30.1.07

Poesia

Duelo
 
no confronto
entre desejo e razão,
vence apenas um lado:
 
ou o do sonho reprimido
ou o da vontade inconsequente.

FPS, 30/01/07, 11:07

21.1.07

Poesia


Ode a uma bela mulher

Bela,
indecente, poeta.

Inocente,
insana e bela.

E,
acima de tudo,
humana.

Mulher que eu gosto,
mulher de fibra,
mulher bela.

Mulher, ser humano.

Mulher humana,
mulher bela,
mulher ideal.

Mulher,
minha sina é te amar de verdade.

Pois és minha.
E és, sobretudo,
Mulher.

FPS, 21/01/2007, 11:25



6.1.07

Texto em prosa, beeeeeeeeeem antigo ...

A teoria dos 50 minutos

 

            Trabalhamos, em média, 8 horas por dia, o que significa que temos, em média e sem contar as horas-extras, 480 minutos para fazer aquilo pelo qual somos pagos, ou seja, trabalhar. Mas você já notou que, dos 480 minutos que você tem no trabalho, você perde...

 

·       60 minutos almoçando ?

·       30 minutos lendo o jornal do dia ?

·       30 minutos conversando com os colegas ?

·       60 minutos em conversas com a chefia ?

·       30 minutos decidindo o que fazer durante o dia ?

·       60 minutos ouvindo o povo reclamar ?

·       10 minutos comendo qualquer coisa ?

·       60 minutos não fazendo muita coisa ?

·       30 minutos não fazendo quase nada ?

·       10 minutos sem nada p´ra fazer ?

·       20 minutos com problemas pessoais ?

·       30 minutos bocejando sem parar ?

 

            Isso significa que o tempo que nos resta no serviço para fazer o que deveríamos estar acostumados (ou seja, trabalhar) fica em míseros 50 minutos. Portanto, tente aproveitá-los o máximo possível para que esses minutos sejam os mais produtivos de todo o dia - e justificando os outros 410 em que você, por um motivo ou por outro, não pode trabalhar.

 

 

Omar O. Sirep

 

P.S.: Isso é apenas uma brincadeira ...


 

FPS, em 30/08/96 (vai tempo ...)

13.12.06

Prosa

Sem saudades
 
Águas cristalinas, muito verde, uma casinha pequenina perdida entre pastos verdejantes - belíssima pintura, emoldurada em uma planície a perder de vista.
 
Mas a vida era dura e cruel, principalmente para quem já sentira o gosto do conforto e via, por trás dos montes, as oportunidades que um dia não tivera transmitidas aos seus descendentes, e as chances que nunca tivera.
 
Dinheiro? Não precisava dele, tanto quanto de sua pequena vida, que, um dia, se acabaria - e, com ele, viria o fim, o desfigurar de um sonho que, na verdade, nem sonho mesmo era, posto que não era de ninguém, somente dele.
 
E, no final, somente um bonito retrato da parede, como lembrança de um passado, sem saudades nem sonhos, apenas o passado evaporado e a lembrança que se foi.

FPS, 12/12/06, 11:00

10.12.06

Enfim, morreu o safado ...




Imagine a cena:
um homem te dá um milhão de dólares ao ano
para espancar seus filhos,
estuprar suas filhas,
roubar sua vida e sua honra.

Vinte anos depois,
você está vinte milhões de dólares mais rico,
e muitas vezes mais desonrado;
suas filhas, prostituídas,
seus filhos, revoltados,
e, você,
não sabe o que fazer com o dinheiro.

O homem que estuprou o Chile por mais de 20 anos
enfim encontrou seu final.
Não morreu empalado, como deveria ter sido,
mas enfim terminou.

Que o Inferno lhe seja breve.
Quem sabe o demo aceita minha sugestão,
e o condena a uma eterna pena de empalação.

Ah, como seria bom ...



FPS, 10/12/2006, 16:47
(em memória das vítimas do massacre do Estádio Nacional)

2.12.06

Poesia


Desconstrução

Da janela,
vejo o sol
que se põe no horizonte.

E vejo também
os sonhos de outros,
materializados ao seu lado.

Vejo, também,
os pequenos espaços,
os grandes limites.

E penso
na verdade que procuro.

Desconstruindo
a mim mesmo.


FPS, 02/12/2006, 14:40

15.11.06

Poesia - para não ficarmos às moscas ...

Num psiquiatra

 

Doutor, eu não sei o que faço

p´ra me consolar

 

Doutor, eu não sei o que faço

p´ra me acalmar

 

Doutor, eu não sei o que faço

para viver bem

 

Doutor, eu não sei o que quero,

doutor, eu não sei.

 

Doutor, eu só vivo cansado

de ouvir encheção

 

Doutor, eu não sei o que faço,

não sei não, doutor

 

Doutor, eu não chego em casa,

me arrasto, doutor

 

Doutor, eu não saio de casa,

me acordam, doutor

 

Doutor, eu não saio do quarto,

não quero, doutor

 

Doutor, eu não vivo na rua,

não me sinto bem

 

Doutor, eu não vivo lá fora,

não sou mais ninguém

 

Doutor, eu não quero brigar,

tenho medo, doutor

 

Doutor, eu não quero sentir,

sinto pena, doutor

 

Doutor, eu não quero falar,

 

quero mais descansar,

 

quero ter algo mais,

 

quero um pouco de paz,

 

eu não quero encheção,

 

não quero sofrimento,

 

eu não quero cansaço,

 

eu não quero mais nada,

 

eu só quero alegria,

 

eu só quero uma vida

 

tranquila, doutor.

 

 

 

E no fundo, doutor, eu só queria que me entendessem um pouco ...

 

 

FPS, 31/01/1996, 23:4

25.10.06

Em tempos de política, uma propaganda inusitada ...

Num tempo em que os políticos são atores, nada melhor do que ver um ator agindo como político: eis no link abaixo a propaganda política de Arnold Schwarzenegger para o Governo do Estado americano da Califórnia em 2003 (em inglês).
 
Canastrão por canastrão, fiquemos com o "Governator": ele é fera !!!
 
 
P. S.: Breve, novos textos, links e Olho Clínico no Orkut - aguardem ...

23.10.06

Poesia - bem antiga, por sinal ...

Devaneios
 
Penso,
repenso,
não penso ...
 
Como um barco,
vago pelos caminhos,
da solidão.
 
"Não se sinta só",
afirmam.
 
"Está sentindo alguma coisa?",
perguntam.
 
Não respondo,
até porque não sei
se sinto alguma coisa.
 
Penso
que não penso.
 
E é só.
 
FPS, 25/07/00, 11:08
 

12.10.06

Prêmio Darwin

Segue a lista dos 9 gloriosos ganhadores do Prêmio Darwin, que têm a
finalidade de homenagear os MENOS EVOLUÍDOS representantes da raça
humana.

1º colocado:
Quando o seu revolver calibre 38 falhou, durante uma tentativa de
assalto, o
assaltante James Elliot, de Long Beach, Califórnia, cometeu um pequeno
erro.
Virou a arma para ver se no cano tinha algo impedindo a arma de
funcionar e
experimentou apertar de novo o gatilho... Desta vez a arma funcionou.

2º colocado:
O chefe de um hotel na Suíça perdeu um dedo no moedor de carnes e entrou
com
um pedido de ressarcimento na sua seguradora. Esta, desconfiando de uma
possível negligência no uso do aparelho, enviou um inspetor que testou
o
moedor: fez exatamente a mesma operação e perdeu um dedo, ele também. O
pedido de ressarcimento foi então aprovado.

3º colocado:
Um homem ficou retirando neve da rua com uma pá por mais de uma hora,
durante uma tempestade de neve em Chicago, para poder estacionar o seu
carro. Terminado o trabalho, foi buscar o carro e ao voltar ao lugar
que
tinha preparado com tanto esforço, encontrou uma senhora que tinha
acabado
de estacionar, com a maior naturalidade, no espaço que ele liberara.
Explicou à polícia: Como poderia deixar de dar dois tiros de fuzil na
mulher?

4º colocado:
Depois de ter parado para tomar todas num bar clandestino, o motorista
de um
ônibus no Zimbabwe percebeu que os 20 doentes mentais que deveria levar
para
um asilo em Bulawayo, fugiram. Tentando esconder sua negligência, foi
até
uma parada de ônibus e ofereceu transporte de graça para as pessoas que
estavam esperando no ponto. A seguir, foi até o asilo e entregou os
passageiros, dizendo que eram muito perigosos e inventavam histórias
incríveis para tentar fugir. O engano só foi descoberto vários dias
depois.

5º colocado:
Um adolescente americano foi internado num hospital com graves
ferimentos na
cabeça, provocados pelo choque com um trem. Questionado sobre como
tinha
acontecido o acidente, ele explicou para a polícia que estava
simplesmente
tentando descobrir quanto exatamente podia chegar perto do trem em
movimento
antes de ser atingido.

6º colocado:
Um homem entrou num mercado na Louisiana, colocou uma nota de 20 dólares
no
balcão e pediu para trocar. Quando o balconista abriu a gaveta, o homem
mostrou uma arma e mandou que lhe entregasse todo o dinheiro na gaveta.
Depois fugiu, mas na pressa esqueceu a nota de 20 no balcão. O total
que
havia na gaveta e que o homem levou era 15 dólares.

7º colocado:
Um homem no Arkansas estava tão afobado para tomar uma cerveja, que
resolveu
jogar um tijolo contra a vitrine de uma loja, para roubar algumas
garrafas e
fugir. Apanhou um tijolo e o jogou com todas suas forças contra a
vitrine. O
tijolo bateu e voltou, acertando exatamente a testa dele, que ficou
desmaiado no chão até a polícia chegar. A vitrine era de plexiglass
inquebrável e a cena foi filmada pela câmera de segurança da loja.

8º colocado:
Na crônica local do jornal da cidade de Ypsilanti, Michigan, apareceu a
noticia de um assaltante que entrou no "Burger King" da cidade às 5
horas da
manhã, apontou uma arma para o caixa, e ordenou que lhe entregasse o
dinheiro. O atendente explicou que devido a uma trava letrônica, não
poderia
abrir o caixa sem um pedido. O homem então pediu cebolas fritas e o
atendente retrucou que, pelo sistema, não poderia servir cebolas no café
da
manhã. O assaltante, frustrado, foi embora.

9º colocado:
Um homem tentou roubar gasolina de um trailer estacionado numa rua em
Seattle e a polícia encontrou-o no lugar, dobrado, no chão, vomitando
sem
parar. No relatório da policia está explicado que o homem ao invés de
colocar a mangueira no tanque e chupar para puxar a gasolina, colocou a
mangueira no tanque da privada química do trailer e chupou com muita
força.
O proprietário do trailler se recusou a fazer o B.O. declarando que
nunca
tinha dado tanta risada na vida.

13.9.06

Para refletir - e muito !!!

Pronunciamento do Senador Jefferson Peres

em 30.08.2006 no plenário do Senado Federal

 

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores,

 

Depois de uma longa ausência de algumas semanas, volto a esta Tribuna para manifestar o meu desalento com a vida pública deste País.

 

Gostaria de estar aqui discutindo, a respeito das riquezas naturais do Brasil, e não como falarei, sobre algo muito pior: a dilapidação do capital ético deste País.

 

Senador José Jorge, poderíamos não ter um barril de petróleo nem um metro cúbico de gás, mas poderíamos ser uma das potências mundiais em termos de desenvolvimento. O Japão não tem nada. Não tem petróleo, gás ou riquezas minerais. A Coréia do Sul também não tem nada disso, e nos dá um banho em termos de desenvolvimento não apenas econômico, mas também humano.

 

O que está faltando mesmo a este País e sempre faltou é uma elite dirigente com compromisso com a coisa pública, capaz de fazer neste País o que precisaria ser feito: investimento em capital humano.

 

Vejam que País é este. Estamos aqui com seis Senadores em pleno mês de agosto, porque estamos em recesso branco. Por que não se reduz a campanha eleitoral a trinta dias e transfere-se o recesso de julho para setembro? Nós ficaríamos com o Congresso aberto, de Casa cheia, até 31 de agosto. Faríamos trinta dias de campanha em recesso oficial, remunerado.

 

Estamos aqui no faz-de-conta. Como disse o Ministro Marco Aurélio, este é o País do faz-de-conta. Estamos fingindo que fazemos uma sessão do Senado, estamos em casa sem trabalhar. Estou em Manaus há quase um mês, recebendo, sem fazer nada para o Congresso Nacional, pelo menos.

 

Como se ter animação em um País como este com um Presidente que, até poucos meses atrás, era sabidamente como o é, um Presidente conivente com um dos piores escândalos de corrupção que já aconteceu neste País e este Presidente está marchando para ser eleito, talvez, em primeiro turno? É desinformação da população? Não, não é. Se fizermos uma enquête em qualquer lugar deste País, todos concordarão, ou a grande maioria, que o Presidente sabia de tudo. Então, votam nele sabendo que ele sabia. A crise ética não é só da classe política, não. Parece que ela atinge grande parte da sociedade brasileira. Ele vai voltar porque o povo quer que ele volte. Democracia é isso. Curvo-me à vontade popular, mas inconformado. Esta será uma das eleições mais decepcionantes da minha vida. É a declaração pública, solene, histórica do povo brasileiro de que desvios éticos por parte de governantes não têm mais importância.

 

Isso vem até da classe dos intelectuais, dos artistas. Que episódio deplorável aquele que aconteceu no Rio de Janeiro semana passada! Artistas, numa manifestação de solidariedade ao Presidente, com declarações cínicas, desavergonhadas! Um compositor dizer que "política é isso mesmo, fez o que deveria fazer", o outro dizer que "política é meter a mão na 'm...'"! Um artista, em qualquer país do mundo, é a consciência crítica de uma nação. Aqui é essa, é isso que é a classe artística brasileira, pelo menos uma grande parte dela, é o povo conivente com isso.

 

E pior, pior ainda: os artistas estão fazendo isso em interesse próprio, porque recebem de empresas públicas contratos milionários - isso é a putrefação moral deste País -, e o povo vai reconduzir o Presidente porque "política é isso mesmo".

 

Tenho quatro anos de Senado. Não me candidatarei em 2010, não quero mais viver a vida pública. Vou cumprir o mandato que o povo do Amazonas me deu, não vou silenciar. Ele pode ser eleito com 99,9%. Eu estarei aí na tribuna dizendo que ele deveria ter sido mesmo destituído.O que ele fez é muito grave. É muito grave. Curvo-me à vontade popular, mas não sem o sentimento de profunda indignação.

 

A classe política já nem se fala, essa já apodreceu há muito tempo mesmo. Este Congresso que está aqui, desculpem-me a franqueza, é o pior de que já participei. É a pior legislatura da qual já participei. Nunca vi um Congresso tão medíocre. Claro, com uma minoria ilustre, respeitável, a quem cumprimento. Mas uma maioria, infelizmente, tão medíocre, com nível intelectual e moral tão baixo, eu nunca vi. O que se pode esperar disso aí? Não sei. Eu não vou mais perder o meu tempo. Vou continuar protestando sempre, cumprindo o meu dever. Não teria justificativa dizer que não vou fazer mais nada. Vou cumprir rigorosamente o meu dever neste Senado até o último dia de mandato, mas para cá não quero mais voltar, não!

 

Um País que tem um Congresso desses, que tem uma classe política dessas, que tem um povo... Dizem que político não deve falar mal do povo. Eu falo, eu falo. Parte da população que compactua com isso? É lamentável. E que sabe. Não é por desinformação, não. E que não é só o povão, não. É parte da elite, inclusive intelectual. Compactuam com isso é porque são iguais, se não piores.

 

Vou continuar nessa vida pública? Para quê, para mim, chega!

 

Vou continuar pelejando pelos jornais e por todos os meios possíveis, mas, como ator na vida política e na vida pública deste País, depois de 2010, não quero mais! Elejam quem vocês quiserem! Podem chamar até o Fernandinho Beira-Mar e fazê-lo Presidente da República - ele não vai com o meu voto, mas, se quiserem, façam-no.

 

O meu desalento é profundo. Deixo isso registrado nos Anais do Senado Federal. Infelizmente, eu gostaria de estar fazendo outro tipo de pronunciamento, mas falo o que penso, perdendo ou não votos  pouco me importa. Aliás, eu não quero mais votos mesmo, pois estou encerrando a minha vida pública daqui a quatro anos, profundamente desencantado com ela.

 

Muito obrigado, Sr. Presidente!

__._,_.___

Poesia

Quem vence o que, mesmo?
 
A esperança vence o medo,
que é vencida pela decepção,
que é vencida pela indignação,
que é vencida pelo pragmatismo,
aliado à falta de pão.
 
A verdade vence a mentira,
que é vencida pelo relativismo,
que é vencida pela convicção,
que é vencida pela rebeldia,
que é vencida pelo tempo,
juntamente com a resignação.
 
A força vence a fraqueza,
e é vencida pelo vício,
que vence a virtude,
que é vencida pela superação.
 
A bonança vence a tempestade,
e é vencida pela tragédia,
que é vencida pelo tempo,
que tudo vence, sem exceção.
 
Mas o que vence tudo, mesmo,
é o dia-a-dia;
e esse só perde para a morte.
 
Constatação.

FPS, 13/09/06, 18:27

7.9.06

De longe, do exílio ...

... um pequeno poema, para recuperar os sentidos da vida:
Esfinge
Quem é essa,
que te ouve e consola,
de dia e de noite?
Quem é essa,
que te esmaga
e te mostra,
singela e,
ao mesmo tempo,
tão indecente,
tão paciente,
e tão condizente
com o seu papel?
(ao mesmo tempo que mente,
o faz de forma tão verdadeira
que acredito nela,
de forma tão firme
e tão verdadeira
que - sei, parece besteira -
mas já preferi a mentira
que vem daquela boca
à verdade da vida,
ó vida, cruel,
torre de babel).
Essa é a esfinge;
cabe a nós decifrá-la
ou ser devorados por ela.
FPS, 07/09/2006, 14:45