30.5.10

Para pensar

"Um homem precisa viajar para lugares que não conhece para quebrar essa arrogância que nos faz ver o mundo como o imaginamos, e não simplesmente como é ou pode ser; que nos faz professores e doutores do que não vimos, quando deveríamos ser alunos, e simplesmente ir ver."

Amyr Klink

24.5.10

Para pensar

“O trabalho mais duro do mundo é não fazer nada.”
Provérbio judaico

Poesia

Separar-se

Separação é fácil.

Muito fácil.

 

Primeiro, as brigas,

desilusões antigas vindo à tona.

 

Depois, a batalha

para ver quem fica com o quê.

 

Finalmente, a papelada.

 

A pensão.

 

E cada um vai para um lado.

 

Simples.

 

Ou não?

 

Onde foram parar os sonhos, as lembranças?

 

Cadê as derrotas, tornadas em vitória?

 

Onde foi parar aquela vida linda,

que virou um bagaço,

de repente ou aos poucos,

para onde foi?

 

Que fim levou?

 

E onde foi que cada um errou?

 

 

 

Separar-se é fácil.

Muito fácil.

 

Difícil é reunir o pouco que ficou.

 

fps, 24/05/2009, 09:00

P. S.: Musa, te amo!!!

13.5.10

Quem se importa???

 
Matou,
fuzilou,
torturou.
 
Se não fez isso,
mandou fazer.
 
Mas, na saída,
ninguém clamou por justiça.
 
Ninguém
elogiou promotores.
 
Ninguém
fez matéria com defensoras.
 
Ninguém
disse que era um absurdo.
 
(a não ser, é claro,
os mesmos que falam,
e que não são ouvidos)
 
Mas o fato é que:
 
Matou,
mandou matar,
executou,
deu choques,
pontapés,
socos.
 
E, simplesmente,
porque eles quiseram pensar.
 
E,
o que é pior,
ninguém se importou.
 

Talvez porque não era filho de ninguém mesmo, né …

 
 
fps, 14/05/2010, 19:30
 
 

8.5.10

Ah, tá … eu acredito …

Veja declara que o preconceito contra gays está morrendo entre os adolescentes nas escolas conservadoras de São Paulo …

… ah, tá, então eu acredito que papai e mamãe conservadores vão falar para a revista que adoram pensar no que o namorado do filhinho deles está fazendo lá no quarto com o fedelho adolescente (hum …) …

… ainda mais depois de ver a revolta da Stock Car com o piloto homossexual em “Passione”, mesmo que esse piloto seja o Marcelo Anthony …

… e me perguntar até que ponto vai o divórcio da mídia com o seu público no Brasil.

P. S.: E o beijo gay na novela das 8, já saiu?

6.5.10

Demolir o Minhocão: eu pago pra ver!!!

Nada como um dia após o outro, ou como uma bobagem após a outra: se Kassab realmente estiver levando a sério a demolição do Minhocão um altar deveria ser erguido em sua honra em cada entidade com "Vivo" no nome na cidade de São Paulo, já que efetuar uma plástica dessas no Centro Velho é uma coisa que ninguém teria coragem (ou mesmo loucura) de fazer por aqui.

Infelizmente é melhor esperar sentado e pagar para ver esse milagre das Operações Urbanas se realizar, considerando-se alguns pequenos detalhes que não são levados em conta quando se pensa nos “sonhos” e aspirações do povo de São Paulo, de sua conhecida classe média e da elite pensante paulistana, que parece viver sempre num mundo muito distante, e que não percebe o quanto essa aspiração é sem sentido.

Motivos? Temos muitos – mas, para começar, citemos três.

O primeiro, evidentemente, é a própria utilidade do Elevado Costa e Silva: substituir a principal via de ligação entre o Leste e o Oeste da capital, é tarefa das mais complicadas numa cidade em que se depende de carro para quase tudo – e tem que se dar razão a Paulo Maluf quando este dizia que "todo mundo critica o Minhocão mas todo mundo anda nele" …

… e, antes que eu me esqueça, NÃO, não dá para esquecer do carro em SP nem deixar de viver sem ele numa cidade como a nossa, porque ônibus e metrô são quase sempre uma porcaria e muitos não iriam deixar o carro em casa se não for por alternativas melhores do que elas tem hoje, ao contrário das pessoas que trabalham em entidades com “Defenda” ou “Vivo” no nome (e que estão sempre atrás de idéias maravilhosas para “melhorar a cidade” e “trazer o glamour de volta”, etc. e tal).

E já que falamos nas entidades, chegamos ao motivo número 2 para que essa “operação” dê errado: dificilmente o futuro daquela área deixará de ser vinculado às entidades de defesa dos bairros tradicionais, as que tem “Vivo” ou “Defenda” no nome e que mantém a visão utópica de retornar aos tempos áureos em que suas regiões eram “chiques no úrtimo” - mas que se esquecem de entender porque as pessoas deixaram esses lugares por cantos melhores da cidade.

Ou, para ser mais exato, porque a fila dos grandes empreendimentos, e do dinheiro e poder em São Paulo, andou, dos Campos Elíseos para a Paulista, e depois para a Berrini – e aí vale repetir o que dissemos em outros posts: repito, nesse contexto, o que disse em posts abaixo: centro cultural e sala de concertos não são, nem nunca foram, motivos para fomentar a presença em uma área da cidade.

E isso porque quem quer ir a um museu ou um centro cultural apenas vai até lá (quando vai), faz o que precisa fazer e sai correndo, porque ali “é muito perigoso” e porque “no meu bairro é que eu vivo a minha vida, de verdade”.

E aí chegamos ao maior motivo pelo qual não dá para acreditar na demolição do Minhocão: a São Paulo do Centro Velho não é, nem nunca foi, a São Paulo

A verdadeira São Paulo, quer as pessoas aceitem ou não, não está exatamente em seus bairros chiques, tampouco nas favelas que se desenvolvem ao seu redor, muito menos no Centro que experimentou crescimento com os alternativos mas que estancou pela falta de sensibilidade estatal em querer que a cidade seja o que não é.

A verdadeira São Paulo, a que as pessoas aprendem a amar, está em seus bairros, que foram se desenvolvendo quando as pessoas foram saindo dos cortiços e pensões e arranjando um terreninho aqui ou ali para desenvolver sua família; essa São Paulo, que não é retratada facilmente porque não é vista de fora, é extremamente provinciana e aprecia o que os corretores de imóveis chamam de “ar do interior” e que o cidadão comum paulistano chama, simplesmente, de “cara de casa”.

O paulistano típico jamais – repito: JAMAIS – sairia de muito longe do bairro onde nasceu e cresceu; essa, aliás, é uma relação parecida com a dos migrantes que vem para cá mas que ainda estão presos à sua terra natal.

Ele se acostuma a viver em deslocamentos de carro porque não se vê morando mais perto do trabalho e porque sua vida, no final, está muito mais perto de suas origens, no bairro, que nos grandes pólos de serviços – e que ficam muito mais cheios de gente que não é daqui do que filhos legítimos dessa cidade (veja ao seu redor e comprove se não é isso mesmo).

Esse cidadão tem um poder descomunal: foi por ele que se fez a Nova Marginal e o Rodoanel; ele é quem paga pedágio para ir à Alphaville, Osasco e a “praia”, e em geral adora seu carro mais até do que a casa em que vive; mas, mais do que isso, ele esteve por trás de todas as mudanças políticas dessa cidade no pós-democracia.

Foi ele quem elegeu Maluf com gosto, vencendo a “nordestina sapata”, botou o Pitta no governo sabendo o que ele era, votou em Serra para tirar a “loira vagaba” do comando da cidade e endossou Kassab e sua política de limpar a cidade, tornando-a “bonitinha” - porém extremamente ordinária.

E é esse cidadão, a classe média que tem carro ou que aspira a ter um, quem manda de fato e de direito nessa cidade.

Para eles, o Minhocão é extremamente útil; e é assim que ele vai continuar.

Para o bem.

Ou para o mal.

(revisto em 14/05, às 20:00)

5.5.10

Belo Monte e o dilema ambiental brasileiro

Tá bom, tudo muito bonito, gente ... vamos preservar a floresta, salvar os índios, o ecossistema e deixemos para discutir bastante a questão de Belo Monte, assim o impacto ambiental será mínimo e nós, em nossas casas, poderemos dormir com tranquilidade sabendo que mais um pedaço da Amazônia estará livre da exploração predatória que tanto maltrata os mares, rios e florestas do planeta.

Entretanto, quem vai fornecer energia para o Brasil quando ela estiver em falta?


Infelizmente não se fala muito a verdade sobre energia limpa pois ambientalista não costuma se preocupar com o quanto se gasta com ela; aliás, não me surpreende o raciocínio, já que é do Greenpeace a célebre idiotice de se dizer que "dinheiro não se come" - como se dinheiro não comprasse o que se come, e como se pessoas comessem grama ou árvores ou terra.

Mas, tirando esse raciocínio, vamos à duas péssimas notícias para o Brasil: a primeira é que energia hidrelétrica é limpa depois MAS estraga boa parte do ecossistema para construir os lagos e efetivamente obter produção numa usina.

Ou seja, algum estrago nós faremos ao meio ambiente, quer se queira, quer não.

A segunda é que as formas alternativas ainda são caras e ineficientes para gerar a energia que precisamos para o nosso desenvolvimento - e não me digam que o Brasil tem vento suficiente para tanto, porque em nenhum lugar do mundo a energia eólica se sustentou sem subsídios pesados em cima dessa prática.

E que, aliás, também tem custo ambiental – e mais pesado do que parece.

Se é para bloquear Belo Monte, que se invista logo em energias que dêem retorno ... que tal usina nuclear, por exemplo?

Só teremos problemas com o lixo tóxico, mas e daí?

Um armazém fechadíssimo, para evitar contaminação, e está resolvido o problema – até o próximo acidente ou negligência da parte do irresponsável de plantão.

Agora, deixando de ironias, uma pergunta para reflexão: quando é que vamos ser capitalistas para ganhar dinheiro, e socialistas para gastá-lo?

4.5.10

E agora que as enchentes passaram ...

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... pergunto: somos todos um bando de egoístas idiotas, idiotas egoístas ou simplesmente idiotas, pensando que os problemas da cidade não voltarão tão cedo?

O problema que se desenha em São Paulo todo ano com as enchentes é fruto de uma combinação explosiva: egoísmo da população (já que quem não mora perto dos rios sofre muito mais com o trânsito, que atrasa a vida mas não mata ninguém) e incompetência dos diversos governos em entender o que a população quer e precisa.

Querer, aliás, é diferente de precisar: eu quero uma casa arrumada, mas preciso de esgoto e água tratada; quero o meio ambiente preservado, mas preciso de um teto para não ficar na miséria; quero um carro, mas preciso de transporte público; não quero morar no Centro, mas quero os mendigos bem longe do nosso querido Centro …

… se bem que nesse caso em especial eu não quero mesmo é nada, todo mundo fala em rearranjar e revitalizar o Centro Velho mas ninguém quer de fato arranjar uma função vital para esse espaço tão precioso da cidade.

O que queremos para São Paulo? Aliás, nós REALMENTE amamos essa cidade?

P. S.: Quando é que vão encontrar função para os prédios antigos do Brasil que não seja transformá-los em centros culturais, ricos em histórias mas vazios em utilidade?

2.5.10

Rapidinhas I

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Não me impressiona o ódio das pessoas, por qualquer motivo que seja. O ódio - assim como o amor, ou a admiração - surge de fatos contra ou a favor de alguém, seja ele bom ou ruim, e, a partir daí, são criadas as reações e a imagem de uma pessoa.

...

A imagem geralmente surge dos primeiros fatos: não é a verdade sobre uma pessoa ou não, mas é uma “verdade” que fica, como um espelho das atitudes que serão tomadas no futuro.

...

Não se subestime pelo descontrole dos atos de uma pessoa: há muito mais coisas que podem ser ditas - basta parar e pensar no como, onde, quando e porquê dessas atitudes, para descobrir as reais intenções de uma pessoa, ou o gosto dela, ou todo o sistema que se esconde por detrás de uma atitude.

...

Sempre existe um motivo por trás de alguma coisa - basta descobri-lo.

...

A boa imagem se cultiva com dificuldade; a má imagem se cria em um ato.

...

A boa imagem é questão de paciência; a má imagem é falta de consciência.

...

Os bons atos ficam para sempre; os maus atos nem sempre são relevados.

...

Recuperar uma imagem nem sempre é difícil, mas destruí-la é bem mais fácil do que se parece.

...

Imagem ? Se constrói com o tempo.

...

Imagem ? Se corrói por mau jeito.

...

Imagem por imagem, eu sou mais a favor de ficar quieto, e esperar os resultados.

...

Não há novela que não termine em um final feliz, nem suspense que não tenha solução.

...

Um último aviso: cuidado, o poder corrompe mais do que o dinheiro, e felizes são aqueles que conseguem manter-se intactos, diante de tudo isso.

 

fps, 14/12/95, 08:40