28.1.10

Manifesto contra os cretinos que estão conseguindo acabar com São Paulo

Segunda foi o aniversário de 456 anos da maior cidade do Brasil, cidade que não dorme em momento algum (apesar de parar da meia-noite às 04:00h para efetuar manutenção em suas linhas de metrô).

Muitas pessoas falam de como conheceram São Paulo, vieram pra cá, apaixonaram-se pela selva de pedra, numa relação de amor e ódio que persiste e que divide as pessoas entre a velha senhora que os adotou como filhos e a terra-mãe de onde sairam para vir para cá.

Eu, por outro lado, não posso dizer isso.

E por um motivo muito simples: nasci nessa cidade, e vivo até hoje na Zona Leste, dormitório da maioria das pessoas que vivem aqui e que mantém características mais pacatas que o restante da cidade – é o que o mercado imobiliário chama de “ar de cidade do interior” (e que , para os do interior e de outros Estados, está bem longe de ser verdade).

Mas sou paulistano, de carne e osso.

E raiva.

Muita raiva.

Raiva de ver a cidade que eu amo refém de um governo podre, que consegue ser pior do que o de muitos corruptos que infestaram essa cidade e esse Estado.

Refém de um grupo de pessoas que acham que a cidade deve se tornar um laboratório de tendências avançadas sem que se pergunte aos seus cidadãos o que eles desejam da cidade em que vivem.

Refém de um pensamento, que de agora em diante chamarei de "modelo Vila Madalena de governo”, que acha Paris o máximo em cidade e pensa que seria chiquérrimo que a cidade fosse daquele jeito, mas não se apercebe de que nossa cidade sozinha é maior que a região metropolitana da capital francesa.

E que, aliás, funciona como um distrito único, ao contrário da Grande SP de tantos municípios diferentes que não conseguem formar um consórcio para administrá-la, e cuja extensão como megalópole só não é maior porque os pedágios e a falta de trens não permitem que seja assim.

Essa gente acha que o pedágio urbano de Londres é uma maravilha mas se esquece de que aqui em São Paulo todos os caminhos correm para o centro, que é, apesar de decadente, muito produtivo – e que só não é utilizado mais porque a população não pode utilizá-lo como deseja, ou como precisa (e isso também inclui o carro, que é, ainda, essencial numa cidade como a nossa).

Para essa gente necessidades da população são só detalhes; o que conta mesmo é imaginar que a Virada Cultural é sempre um sucesso, como nas Noches Blancas espanholas.

Não se importam com o cheiro de mijo e maconha que está ao redor deles, nem com a segregação dos shows que se vêem na região.

Para esses cidadãos as enchentes anuais são culpa sempre dos cidadãos, que não são educados e insistem em querer morar onde não devem (como se a alternativa fosse morar debaixo das pontes, que já estão cheias, ou nas ruas degradadas do Centro Velho).

E, o mais engraçado, o que antes era culpa dos governos passa a ser culpa de qualquer coisa que não sejam nossos abençoados governantes e seu modelo de gestão, que não sabemos nem se é exatamente para a classe média que os elegeu.

A mídia, nesse caso, tem um papel especial: como o governo e a prefeitura de São Paulo estão fazendo exatamente o laboratório de idéias avançadas que os colunistas de jornal pregam, estes agem como baratas tontas, protegendo o governo dos sonhos da classe média e a-do-ran-do a “evolução” dessa cidade.

Parecem presos à década de 20, à Semana de Arte Moderna e à Klaxon, e esperam que Mário de Andrade e Tarsila do Amaral surjam do nada para lhes ensinar formas antropofágicas de fazer um novo jornalismo, e trazer a educação que fará de cada paulistano um gentleman, e fará New York invejar “Sampa”.

Esquecem-se de que cidades são feitas de gente, que deseja mais do que simplesmente viver em uma cidade padrão.

Que não existe.

Já que nenhum paulistano chama São Paulo de Sampa.

 

Dedicado ao pessoal do Com fel e limão.

24.1.10

O email do auxílio-reclusão

Eu gostaria de estar teorizando sobre o Kassab e como a classe média de Vila Madalena está afundando com São Paulo, ou falando de um (im)provável governo conjunto entre PSDB e PT, mas acho um assunto mais interessante me chamou a atenção.

Corre pela Internet email falando do absurdo que é o auxílio-reclusão dado aos familiares de presos, com o texto abaixo:

“VOCÊS SABIAM DO AUXÍLIO RECLUSÃO?

Bandido com 5 filhos, além de comer e beber nas costas de quem trabalha, comandar o crime de dentro das prisões ainda recebe auxilio de R$ 3.760,60.

Qual pai de família com 5 filhos recebe um salário suado igual???

QUE PAÍS É ESSE???

VOCÊS SABIAM DO AUXÍLIO RECLUSÃO? (... e vamos lá pessoal... não deixem de cantar o Hino Nacional,  pelo menos 15 vezes ao dia...)

Vocês sabiam que todo presidiário com filhos tem uma bolsa que, a partir de 1/2/2009, é de R$ 752,12 por filho, para sustentar a família, já que o coitadinho não pode trabalhar para sustentar os filhos por estar preso?

(Portaria nº 48, de 12/2/2009, do INSS)

CONFIRA NO SITE http://www.previdenciasocial.gov.br/conteudoDinamico.php?id=22- Auxílio-reclusão.

Por favor veja na íntegra o texto deste auxílio. Você vai estarrecer. Você não vai querer acreditar. Leia e medite.

A - Pergunta que não quer calar 1 :

Por acaso os filhos do sujeito que foi morto pelo coitadinho que está preso recebem uma bolsa de R$752,12 por filho, para seu sustento?

B - Pergunta que não quer calar 2 :

Já viu algum defensor dos direitos humanos defendendo esta bolsa para os filhos das vítimas?”

Bem, eu sou defensor dos direitos humanos e acho que o tratamento dado aos presos no Brasil só é digno para os que corrompem o sistema – mas vamos pensar um pouco no que está escrito no link que esse cidadão passou no email:

“O auxílio-reclusão é um benefício devido aos dependentes do segurado recolhido à prisão, durante o período em que estiver preso sob regime fechado ou semi-aberto. Não cabe concessão de auxílio-reclusão aos dependentes do segurado que estiver em livramento condicional ou cumprindo pena em regime aberto.”

Até aí, nada demais – bate com o email; mas veja o que está escrito abaixo:

“Para a concessão do benefício, é necessário o cumprimento dos seguintes requisitos:
- o segurado que tiver sido preso não poderá estar recebendo salário da empresa na qual trabalhava, nem estar em gozo de auxílio-doença, aposentadoria ou abono de permanência em serviço;
- a reclusão deverá ter ocorrido no prazo de manutenção da
qualidade de segurado;
- o último salário-de-contribuição do segurado (vigente na data do recolhimento à prisão ou na data do afastamento do trabalho ou cessação das contribuições), tomado em seu valor mensal, deverá ser igual ou inferior aos seguintes valores, independentemente da quantidade de contratos e de atividades exercidas…:”

Ou seja, há requisitos para receber o tal auxílio, e um deles é ter pago o INSS – ou seja, esse benefício não é para o Fernandinho Beira-Mar, que até não recolhe como “ladrão safado e perigoso”, mas sim para o indivíduo que cometeu um crime, foi preso e condenado, e que deixou filhos que podem receber o benefício, que é semelhante ao auxílio-doença, por exemplo.

Satisfeitos? Bem, vamos continuar pois eu não estou, não; há também requisitos para deixar de receber o benefício, e entre eles, estão:

“O auxílio reclusão deixará de ser pago, dentre outros motivos:
- com a morte do segurado e, nesse caso, o auxílio-reclusão será convertido em pensão por morte;
- em caso de fuga, liberdade condicional, transferência para prisão albergue ou cumprimento da pena em regime aberto;
- se o segurado passar a receber aposentadoria ou auxílio-doença (os dependentes e o segurado poderão optar pelo benefício mais vantajoso, mediante declaração escrita de ambas as partes);
- ao dependente que perder a qualidade (ex.: filho ou irmão que se emancipar ou completar 21 anos de idade, salvo se inválido; cessação da invalidez, no caso de dependente inválido, etc);
- com o fim da invalidez ou morte do dependente.”

Ou seja: se o cidadão fugir, ou se por algum motivo o dependente não precisar mais, cessa-se o benefício – como, aliás, qualquer outro benefício da Previdência Social; não dá para entender porque tanta gente reclama desse assunto, sendo que trata-se, apenas, de mais um auxílio prestado pelo INSS, como o auxílio-doença, por exemplo.

Não dá para entender … ou melhor, dá sim; é porque é mais fácil mandar emails reclamando e xingando nossos políticos do que fazer como a Maria da Penha que dá nome à sua lei, e que ficou 25 anos lutando por justiça e para que outras mulheres não sofressem o que ela sofreu (ficou paraplégica de tanto apanhar do ex-marido).

Por isso, se o auxílio dos presidiários incomoda tanto, parem de mandar emails indignados e comecem a ver de fato como mudar essa situação; não adianta nada achar que nesse país “nada vai mudar”, se não tomarmos providências como cidadãos para fazer política do jeito que ela deve ser feita aí é que nada vai mudar mesmo.

Quer mudar alguma coisa? Então faça um favor: AJA.

P. S.: Para conhecer mais sobre o auxílio-reclusão, clique aqui e veja um trabalho da Vunesp a respeito do assunto.

20.1.10

Poesia

porque longe estava?


não estava longe,
nem tanto, não;


apenas não podia
falar como devia;


ou como queria.


porque longe estava?


não estava longe,
nem tanto,
nem tanto.


mas como queria,
como precisava,
como desejava ...


ESCREVER !!!


fps, 27/11/09, 20:56

19.1.10

Ainda o Haiti

Quer ajudar as vítimas do Haiti? Seguem alguns caminhos:
  • Para auxiliar as vítimas do terremoto no Haiti: Ajuda através da organização de raízes cristãs, Visão Mundial (CNPJ: 18.732.628/0001-47), por depósito nas contas - Bradesco (Ag.: 3206-9 / CC: 461666-9), ou Banco do Brasil (Ag.: 0007-8 / CC: 16423-2).
  • ou através da Central do Adotante: (21) 2122-1901. Por enquanto, o número 0800 709 1900 (para ligação gratuita de ofertantes de outros Estados fora do Rio) continua com problemas técnicos. Quem fizer uma doação diretamente na conta de Missões Mundiais, deve em seguida enviar o comprovante de depósito através do fax: (21) 2122-1911. As pessoas sensibilizadas por esta tragédia devem fazer logo suas ofertas, pois elas serão entregues aos irmãos haitianos, pessoalmente, em fevereiro, pelo Pr. Mayrinkellison Wanderley, Coordenador de Missões Mundiais para as Américas.
  • Contribua Banco BradescoAg 1125-8 cc 59000-2 Central do adotante 0800 709 1900

  • Informação oficial da Caixa:As doações que podem ser depositadas em toda a rede da Caixa, serão encaminhadas para o Programa Mundial de Alimentação (PMA) da Organização das Nações Unidas (ONU) e para o Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assistência Humanitária (OCHA, sigla em inglês).
    Conta para doação

    Banco: Caixa Econômica Federal Agência: 0647Operação: 003 Conta: 600-1
  • Outras entidades: clique  aqui.

Créditos (e agradecimentos) ao O que se esconde? pelas informações.

16.1.10

Poesia




Desejo,
do fundo do meu ser,
que mais sonhadores existam.

Pois sem eles
gente como nós, os realistas,
seriamos mais chatos do que já somos.

Desejo,
do fundo do meu ser,
que acreditemos em dias melhores.

Pois se não for assim,
de que adianta sonhar
com tempos que não vão chegar nunca?

Desejo
amar, sorrir, viver,
e jamais deixar de pensar

que a vida,
sim, a vida,
merece ser vivida,

que nosso semelhante
deveria ser visto como alguém
e não como o pedaço de podridão

que insistimos em imaginar
que não existe.

E que insistimos em pensar
que não tem necessidades.

Como nós.

Desejo, desejo assim,
jamais parar,
jamais querer,
jamais deixar,
jamais,
jamais,
jamais mesmo,

Desejo jamais deixar ...

de, na vida, ...

... ACREDITAR.


fps, 14/01/10, 15:15

15.1.10

Para pensar




"Quero, um dia, poder dizer às pessoas que nada foi em vão... que o AMOR existe, que vale a pena se doar às amizades a às pessoas, que a vida é bela sim, e que eu sempre dei o melhor de mim... e que valeu a pena!"

Nos meus 5 anos de casamento, quero dizer que ainda estou lutando por tudo isso; beijos, nane, te amo, muito, do tamanho do mundo e muuuuuito mais !!!

10.1.10

Poesia

Atos e desatos de uma vida inteira

Te procuro.

Me esqueço.

Te acho.

Me entendo.

Te quero.

Me mato.

Te adoro.

Me arraso.

Te vivo.

Me explodo.

Te vejo.

Me acendo.

Te mato.

Me quero.

Te sinto.

Me amo.

Te arraso.

Me entendo.

Te quero.

Me sinto.

Te vejo.

Me penso.

Te adoro.

Me arraso.

Te vivo.

Me vejo.

Te quero.

Me acendo.

Te sinto.

Me amo.

Me quero.

Me faço.

Me sinto.

Me arraso.

Me vejo.

Me entendo:

 

 

Te amo.

FPS, 05/08/1996, 09:20

6.1.10

Poesia

Reflexões sobre o vazio existencial de um ser humano qualquer
(que deveria estar afogando as mágoas num bar e não fazendo poesia)


Quando eu morrer,
não me enterrem em qualquer lugar.
Me cremem, assim ocupará menos espaço.


Quando isso acontecer,
façam um favor a mim:
botem uma webcam no funeral.


Assim,
quem não quiser vir à Igreja
não precisará sair de casa para me homenagear.


Apenas fará suas orações,
desligará o equipamento
e seguirá para sua vida.


Quando eu daqui sumir
façam o que quiser com meus emails,
meus sonhos e meus pensamentos.


Apenas mantenham meu registro virtual.
Não mexam no Orkut,
no Facebook,
no blog,
no flog,
no Twitter,
no Show ...


(aliás, o que é Show?).


Isso peço
para que eu seja eternizado,
enquanto os servidores do mundo estiverem no ar.


E para que todos se lembrem
de quem um dia eu era.


Do que eu fiz.


Do que eu fui.

fps, 01/01/10, 21:04