28.6.10

Se você pudesse escolher, como gostaria de morrer?

Que pergunta ... bem, eu gostaria de estar junto com as pessoas queridas, fazendo o que gosto ... mas, principalmente, gostaria de não saber o dia, a hora e a forma do fim dos meus dias, para não esperar por ele.

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E aí, Fábio, volta e meia estou no seu espaço...E também no boteco... Um grande abraço Sampaio

Obrigado, Sampaio, por ler o TrashEtc, comentar e usar o espaço do formspring, o "Fala que eu te escuto" aqui do lado.

Aliás, como já fazia um tempo que eu queria dar um bom uso ao formspring, vamos combinar o seguinte - escrevam, perguntem e comentem nesse espaço; na medida do possível, seu comentário pode virar um post do meu blog, como esse aqui que estou escrevendo, OK?

Até breve então, gente, no nosso próximo "Comente o comentário" ...

P. S.: Juro que esse nome saiu agora, rs ...

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27.6.10

Prosa ou poesia, depende do gosto de cada um …

Desert Landscape

Conversa do velho escriba com o todopoderoso 

 

Na antesala do céu e do inferno

o velho escriba recémchegado olha para deus;

o todopoderoso lhe diz muito prazer, sou quem você dizia que não existia;

o escriba lhe diz pois é, estava errado;

deus, após uma pausa, mira-lhe com um misto de ira e desprezo,

e lhe informa sabes o que vai te acontecer, não sabes?

e o escriba lhe responde, mais sereno do que deveria estar;

pois sim, sei que o inferno me aguarda, desta forma,

e deus, curioso e indignado, mas já esperando a resposta,

pois sabe de tudo e de todos, e de todos os sentimentos,

pergunta-lhe mas como estás assim?

assim como? pergunta o escriba;

eu lhe digo que vais para o inferno e vós desse jeito,

sereno, tranquilo, sem nem pensar no desespero eterno

que o aguarda? responde, pois, é teu deus que te pergunta.

primeiro, não és meu deus, começa o escriba,

visto que jamais acreditei em ti, e, portanto,

não posso reclamar quando te vejo em sua glória completa;

segundo, o mundo de onde vim é tão injusto quanto é essa antesala,

o que mostra que tu não és somente a bondade do que falavam;

isso é verdade, interpela deus lhe mirando,

agora com o rosto transfigurado, com um sorriso,

como se estivesse gostando de ser desafiado por aquele escriba.

mas continue, por favor, diz o todopoderoso.

e terceiro, para encerrar,

de que posso reclamar agora que o fim está próximo?

errei e não errei, errei em não aceitar um deus mas não errei em negá-lo,

pois és mais complexo do que imaginava.

sabes que há quem espere que se ajoelhe?

não, não farei isso,

e porque não o faria?

porque seria hipocrisia demais da minha parte,

ajoelhar-se diante de quem não se respeita.

 

pois bem, vais descer agora, teu sofrimento deve começar;

já sei, tive a educação dos católicos, não me espantaria isso;

mas não farei isso com você, interrompe o todo poderoso.

e o que será de mim então? pergunta o escriba, curioso

para saber qual o destino que o reserva.

 

 

está vendo aquele banco, naquele cantinho?

sim, me parece um banquinho de madeira, com um estofo em cima.

sim, pois é, seu destino será ficar ali, de frente para mim, para sempre.

 

mas como, nada mais do que isso,

nada de fogo, ranger de dentes, etecetera e tal?

 

não.

 

mas porque, deus, farás isso comigo?

 

para punir-te,

e, antes que pudesse arguir, completa deus todo poderoso:

 

“Pois queres maior punição para um ateu do que lembrá-lo de que Deus existe?”

 

fps, 27/10/2010, 12:21

22.6.10

Copa 2010: Dunga vs Globo e etc.

Dessa encrenca entre o Dunga e a Rede Globo só não concordo com uma coisa: Ricardo Teixeira concorda e apóia plenamente o técnico que ele colocou lá dentro para botar ordem na casa e trazer o hexa, custe o que custar.

Até porque viria bem a calhar na hora em que faremos uma Copa no Brasil, com muito dinheiro para ser gasto e um governo que terá que ser “convencido” a fazer parte dos planos para evitar que 2014 seja um fiasco.

Nesse contexto, nem o hepta seria tão importante quanto ser um bom anfitrião – e, quanto aos jogadores , é claro que estão adorando essa polêmica: ninguém cobra nada deles, só do chefe, e o caminho para o título fica bem menos espinhoso.

Agora, vem cá: tem certeza de que o brasileiro quer saber de futebol mesmo ou de oba-oba?

Porque se fosse assim a Globo encheria os telejornais com detalhes táticos, falaria bastante das outras seleções, e não de “frescuras” como as que vimos em 2006, único momento em que um país inteiro entrou de salto alto numa Copa.

Ou isso também não é verdade, assim como não é um fato que a Globo sempre trabalhou em cima do público feminino, e que, por conta desse detalhe, faz mais questão de mostrar a vida dos nossos craques do que o talento que eles tem com a bola no pé?

Francamente, Dunga deveria aprender com Luís Felipe Scolari, o único técnico de Seleção brasileira respeitado por um título de Copa.

Em breve volto com mais pitacos, mas deixo vocês com uma pergunta típica de blogueiro: gostaram do novo template?

Respondam, na área de comentários ou no “formspring”, aí do lado … até.

Poesia

Contraditória do São João

E enquanto no Nordeste
São João pinta e borda,
no Sudeste a gente reclama.

"Bando de vagabundo
que não trabalha;
só tem tempo para festa"

E a resposta do arretado,
no resto do ano empregado,
ou mesmo patrão:

"E o que é que é pior,
quadrilha regada a quentão
ou rave cheia de bolinha?"

Hein?

FPS, 25/06/04, 09:39

18.6.10

José Saramago



Era simples pensar na vida com um início um meio e um fim 

Não imaginar que amanhã tudo seria melhor 

E de repente tudo ficava triste 

Como se tudo estivesse por terminar a qualquer momento 

Hoje 
Agora 
Sempre 

Num segundo
Tudo muda
E acaba
Como uma vírgula que não devia ser ponto final,

Mas é.


fps 18-06-2010 14:24

16.6.10

CALA BOCA GALVÃO … mas tem tanta gente que precisa calar a boca junto com ele …

Galvão Bueno é um chato, fato.

Mas, convenhamos, não é só Galvão que é chato.

Chato é o indivíduo que faz macumba para ganhar a Copa para o Brasil.

Chato, também, é o supersticioso, que acredita que o Brasil será hexa se ele vestir a mesma cueca nos sete jogos, ou que, quando ele sair para tomar água, terá desencadeado a conjunção astral que fará a Seleção marcar um gol.

Chato, também – aliás, chatíssimo – é quem se mete na patriotada de dizer que “não vale criticar a Seleção”, mesmo diante de qualquer um que ousa dizer que o Brasil está jogando mal, ou que tem a coragem de dizer que o outro time está melhor que o nosso.

Porque "estão secando o time dele", diz o chato.

Chatíssimo, chatérrimo, superchato, ainda, é quando a Seleção perde um jogo e arranjam “ene” culpados depois da derrota, justificando, talvez, o fato de que o time de coração de uma pátria não tenha rendido o que nós gostaríamos, que aquilo que estamos vendo é apenas um jogo, e que o nosso time também pode ser vencido.

Embora, na Copa do Mundo, ser vencido num jogo pode ser o fim.

Galvão é chato; mas tem muita gente que também é assim, “pacheca”, fanática, patriota de quatro em quatro anos que não conhece o amor pelo país em que nasceu a não ser quando o “onze” canarinho entra em campo.

Talvez isso explique porque ele ganha muito dinheiro na Globo justamente para ser o vendedor de emoções baratas que a Globo precisa para garantir o lucro de seu negócio.

Negócio sustentado justamente pelo torcedor-porre, maioria da população.

E que vira de quatro em quatro anos o símbolo do país atrasado que deveria “estudar um pouco”, para “ter conhecimento”.

E passar o tempo todo no twitter gritando para a Internet “CALA BOCA GALVAO”.

P. S.: Com as restrições à imprensa e ao público Dunga conseguiu o apoio da imprensa ética e dos especialistas conseguiu, enfim, uma Seleção sem o oba-oba que caracterizava o contato desta com a mídia.

Mas é impressão minha ou o preço a pagar por essa Copa “racional” foi a mais fria recepção de uma Seleção brasileira desde que me conheço por gente, hein?

14.6.10

Só passei para falar um pouco de Copa … - I

Esse texto estava marcado para ser escrito ontem, e eu ia escrever algumas palavras sobre a aparente apatia do brasileiro com essa Copa.

Começaria mais ou menos assim: “nunca vi Copa tão chocha do ponto de vista da empolgação do torcedor comum, o que nos leva a perguntar se realmente queremos levar o hexa só para ver o técnico da Seleção dizer todos os palavrões possíveis e afirmar que é vitorioso, contra tudo e contra todos.”

Mas vitórias transformam até o torcedor mais arredio - e mais saudoso do passado onde “joga bonito” não era só slogan da Nike - de tal forma que, agora, é bom lembrar que o brasileiro é passional mesmo, e que, com Jabulani ou sem Jabulani, iremos em frente.

E, quanto ao jogo: não adianta ficarmos chorando o leite derramado, a Seleção joga assim mesmo, mas bem que eu esperava mais facilidade contra a Coreia do Norte, grupo de 11 aplicados soldados que não sabiam o que fazer quando tinham a bola no pé.

Está certo que a bola, tão criticada por todos, trabalhou a nosso favor e Robinho jogou de forma bem esforçada; mas ficou a impressão de que vamos ter “fortes emoções” a cada jogo, principalmente contra times profissionais de fato, como o que vamos encarar no domingo.

E, para arrematar: depois de ouvir o Neto comentando até Galvão Bueno fica agradável, contanto que ele pare de trocar nome de jogo a toda hora.

Costa Rica e Portugal?

Alemanha e Áustria?

Ah, fala sério, Galvão ...

(modificado em 16/07, 22:41)

8.6.10

Prosa, revisitada

Na torre

Era um rapaz meio assim, meio assado, tímido, quieto, recatado.

Talvez até demais para o gosto de quem convivia com ele.

Não tinha um grande físico, não era muito bonito, usava óculos e estava acima do peso.

Enfim, grande coisa lá não era.

Mas naquele dia, não se sabe porque, estava inquieto.

Não parava no lugar, não queria conversa com ninguém, não falava e, quando perguntavam o que acontecia, apenas respondia um singelo: “não sei”.

Foi assim até o fim do dia de serviço.

Saiu, lá pelas sete da noite, foi até o estacionamento, pegou o carro ...

E saiu.

Não estava a fim de voltar para casa - fazer o quê por lá?

Não queria enrolar mais no serviço, embora tivesse coisas a fazer; tinha problemas para resolver, mas ah!, isso, deixa p´ra mais tarde.

Não queria saber de nada.

Queria mesmo era espairecer a cabeça, dirigir um pouco, relaxar.

Apesar de que relaxar, às sete horas, no trânsito louco de São Paulo, era realmente trabalho muito difícil.

Mas, assim mesmo, saiu.

Brigadeiro, Paulista, Ibirapuera, volta no parque, Paulista, Consolação, Praça da República, São João, Augusta, Paulista, Alameda sei lá o quê, Paulista, Paulista, Paulista ...

… retorna perto do Paraíso, e torna a Paulista.

Nessa brincadeira, já são onze.

Os casados estão em casa, os solteiros bagunçando … ou seria o contrário? Não sei, nesse “admirável mundo novo onde circulam criaturas tais” ...

… e então … acontece … alguma coisa.

Pára em frente à um dos prédios.

Paulista, imagem viva de uma avenida que representa dinheiro, fama e poder nos tempos do Brasil Real.

Sobe as escadas.

Não sabe porque, mas alguma coisa o leva mais alto, procurando o topo do local, o topo do mundo, sempre em frente, sempre acima.

Escada daqui, corredor dali, elevador acolá, chega ao seu objetivo.

A torre.

Enorme torre.

De onde saem imagens e sons que chegarão em casas onde pessoas distraídas estarão, naquele momento, assistindo um bom filme, depois da sagrada novela de todas as noites.

Uma escada.

O caminho para onde ele quer chegar.

Sobe, sobe, mais e mais alto, até que, chegando ao topo, ele tem a visão mais magnífica que poderia ter naquela hora.

Uma mulher.

Sim, uma mulher.

Do jeito que ele queria, do jeito que sempre sonhou.

Linda, bela, magnífica escultura de um gênio da arte ... a acenar para ele, pedindo que faça com ela o que ele sempre quis.

Aproxima-se, e nesse momento tem inicio um ato que sobressai as forças da natureza.

Beija-a, abraça-a, acaricia seus maravilhosos cabelos soltos ao vento.

Arranca de si tudo o que pode impedí-lo nessa prodigiosa hora.

E tem início o ato, num cenário tão imprevisível quanto … excitante.

E o que se segue é tão maravilhoso que jamais poderia ser descrito à um estranho.

Pois nada que se sente de uma forma é passível de ser entendido num simples relato.

E tudo ocorre, num ritmo crescente, que o faz esquecer as noites mal dormidas, o trabalho enfadonho, as atividades sem sentido que tinha feito ao longo de sua vida, e tudo o mais.

Morrer?

Não se importava.

Morreria feliz, sabendo que se sentia bem.

Chega o ápice. Geme, grita, sua, sofre, delira!

Tinha concluido o que viera fazer ali.

É então que ouve um ruído, como de asas batendo, várias asas em sincronia.

Olha para a direção de onde surgiu o ruído, e ... um helicóptero, e um homem, e um megafone, e uma ordem:

“ Atenção, vocês que estão em cima da torre. Os senhores serão levados à delegacia por crime de atentado ao pudor e perturbação da ordem pública. Queiram descer para serem acompanhados pelos policiais que estão à porta do mesmo elevador por onde entraram ...”

E, ao ter consciência da realidade, ele olha para aquela que foi sua parceira naquela noite.

Vê em seus olhos o mesmo ideal, o mesmo propósito, enfim - o mesmo sentimento de nulidade emocional e de dever cumprido que os levaram ali, levados sabe-se lá por que mão, para fazer ... sabe-se lá o que.

Ele a beija e lhe dá sua mão, no que é correspondido.

E os dois pulam.

Para o infinito.

...

No dia seguinte, assim dizia o jornal: “Loucos pulam para a morte, nos céus da cidade”.

fps, 08/06/2010, 19:45

6.6.10

Poesia

Maldades

Tenho sido mau, muito mau menino.

Mau mesmo.

Daqueles que se sentem bem pela maldade própria.

Mas não do mundo.

...

Porque, de malvado, basta eu.

Grrr ...


fps, 11/05/2004, 13:51

1.6.10

Para pensar

"Uma revolução não é um convite para um jantar, a composição de uma obra literária, a pintura de um quadro ou a confecção de um bordado.

Ela não pode ser assim tão refinada, calma e delicada, tão branda, tão afável e cortês, comedida e generosa.

Uma revolução é um insurreição, é um ato de violência pelo qual uma classe derruba a outra."

Mao Tse-Tung