7.3.10

Mulheres no ministério evangélico: o último refúgio do machismo?

Dia Internacional da Mulher é uma época interessante para, além de homenagear as mulheres de nossas vidas e dar lucros estupendos aos vendedores de rosas, falarmos das conquistas crescentes que o sexo feminino obteve no último século – e uma das mais importantes, sem dúvida, é a idéia .

Entretanto, características do preconceito e do machismo persistem – e muito – na sociedade, e uma delas é das mais fortes e presentes na sociedade: a ordenação feminina aos cargos de comando nas Igrejas em geral.

No caso da Igreja Católica, a discussão é até mais branda pois é permitido às mulheres a consagração como freiras, embora a questão entre os romanistas passe também por outros aspectos, como a permissão para que os padres se casem, por exemplo.

Contudo, o ministério feminino nas Igrejas evangélicas tradicionais é um assunto considerado tabu no contexto protestante, a tal ponto que dizer que mulheres são “iguais aos homens, porém diferentes nas funções sociais” se tornou obrigatório para muitas delas – principalmente entre as denominações reformadas, das quais a Igreja Presbiteriana do Brasil é a maior, e que estão entre mais contrárias a ordenação de mulheres ao comando de uma Igreja.

Sempre que alguém questiona essas questões, costuma rolar um quebra-pau danado entre as diversas tendências (veja aqui um ótimo exemplo), com direito à duas aberrações que só existem no meio evangélico: homens feministas, que defendem a igualdade de funções, e mulheres machistas, que, na prática, dizem que mulher pode fazer de tudo no mundo, mas que, dentro da Igreja, devem ficar em silêncio.

Como “convém, aliás, a uma mulher cristã” (rs … brincadeira …).

De fato, a frase acima foi uma brincadeira, mas que é levada a sério por muitas igrejas por aí, talvez porque seja extremamente cômodo viver sob a tutela da família tradicional, composta por pai, mãe e filhos, e na qual o pai manda, a mãe e os filhos obedecem cegamente e que é celebrada em verso e prosa a cada almoço de domingo depois da Escola Bíblica Dominical.

O problema é que cada vez mais essa família é peça de museu, a tal ponto que nem mesmo aqueles que combatem o ministério feminino conseguem impor em sua casa o comportamento patriarcal que exigem na Igreja – sim, porque a organização das Igrejas é reflexo da organização familiar, que está em constante processo de mudanças e que cada vez mais se afasta desse modelo de “homem manda, mulher obedece”.

E que se reflete no meio espiritual, pois como a mulher pode ser subordinada a um homem na Igreja se não aceita ser “comandada” daquele jeito em sua própria casa?

Para terminar, uma hipótese possível: suponhamos que Dilma Rousseff seja eleita Presidente da República e que vá a um culto de aniversário da IPB - como o dos 150 anos, em que Lula, inclusive, discursou ...

… a Igreja Presbiteriana negaria um lugar no púlpito à uma Presidente do Brasil?

P. S.: Às mulheres do Brasil, parabéns (antecipados) pelo seu dia.

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