29.7.10

Poesia

copia-de-amor

Porque amo você (ou Como explicar o inexplicável)

Você,

que me afaga e seduz,

que traz brilho e luz,

que enfeitiça e alenta,

que sente e que sofre,

que briga e que corre,

que sua e que pensa,

que age e pressente,

que vive,

que luta,

que xinga,

que batalha,

que ama.

 

Você,

que mostra em sentidos

tão loucos e firmes

todas as virtudes

e todos os defeitos

de uma mulher.

 

Você,

que age, sincera,

que sente, que espera,

você,

sim, você.

 

Você,

a única e pura,

a simples e dura,

sincera e insegura,

a luz que perdura,

a grande certeza,

da grande firmeza,

a mulher de fé,

da fé que incendeia,

que arde, que queima,

a grande mulher

que em tudo me amou.

 

Pois você,

que se julga ser a menor,

foi justo você quem me conquistou.

 

E, por mais louco que seja,

foi você.

sim, foi você,

foi justo você quem mais me amou.

Será que , depois de tudo isso,

não tenho motivos de sobra para dizer que te amo ?

 

fps, 23/07/02

26.7.10

GP da Alemanha de 2010 - Porque reclamar da palhaçada da Ferrari?

Tá, tá, todo mundo sabe que a Ferrari se acha mais importante que seus pilotos (o que também é verdadeiro) e que não é incomum essa estória de primeiro e segundo piloto na Fórmula 1 em qualquer equipe, e que contratos são para ser cumpridos e pilotos não tem países, e por aí vai …

Ou seja, não teríamos motivos para ficar discutindo a palhaçada patrocinada pela “scuderia italiana” que transformou Felipe Massa em um Barrichello piorado, até porque dele não se esperava uma atitude boçal como a de domingo passado.

Logo, não teríamos motivo para reclamar, certo? Porque piloto não tem pátria, certo?

ERRADO.

Há muitos motivos para reclamar da atitude estúpida da Ferrari e de Massa.

E o primeiro é justamente sermos brasileiros, pois QUE PILOTO DE FÓRMULA 1 NÃO TEM UM PAÍS QUE TORCE POR ELE?

Sim, pois se não fosse por isso Ayrton Senna não ficaria desfilando a bandeira do Brasil a torto e a direito nos autódromos do mundo, em uma atitude que, apesar de marqueteira, era típica de quem queria mostrar que, antes de tudo, era brasileiro.

E que tinha gente que amava o que ele fazia, porque mostrava o orgulho dele em ser patriota.

Pois, em segundo lugar, QUEM FOI QUE DISSE QUE A FÓRMULA 1 NÃO GANHA COM O PATRIOTISMO DOS SEUS TORCEDORES?

Fala sério, que motivos tinha a Espanha para lotar autódromos se não fosse Fernando Alonso?

E antes de Schumacher, fruto mais notável de um investimento pesado da Mercedes para ter um alemão vencendo com um carro alemão, qual era “a graça” da Fórmula 1 para o maravilhoso mercado da Alemanha?

Notem o que foi escrito no parágrafo anterior: “empresa alemã, piloto alemão” …

NACIONALISMO.

Que existe, e que move montanhas no automobilismo, assim como em todo esporte.

Porque o “pachequismo”, a patriotada sem razão, que não é patriotismo, tem o dom de ser universal.

Chata demais para quem é especialista, mas que move montanhas de dinheiro, que vem do interesse do “grande público”.

E aí chegamos ao terceiro ponto: QUEM FOI QUE DISSE QUE O BRASILEIRO NÃO GANHA OU GASTA DINHEIRO COM A FÓRMULA 1?

Para começar, o meu, o seu, o nosso dinheirinho é investido periodicamente para manter um dos orgulhos dos paulistanos, que gera divisas mas também gastos, o GP Brasil de Fórmula 1.

Que, se os brasileiros tiverem culhões, será um fracasso desde já.

Assim como as propagandas do banco patrocinador da Ferrari, quarto maior do Brasil, e da montadora que é dona da escuderia.

Mas isso, bem … isso é sonhar muito.

Pois se já tem gente demais sustentando que Massa fez o certo, que ele não deveria rasgar contratos …

Justificativas coerentes para quem tem dinheiro a perder, como Felipe Massa, Fernando Alonso, a Ferrari e quem a patrocina.]

Mas que um torcedor de verdade jamais deveria aceitar.

Nunca.

Porque ele, no final das contas, é que paga para ver a palhaçada em que a Fórmula 1 se transformou.

25.7.10

Para pensar

À noite, pedi a um velho sábio
que me contasse todos os segredos do universo.
Ele murmurou lentamente em meu ouvido:
- Isto não se pode dizer, isto se aprende.
Rümi, Jalaluddin

22.7.10

Poesia

menorderua
 
 
A miséria se mostra.
 
Tristeza nas formas,
reflexo da vida,
refluxo do tempo.
 
O tempo,
que na verdade
é bem mais que nada.
 
Nada?
Nada, sim.
 
Porque o nada, para alguns,
é simplesmente tudo o que eles têm.
 
fps, 10/11/03, 10:15

21.7.10

Poesia

Revisitando o nada

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~ ?

 

 

Continua sendo impossível para mim descrever o nada.

 

fps, 03/01/96, 09:35

Poesia, ou melhor, um exercício poético

mordaca

Confissão nº 1

Eu não tenho medo dos liberais,
com suas libertinagens,
pensamentos distorcidos,
idéias que, sem sentido,
tentam agradar a todos
não agradando ninguém.


Tenho medo é dos conservadores,
que se voltam cada vez mais
para dentro de seus pequenos mundos,
recusando-se a entender
o que significa a palavra mudança.


Uma hora,
no entanto,
tensões ficam insuportáveis,
e aí ...


... aí tudo explode,
e num instante,
de repente,


somos surpreendidos,
pela tevê,


com um Ato Institucional não-sei-o-quê ...

fps, 19/07/10, 11:53

16.7.10

Ainda sobre a palmada pedagógica

O tal projeto de Lei, enviado ao Congresso Nacional proibindo castigos físicos em crianças, a princípio parece piada de mau gosto de quem não sabe o que é ter família, ser pai ou mãe e segurar crianças cada vez mais hiperativas e modernas - sem falar, é claro, que a "palmada pedagógica" sobrevive em algumas culturas (principalmente os evangélicos) como efeito daquele versículo bíblico que diz que "a vara edifica".

Como, por exemplo, em Provérbios 23:13, que diz: “Não retires a disciplina da criança, porque, fustigando-a com a vara, nem por isso morrerá.”

O problema é como os evangélicos e outros interpretam esse e outros textos, alguns como idéia de que é a punição física que resolve, na linha do “bater de leve não vai matar ninguém”; e  outros simplesmente dizendo que a criança deve ser punida, mas não necessariamente com violência (clique aqui para ler uma opinião evangélica que segue nesse rumo).

Numa sociedade que está cada vez mais abismada com a permissividade dos jovens, que também é culpa da má aplicação do ECA (porque tem mecanismos punitivos lá dentro), mandar um projeto de lei proibindo a disciplina física, apesar da ONU, vira piada de mau gosto para quem apenas quer criar seus filhos em paz, e impor disciplina a eles num mundo cada vez mais confuso.

Além disso, leis não significam nada se a sociedade não for rígida com condutas que não deveriam ser aceita por gente civilizada; não precisaríamos inventar uma Lei como a Maria da Penha, por exemplo, se a cada vez que um homem agredisse uma mulher esse fosse fichado por lesão corporal e não pudesse nem por os pés em sua casa, porque a própria família dele não deixaria a mulher desamparada.

Da mesma forma, não precisaríamos de uma Lei da Palmada se, cada vez que um velhinho dissesse que "no meu tempo se usava o fio de ferro para educar as crianças", a gente respondesse "gente, ainda bem que o meu pai nem pensava em fazer isso comigo".

Ou então, para ser mais estúpido com quem não merece mesmo respeito, "graças a Deus o meu pai não foi nem seria um animal assim” ...

Colegas, amigos, transeuntes, comentem, esse espaço também é seu.

 

14.7.10

Estatuto da Criança e do Adolescente: lei perfeita para uma sociedade inexistente

O governo quer punir quem bate no próprio filho, podendo mandá-lo para a cadeia: assim é a redação do projeto de Lei que será enviado para o Congresso na comemoração dos 20 anos do Estatuto da Criança e do Adolescente, uma das leis mais avançadas do mundo com relação ao tratamento da sociedade para com os jovens, e que está sendo saudado com muita festa por segmentos significativos da sociedade civil.
 
Mas, num paradoxo, o mesmo ECA se converteu num problema, para uma sociedade que não é tão evoluída como ele.
 
Não é evoluída porque considera que menores, de quaisquer espécie, merecem bem mais que as “medidas socio-educativas” previstas no Estatuto – ainda que, na prática, essas medidas nada mais sejam que prisões por tempo menor que 3 anos, já que a ressocialização do menor infrator é em geral tão efetiva quanto a do adulto preso.
 
Ou seja, absolutamente nula.
 
Não é evoluída porque continuamos sem saber como tratar nossos jovens, seja porque tentamos ser autoritários como nossos pais o eram (o que não cola em pleno século XXI) ou, o mais comum, mimamos nossas crianças e adolescentes por sermos frutos de uma sociedade em que o prazer está em ter, em aproveitar, e não em ser ou pensar.
 
Erro, aliás, que passamos a nossos filhos, que compartilham do nosso prazer em ser nada.
 
Mas não é evoluida, principalmente, porque não temos como ser a Suécia, onde menino brinca de boneca, ou mesmo a Holanda dos cabeças-feitas que vão a “coffee-shops” fumar maconha enquanto outros fumam cigarro de tabaco no meio da rua.
 
Não é evoluída porque não somos evoluídos, e não queremos ser; devíamos respeitar-nos, e não nos respeitamos; achamos que um seio de adolescente nu numa peça é motivo para chamar psicóloga e nos esquecemos de tantas jovens que se tornam mães nesse mundo antes de completar a maioridade.
 
E porque querem, o que é mais espantoso.
 
 
 
O maior problema que o ECA gerou é evidenciar que não temos meio termo quando falamos de nossas crianças e adolescentes.
 
Ou tratamos nossos jovens como eternas "crianças em formação", como se eles fossem imaturos que o Estado tem que controlar e incapazes de decidir o que querem para sua vida, ou como “potenciais focos de problemas”, os aborrecentes que podem se tornar animais a qualquer momento, num esforço monumental para lavar nossas mãos e pensar que o problema deles também não é o nosso.
 
No fundo, o Estatuto da Criança e do Adolescente apenas mostra o que somos, uma sociedade falha, onde não sabemos para onde vamos e nem o que queremos, sem opiniões definidas sobre nada, e, principalmente, em que não admitimos o que queremos de fato para ela.
 
E, dessa forma, o ECA continuará sendo a lei perfeita para a criança e o adolescente.
 
Mas implementada numa sociedade que jamais vai aplicá-la direito, porque não acredita no que está escrito nessa Lei.
 
 
E para você, o que é ideal, jogar o ECA no lixo ou lutar para que ele seja respeitado? Comente, fale, fique à vontade …
 
 
 
 

13.7.10

Poesia, ou prosa …

perseguicao

Paradoxo de 17 de abril de 2010
(ou do covarde vivo e do herói morto)

 
Dizem
que Pedro negara
a Jesus por três vezes
 
como se isso fosse sinônimo
de coisa ruim sobre ele;
 
como se ele tivesse falado muito
e sido medroso
quando seu Mestre mais dele precisava.
 
Só que eu acho
que ninguém percebeu
 
que devia ter um dedo-duro
pronto para dizer:
 
"Prendam ele! Ele o conhecia"
 
E aí Jesus Cristo perdia seu número 2.
 
Nem se podia perguntar
se ele não viu os centuriões,
enormes, robustos, armados,
 
preparados para mandá-lo a cruz
com seu Mestre querido.
 
Por isso,
creio que não foi muito fácil para ele dizer:
"não o conheço".
 
E, após a terceira negativa,
após Cristo virar-se para ele,
e quando foi-se para chorar,
 
o Mestre viu que ele estava salvo, e tinha escapado ...
 
... e então, de volta, deu um suspiro de alívio.
 
E nessa hora, creio eu,
 
Cristo sorriu.
 

fps, 17/04/2010, 19:48

7.7.10

Poesia

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Passos rápidos para o fim do mundo

Chegará o dia
em que será totalmente proibido
fumar e beber.

Aí,
restará aos nossos filhos apenas
cheirar, injetar ...

E, ah, esqueci!!

Transar.

De todo jeito,
de toda forma,
com toda gente,
já que toda forma de amar é permitida.

E então ...

Aí,
teremos proibido até essas formas de fuga.

E nos restará ...

entupir-se de gatorade,
e fartar-se de capim santo.

E dar um tiro na cabeça,
lógico,

cientes de que o fim do mundo
enfim chegou.

fps, 07/07/2010, 10:15

6.7.10

Para refletir

"Numa Copa a primeira vítima do torcedor brasileiro é a razão; a segunda, a honestidade; isso se muito antes de tudo não tivermos perdido o bom senso.”
fps, 28/06/2010, 12:53

Para pensar (futebol)

"Futebol é a coisa mais importante das coisas não importantes da vida"
Milton Neves

2.7.10

2010, o ano em que 190 milhões de brucutus aprenderam uma dura lição

Muitas coisas estão sendo ditas a respeito da eliminação da Seleção brasileira, os culpados de sempre já foram detectados, com Felipe Mello fazendo a função que já foi de Roberto Carlos e de suas meias em 2006, e estamos todos lamentando e notando as falhas de uma equipe que poderia até levar o hexa, mas o faria de maneira medíocre e rasteira, indigna da tradição do futebol brasileiro.

Só esse parágrafo já poderia resumir o texto que esse escriba gostaria de escrever – mas que jamais poderia ser publicado em outra data que não hoje, dia consagrado como o da ressaca pela perda da chance de mais um título mundial de futebol.

Por que antes … dava nojo.

Nojo de ouvir as mesas redondas de quarta e quinta-feira, com comentaristas pregando o "futebol-força", o desrespeito ao adversário e às regras de convivência, e exaltando a mais não poder os valores da "era Dunga", que levava a Seleção para a Copa como se fosse para a guerra, tornando jogadores em soldados e inventando inimigos onde eles nunca existiram de verdade.

E nesse contexto o desrespeito que muitos tiveram a uma figura tão marcante como a de Johann Cruyff, membro da Laranja Mecânica e arauto de um futebol que, como em 82, encantou o mundo, foi de todas as atitudes a mais repulsiva.

Isso porque Cruyff é digno de respeito, pelo que fez em 74 - assim como Zico e, de certa forma, Maradona, ainda que o homem seja bem menor do que o jogador de 86 o foi.

Mas, em todo caso, durante as últimas semanas o Brasil desprezou suas origens e abraçou completamente a causa dunguista.

E esse país, que já exaltou 82 como título moral, se encaminhou para o que seria mais uma batalha, da guerra insuflada por Dunga e seus soldados e que contavam com o apoio de um povo que estava mais para brucutus apalermados do que guerreiros de verdade.

Para ficar só na metáfora que nos foi vendida até hoje, até mesmo pelas propagandas dos patrocinadores da Seleção.

O que, de fato, é apenas parte da verdade.

Porque guerras são sombrias, nojentas, e soldados em guerra cometem todo tipo de barbaridades contra seus inimigos.

E que não tem nada a ver com o Brasil, nem com um simples jogo de futebol.


Em 2006 o Brasil inteiro botou salto alto, esperando que a “sexta estrela” viesse como mágica.

E uma Seleção bagunçada voltou para casa humilhada, com o quinto lugar em numa Copa que foi o fim de feira para o Brasil.

Desiludidos, tornamo-nos 190 milhões de brucutus, indo para 2010 como se cada jogo fosse uma batalha - e o que aconteceu?

Voltamos para casa humilhados, diante de uma Holanda muito inferior à Laranja Mecânica mas que soube explorar muito bem os nervos em frangalhos dos soldados de Dunga.

Ou seja, também não adiantou nada.

Por isso, manifesto aqui o meu desejo.

Que em 2014 possamos ser, simplesmente, 190 milhões de bons torcedores, à espera de uma equipe que jogue bola, e que nos faça lembrar que o bom mesmo é ver um time ser digno de representar nosso país e as tradições de que o Brasil se orgulha tanto.

E, creiam, isso não é pedir muito; é apenas o mínimo que alguém que gosta de futebol espera da sua SELEÇÃO …