27.6.07

Mais realista que o rei ...

Então tá

Em meados dos anos 70, um acidente de caminhão deixou lotado o hospital de São Bento do Una, em Pernambuco. Deputado estadual pelo então MDB, o médico Lívio Valença (1916-2003) foi chamado a ajudar no socorro às vítimas. Uma vez no local, iniciou a triagem dos feridos:
-Este não é grave... Aquele pode mandar para a enfermaria... O outro ali precisa de cirurgia... Este está morto.
-Ei, doutor Lívio, estou vivo!-, protestou, da maca, o homem cujo óbito acabara de ser declarado.
Ávido por agradar ao chefe, um assessor do deputado repreendeu duramente o enfermo:
-Cala a boca, rapaz! Vai duvidar do doutor Lívio?

(Contraponto, Folha de S. Paulo, 27/06/2007)

19.6.07

Siri estragado, limão azedo e vice-versa ...

Francamente: eu não sei porque tanta coisa, tanto clima fúnebre e tanta palavra dita sobre o final do namoro do Alemão e da Siri do BBB7, cantado e decantado em prosa e verso por muito tempo em blogs como o Decarapralua (http://decarapralua.zip.net) e o Tevescópio (http://www.tevescopio.com.br), ou maltratados Reality Center afora - já estava muito na cara que isso ia acontecer, afinal de contas o Diego era esperto o suficiente como jogador para criar uma imagem extremamente favorável de si mesmo, a tal ponto que vestia-se de Johnny Bravo sempre que ia ao paredão para criar uma empatia com o público, e a consequente vitória na competição.
 
Só que ele cometeu um erro - separar-se de forma tão violenta; ninguém que aspira ao estrelato na televisão pode ser trouxa o suficiente a ponto de terminar um relacionamento acusando alguém de traição, mesmo que seja verdade. Nesse ponto, Diego Gasquez imita outra pseudo-celebridade que jogou titica no ventilador, Grazielli Massafera, e que, da mesma forma, comprovou ser bem menor como ser humano que como celebridade de 15 minutos (e que estão durando muito, aliás, pois o Alemão praticamente não tem jogo nenhum para comandar um quadro no Fantástico, quanto mais um programa de TV).
 
Siri, por sua vez, não tem a assessoria de uma Grazi ou de uma Sabrina Sato para se dar bem no meio artístico - é pena, não pela capacidade de ser alguma coisa na telinha (que ela não possui) mas pelos sonhos desfeitos de uma garota que até silicone botou para realizar os poucos minutos de fama de um BBB.
 
Minutos que, agora, comprovamos que podem ser amargos, dependendo do que se quer nessa vida.
 
...
 
Com esse pequeno comentário retomo a publicação de textos meus no TrashEtc.; estava com saudade de escrever por aqui. Mas agora eu pergunto: e você, de que lado está? Do lado do Ale-canalha-esperto-milionário ou com a Sirizinha-minha-queridinha-cuti-cuti?
 
Opine, fale, grite - mas no espaço abaixo, por favor; ele é todo seu ...
 

15.6.07

Bem feito ...

Relax aérea

Durante vôo que o levou ontem de Brasília ao Rio, Lula chamou para perto de si os ministros a bordo: Tarso Genro (Justiça), José Temporão (Saúde), Miguel Jorge (Desenvolvimento), Orlando Silva (Esporte) e Marta Suplicy (Turismo). A ex-prefeita tomou a iniciativa de comentar a saia-justa que criara na véspera ao fazer sugestão heterodoxa aos usuários do caótico transporte aéreo nacional, pelo que já havia pedido desculpas públicas:

-Presidente, sem querer embaracei o governo...

Bem-humorado, Lula valeu-se das palavras da própria ministra para tranqüilizá-la:

-Marta, relaxa e goza!

Contraponto - Folha de São Paulo, 15/06/2007

Mas o brasileiro fala tão mal do país mesmo?

Estranho ... se acessarmos os sites domésticos da CNN, dos jornais de países europeus ou dos grandes sítios internacionais ninguém verá somente boas notícias; muito pelo contrário, sempre soubemos que a má nova é que vende, nunca a boa, e que criticar políticos e a política sempre é interessante porque mostra a independência de um periódico, mesmo que ela não exista de verdade.
 
Logo, porque Lula, a esfinge presidencial, insiste em querer uma imprensa que não fale mal do país se o povo que a lê não pensa desse jeito? O povo pode até estar errado em sua análise, mas a percepção de que há muita coisa boa no país não retira dele a insatisfação natural de quem nunca confiou nas instituições e tem cada vez mais motivos para se sentir injuriado com o que acontece por aí.
 
Além disso, falar mal é fácil; difícil é dar soluções para os problemas do cotidiano - alguém se habilita?
 
...
 
E você, concorda ou discorda dessa afirmação? Aliás, gostaria que o Olho Clínico tivesse algum link para sites internacionais, a fim de saber se realmente o estrangeiro fala tão mal de si mesmo como o nosso?
 
Como sempre, a palavra é sua: comente, grite, berre se quiser - ou melhor, não berre muito porque dói no ouvido ... rs ...

13.6.07

No TrashEtc!

Empreiteiro cego e outras brincadeiras, em http://trashetc.blogspot.com.
 

Impressionante ...

Prefeito é preso por contratar empreiteiro cego na China

Huang Wenge, prefeito de um vilarejo em Xiushui, China, foi condenado a 18 meses de prisão por causa de uma contratação.

De acordo com agência de notícias Associated Press, Xia Huaqing foi encarregado de coordenar a construção de uma ponte e sugeriu alterações no projeto. Detalhe, Huaqing é cego.

A ponte acabou ruindo e 12 trabalhadores ficaram feridos. Xia Jiazhong, uma liderança política local, também foi considerado responsável pela contratação do deficiente visual e foi condenado pela corte da província de Jianxi a 12 meses de cadeia.

(reproduzido do MinhaNotícia iG, em 13/06/2007)

Manda quem pode, obedece ...

Ordens são ordens

Em recente visita à sede do governo do DF, num galpão de Taguatinga, Henrique Hargreaves, ex-ministro da Casa Civil no governo Itamar Franco, brincava com o fato de não haver divisórias entre as salas dos secretários:

-Mas governo não funciona assim, sem burocracia.
Assessores do governador José Roberto Arruda (DEM) quiseram saber o motivo do espanto, e ele completou:
 
-Quando cheguei ao Planalto havia um guarda tomando conta de uma parede. Perguntei o que ele fazia ali, e me responderam que oito anos antes aquela parede havia sido pintada. O guarda tinha sido designado para cuidar dela, e desde então ninguém se lembrara de tirá-lo de lá.
 

Contraponto, Folha de S. Paulo, 13/06/2007

8.6.07

Marcha para Jesus X Parada Gay: capítulo 1239128310923901 ...

Corpus Christi, cidade parada e um velho assunto: a Parada Gay e a Marcha para Jesus atraem atenções, uma da mídia e do politicamente correto reinante na sociedade, a outra da multidão evangélica que cresce a cada ano no Brasil. Embora a Marcha tenha sido mandada para local menos nobre - a Praça dos Expedicionários, lugar bom para shows mas que não é de destaque como a Avenida Paulista - reunir 4 milhões de pessoas para louvar a Deus não é coisa para qualquer um, ainda mais sem propaganda e sob os efeitos da picaretagem dos comandantes da Renascer em Cristo.
 
As Assembléias de Deus e a Igreja Universal bem que deram uma força extra aos demais movimentos evangélicos para dar à Marcha, em um dia, o que o Papa não conseguiu fazer em três (para se lembrar, Bento XVI reuniu 1,4 milhão de católicos em todos os eventos que realizou no Brasil). Mas uma coisa eu não consegui entender ainda: se é para termos arruaça na Paulista no primeiro ano sem o evento neopentcostal - e ainda, por 200 punks que comprovadamente não tem nada na cabeça - porque é que tiraram a Marcha de Jesus da Paulista, então?
 
Evangélico não dá dinheiro, ao contrário dos votos que ninguém aparentemente deseja, mas ao menos deixa tudo limpinho depois de sua passagem - ao contrário do que vocês verão com os inferninhos da Parada de domingo, comprovados nos jornais de segunda.
 
...
 
E você, frequentador assíduo do Olho Clínico ou que está de passagem, acha que o dinheiro dos gays vale parar a Paulista no domingo, defende o direito dos evangélicos de marchar sob a FIESP ou apenas queria um pouco de paz num feriado de sol?
 
Deixe seu recado nos comentários abaixo, ele é muito importante para nós - você não sabe como ...

5.6.07

Prosa, de 96, revisitada ...

Xadrez

 

O xadrez é um jogo fascinante.

 

Rainhas, torres, bispos, peões, cavalos, todos se movem, coordenadamente, seguindo os passos da mesa, procurando caminhos secretos e escondidos, a fim de achar em si um único objetivo: encurralar o rei, colocando-o em xeque, ou aniquilá-lo, no caso do xeque-mate, destruindo por completo suas chances de escapar de tal armadilha.

 

E aqueles dois, no cair da noite, faziam exatamente isso: jogavam xadrez, até mesmo com o relógio que marcava as horas e passos e que dava o tom daquele jogo.

 

- Clic!

 

A torre move-se perigosamente em direção ao bispo adversário.

 

Torres, no entender da dialética que rege o jogo, são princesas, que, encarceradas, não tem outro remédio senão andar, para a frente ou para os lados, em busca de salvação. Bispos, por sua vez, são peças ariscas, ora pendendo de um lado, ora do outro - andando sempre em diagonal, à procura do momento certo para atacar.

 

- Clic!

 

Um peão se move à frente.

 

Peça desnecessária, o peão apenas morre por seu líder. Não sabe porque está lá, ou o que virá a fazer depois; apenas move-se, uma casa por vez, procurando apenas um caminho para vencer - e talvez escapar de sua sina de peão.

 

- Clic!

 

O cavalo se move.

 

Garboso, imponente, age na socapa, atacando de frente, para ir depois de lado. Corre pelos prados, ataca os flancos, abrindo caminhos em seu movimento, estranho, porém eficaz.

 

- Clic!

 

O jogo torna-se tenso, frenético, compulsivo.

 

- Clic!

 

Move-se a rainha, a peça mais importante do jogo, aquela que pode destruir o rei se atacá-lo às suas costas. Já foi um vizir, o amigo do rei, conselheiro talvez, mas é a mesma coisa: é a eminência parda, aquele que se mexe em todas as direções, de todas as formas, pronto para destruir, e induzir ao erro, e proteger o rei - ou matá-lo, talvez.

 

- Clic!

 

Mais tensão se sente no ar.

 

- Clic!

             

Os jogadores suam, desesperados, à procura de um movimento fatal.

 

Peças vão sendo retiradas, uma a uma, do jogo, ora um bispo morto em combate, ora uma torre destruída, ou mesmo um peão que se foi, sem saudades.

 

- Clic!

             

Movimentos anunciam que o jogo está por terminar.

 

- Clic!

 

Mas, uma dúvida: por que esse jogo seria tão importante?

 

- Clic!

 

Por que uma simples partida de xadrez ...

 

- Clic!

 

... valeria tanto ?

 

- Clic!

 

Ou melhor: por que tanto ...

 

- Clic!

 

... por tão pouco?

 

...

 

Um erro, um descuido, e um deles comete um erro primário, colocando o rei à vista. De um lado, um bispo, do outro, uma torre, e a rainha por perto, a lhe ameaçar.

 

- Xeque !

 

- Ah, não ...

 

Tira do bolso uma arma, e aponta ao outro.

 

- O que é isso, meu velho? Bebeu? O que ...

             

- Clic.

 

E a arma cuspiu.

 

E o corpo caiu.

 

...

 

Olhou em volta.

 

Um sorriso sarcástico lhe veio aos lábios. Enfim, tudo se acabara, “consumatum est”, como era dito nas aulas de latim.

 

E, chegando-se ao outro, que jazia no chão tendo ainda nas mãos o rei branco capturado pouco antes, fechou a fatura, com chave de ouro:

 

- Xeque-mate.

 

FPS, 04/06/2007, 22:50

 

 

3.6.07

Transformação é isso aqui, ó !!!

Nos EUA o programa "Extreme Makeover", da ABC, promete o milagre de transformar o feio de dar dó (ou nojo) em bonito pra valer (ou perto) - e eu não tinha muita idéia de como era possível fazer isso até ver as fotos que estão no endereço abaixo:
Vale a pena dizer: atenção, fotos fortes !!! rs ....