21.6.13
Isso aqui é uma democracia, #Anonymous: Dilma faz o que ela pode, não o que ela quer
20.6.13
“Nem teme quem te adora a própria morte” …
Quando os numerosos cidadãos de bem diziam aos seus filhos que havia um tempo em que era permitido andar nas ruas sem ter medo do bandido, em que havia educação e saúde de qualidade, em que vagabundo era preso e ficava lá, e em que os direitos dos cidadãos de bem eram respeitados, a "turma do bem" da esquerda desdenhava, achando que a democracia seria capaz de resolver tudo.
Os fatos de hoje mostraram que não é verdade.
Sempre houve um caldo de raiva e de incerteza nas pessoas, que estava esperando apenas uma faísca das redes sociais para sair de casa e ganhar as ruas, contra tudo e contra todos mesmo sem saber o porquê disso.
E não é verdade que o brasileiro não se incomode. Nunca foi assim, por mais que os livros de História esquerdistas digam o cotnrário.
Em 30 Getúlio foi colocado de volta no poder pelos que se cansaram da República Velha dos oligarcas; depois, em 54, o povo quebrou o Rio e os opositores quando ele morreu. Em 64 os militares foram aplaudidos depois das asneiras de João Goulart; e, mesmo antes disso, d. Pedro I era escorraçado dessas terras por aqueles que não aturavam mais o estilo autoritário do imperador do Brasil.
Os bons moços achavam que os papos de democracia e respeito aos direitos humanos e sociais rendiam alguma coisa.
Deu no que está dando: um país em convulsão, à espera de um qualquer que chegará ao poder montado num cavalo branco, escorraçará os políticos e colocará o povo no poder, qualquer que seja esse o significado.
A Revolução Francesa, é bom lembrar, começou assim.
E acabou com um imperador vindo do Exército, Napoleão Bonaparte, que botou ordem na casa depois que a burguesia se cansou da brincadeira de democracia.
E quem será esse cara, quem será nosso Napoleão?
…
O Brasil mudou seu status de “deitado eternamente em berço esplêndido” para “verás que um filho teu não foge a luta”.
Mas estamos, todos, preparados para defender nosso país até o fim, ainda que isso signifique perder a vida por ela?
17.6.13
Prosa: Delitos Comuns IV
Retratos de uma traição
Voltava para casa, depois do longo início de noite e antes que ela se tornasse em criança levada, a criança que todos nós queríamos ter de verdade sido.
Tinha os olhos cansados, sem colírios ou remédio que dessem jeito naquela ilusão de vida que levava, vida que na verdade era uma vida besta, do trabalho para casa, de casa para o trabalho, às vezes para o curso, outras para as reuniões maçantes de família ou as "happy-hours" do serviço, em que na verdade se cultiva e se cultua apenas o ato de nada fazer e de tudo fingir, como se pudéssemos encontrar verdadeiros amigos em um lugar onde todo mundo se vê para se comer vivo, ou fritar-se ...
Ufa!
Tinha pensado demais: já era tarde e tinha que enfrentar a volta, a tenebrosa volta para um mundo que já não era mais o seu, um mundo de aparências distantes e disformes, bem diferentes do início do seu "affair", em que a esposa bastava para lhe livrar dos sofrimentos e desgraças que o mundo insistia em lhe dar.
Esta tornara-se oca, como a própria mãe fora: preocupada, mais que na verdade, em ganhar e gastar em ostentação e delírios de luxúria que já de nada valiam, já que a cama, antigamente um poço de desejos, sucumbira ante os problemas de uma relação desordenada e desajustada pelos tempos e pelas torturas de sempre a mesma coisa, as mesmas cobranças, a falta de compromisso e descaso pelo homem por trás do vulcão que na cama ele sempre se julgou ...
Vulcão? Nem tanto: era apenas um sonho; já não era mais jovem, e mesmo que quisesse, jamais voltaria a sê-lo.
A secretária, coitada, era a única a ouvi-lo em seus sonhos e devaneios: tinha ela os sonhos de crescimento, como toda vagabunda nessa situação - se bem que, na verdade, nem vagaba ela era, era apenas uma mulher liberada que não queria saber de compromisso nenhum, e que, segundo ela, não se prendia a ninguém, era livre como o canto dos pássaros para fazer o que quiser, embora ele soubesse muito bem que a velhice acabava com esses sonhos, e que valia muito a presença do "cobertor de orelha" na mão ...
... ou será que não?
Bem, não era hora de pensar nisso, devia voltar para casa e ser o mesmo homem de sempre, bom marido, bom filho, bom pai, traindo-se a si mesmo dentro de todos aqueles arranjos, acabando-se em sua própria hipocrisia de velho menino, cometendo seus delitos comuns.
Como todo respeitável homem de bem, que comete seus delitos que nem sabe que existem, transgressões que não passam, bem lá no fundo, de ilusões do cotidiano.
fps, 12/09/00, 15:30