, do preconceito, é extremamente complexa: como dizer a um filho o que é certo ou errado, assumir uma posição, nadar contra a corrente da diversidade e dizer o que é o pecado e seus efeitos, e não "magoar sentimentos", ainda por cima.

Difícil ...