26.2.10

Assuntos nada agradáveis para uma sexta que promete polêmica

Uganda é considerado um país modelo para o cristianismo africano, e talvez é o único lugar do mundo onde a AIDS é combatida com abstinência e castidade, num exemplo apontado por inúmeras Igrejas cristãs como um modelo, pois combate a doença e a promiscuidade ao mesmo tempo.

Mas Uganda em breve será um país onde homossexuais podem ser condenados à prisão perpétua e até à morte, no primeiro caso que conheço desde a Idade Média em que o cristianismo é perseguidor, e não perseguido pelo “sistema”.

Vergonha para todos - mas em particular para cristãos verdadeiros, que querem trazer a Cristo pelo AMOR, acima de tudo.

O caso João Hélio retornou às manchetes de forma complicada, e até tem gente de esquerda questionando se manter a maioridade penal com 18 anos é realmente uma boa idéia, ou se deveríamos abrir exceções para os crimes hediondos em geral.

Não entro no mérito do benefício que queriam conceder ao assassino do rapaz, até porque a avaliação do juiz é bem diferente do que a sociedade gostaria que acontecesse com os assassinos do garoto; entretanto, é bom saber que programas como o Programa de Proteção a Crianças e Adolescentes Ameaçados de Morte e instituições como a Projeto Legal existem num país como o nosso.

Até porque o mesmo empenho demonstrado em fazer “justiça” no caso do garoto de classe média não acontece quando a vítima é uma menina colocada na mesma cela de bandidos perigosos no interior do Pará, não é mesmo?

E, em tempo: quanto à maioridade penal, que sempre se quer rever na hora em que casos como esse aparecem, sou favorável a redução da mesma desde que seja acompanhada da redução da maioridade como um todo, e não só para a parte “punitiva” do negócio.

Ora, já que um adolescente que pode ser punido como um adulto também deve ter os direitos de um adulto, como abrir conta corrente sozinho, casar, dirigir e (principalmente) trabalhar, que é o que mais se precisa para tirar o cidadão do que nossos avós chamavam de “mau caminho” e os pais, de “más companhias”.

E, se o adolescente pode ser punido como um adulto, ele também pode colocar piercing onde lhe der na telha sem autorização de ninguém …

Ou será que não? (rs…)

24.2.10

Descobertas

(por Fábio Peres)


- Foi bom pra você, não foi?

- Foi ... mas o que é que foi mesmo?

- Sei lá, só sei que é assim que ele falou.

- Mas foi bom, o quê?

- Eu não sei, não sou eu quem disse isso, foi ele quem disse pra ela ...

- É, mas o que é que ela disse?

- Nada.

- Nada?

- É, nada.

- Nada mesmo?

- É ... só chegou assim, do lado dele, foi estranho ...

- Estranho?

- É, estranho ... até porque ela ´tava gemendo um pouco antes.

- Gemendo? Me explica esse negócio direito ...

- Como assim?

- É ... não sei, não dá pra explicar ... eu não vi nada, ´tava fora do quarto ...

- Então você não viu?

- É, não vi ...

- E como é que vai saber se foi bom ou não?

- Eu não sei ...

- Ah, você não sabe nada, mesmo!

- Você é que não sabe!

- Você é que não!

- Eu é que vou te mostrar o que é que ele fez  ...

- Ah, não, não vai mostrar nada não hmmmmmmfffffffff....

- ...

- ...

- Foi bom pra você?

- Não sei, preciso conferir uma coisa.

- Que coihmmmmmmm ...


12/11/03, 10:31

Poesia



Paradoxo de 19 de fevereiro de 2010
(ou do tempo em que tudo era mais bonito)
Dizem 
por aí, na tevê,
que os antigos carnavais
vão voltar.
E os blocos,
na rua passar.
Uma vitória
dos que diziam
que antigamente
tudo era melhor;
as mulheres,
mais elegantes;
os homens,
mais respeitosos;
o povo,
mais animado;
as festas,
mais democráticas.
Mas aquele senhor,
do alto dos seus 80 anos,
não se conformava.
E sentenciava:
"Eles falam isso porque não lembravam do xixi que o povo fazia na rua ..."
fps, 19/02/2010

23.2.10

Falando de TV: a heterofobia no BBB10 e as Olimpíadas de Inverno (que alguém viu)

O Big Brother Brasil mexe com as atenções do público a cada ano que passa (bem, esse ano menos que os anteriores), mas as atitudes do troglodita Marcelo Dourado, que o tornam em perseguido pelo grupo e perseguidor do grupo gay do programa, também chamam a atenção para a heterofobia da qual ele se sente vítima no BBB10.

Sejamos diretos e francos: não existe heterofobia, não somos perseguidos pela condição de heterossexuais e tão cedo não sofreremos problemas sérios por gostar do sexo oposto ou criticar o “amor que não tem coragem de mostrar a cara”, ou a “falta de vergonha na cara”, ou “você entendeu muito bem o que eu disse”.

Diga-se de passagem, a verdade dos fatos mostra justamente o contrário: segundo relatório do Grupo Gay da Bahia, três homossexuais são assassinados por dia no Brasil por causa de sua condição – motivo, aliás, tão ou mais grave para nos preocuparmos que a “degradação dos valores familiares” que o ser humano provoca por ser, ele mesmo, fraco, vil e incapaz de dar um passo correto sem a presença efetiva de Deus no seu cotidiano.

Entretanto, também deveríamos ter a coragem de dizer o seguinte aos defensores da diversidade: olha, tá tudo muito bom, tudo muito bem, mas o mundo não é gay e tem muita gente de saco cheio de ser obrigado a engolir a seco um modelo de sociedade em que não existe uma noção de certo e errado, e em que se pode fazer tudo o que lhe dá na telha, “desde que respeite o outro”, é claro.

O cidadão comum, aquele que respeita a opção sexual de seu filho “esquisito” mas adoraria vê-lo saindo com uma menininha, tem de fato repudiado o BBB – e aliás, ele nem tem assistido TV ultimamente, como dizem as pesquisas de opinião. Ele pode até gostar da pessoa, mas lamenta que tenha esse gosto; pode até mesmo respeitar o homossexual, mas em geral repudia o que acha pecado, ou erro, ou qualquer outro tipo de exagero sexual na sociedade ou na televisão, seja ele hetero, seja ele homo.

Esse é o jogo do cidadão que vota em peso pelo telefone.

E vai levar Dourado adiante, quer a patrulha do bem deseje, ou não.

Falando de papos mais amenos: quer dizer então que as Olimpíadas de Inverno, que a Globo nem colocava na programação por medo de não dar IBOPE, estão dando à Record um retorno inesperado?

Isso significa … significa …

Significa que o problema da TV no Brasil só vai se resolver mesmo quando esses assuntos deixarem de ser apenas questão de cultura para passarem a ser de economia popular.

Ou de abuso do poder econômico, para ser mais exato.

Poesia

Diz p´ra ela


Diz p´ra ela que eu a amo,

que eu a quero,

que a espero,

que desejo,

que, se a perco,

desespero,

que, se não posso,

desperto,

mas que a quero,

mais que tudo.

Diz p´ra ela que admito

que eu não vivo,

só despacho

o que eu acho,

o que eu sinto,

o que eu penso,

não pressinto,

só calculo,

como sempre,

não sou gente,

mas somente

tenho em mente

algo menos

do que eu mesmo,

algo menos

do que expressa

aquilo que a numerologia vã de nossas vidas

nos encerra.





Diz p´ra ela que, às vezes,

sou mais máquina que ser.

Diz p´ra ela que eu não quero ser mais isso.

Que quero, apenas, ser gente.

Que quero viver contente,

ao seu lado,

num abraço,

num beijo apertado,

numa grande vontade de somente tê-la,

sem pena

e sem dor.




Diz p´ra ela que eu a amo,

e que me perdõe pela máquina que eu sou.




fps, 11/11/96, 13:01

21.2.10

Reflexões sobre a “sociedade perfeita”


Tiger Woods se interna numa clínica para curar a sua dependência de sexo – eufemismo para purgar seus pecados, dentro do esquema da indústria vital que cria seres humanos perfeitos para que estes paguem os pecados e continuem vendendo lâmina de barbear para os cidadãos de bem.

Mas pense no seguinte: tal estratégia é inútil, pois infelizmente o ser humano sempre vai procurar o prazer, seja de forma lícita (cigarro, bebidas) ou ilícita (drogas); recentemente inventaram um prazer desejável, nos esportes radicais ou no contato com a natureza, por exemplo, mas que a média da população, atolada nos próprios afazeres e no sedentarismo, dificilmente consegue adotar sem “força de vontade” extrema. 

O que em geral significa deixar de exercitar-se para viver, e começar a viver para exercitar-se.
Mesmo problema encontramos nas críticas a propagandas de bebidas alcoólicas por atletas, criticadas por quem diz que "atleta não pode fazer propaganda de bebida porque dá mau exemplo".

O problema é que os inventores dessa tese se esquecem de que o cidadão comum não é um exemplo de conduta para a sociedade, mas sim um trabalhador esforçado que leva comida para a sua mesa e que deseja comemorar suas tímidas vitórias depois de oito horas de serviço - e nessas horas, ele não vai para a academia, não pula de bungee jump, nem toma o energético com gosto artificial de limão.

Em geral ele toma a sua cervejinha gelada, que cai muito bem num churrasco, ou no fim do expediente.

Ou mesmo num estádio de futebol, se muita gente soubesse beber e se parássemos de imaginar a sociedade perfeita para nossos perfeitos cidadãos andarem perfeitinhos pelas ruas, certo?

19.2.10

Poesia

avidaemcincogarrafas

Briga no Boteco

Todo boteco deve ficar em paz.

Isso é fundamental.

Mas, e na hora cretina,

em que alguém se amotina,

fica possesso,

e ameaça,

que vai quebrar tudo

e detonar, e demolir, e …

EPA!!!

Calma, calma,

todo mundo aí ...

O poeta está falando,

e é hora de aquietar-se;

os ânimos, que se exaltam,

tem que se acalmar.

Por isso, faz favor:

Facas, nos cintos.

Cadeiras, no chão.

Revólveres,

que não tem aqui,

na mão daquele senhor,

aquele ali,

ali mesmo,

o pequenininho,

de um metro e setenta

e cento e dez quilos

de banha e músculo,

que você não vai querer saber como é que são na intimidade.

Por isso,

por-gen-ti-le-za, senhores ...

Desarmemos os espíritos

e deixemos as coisas

rolarem soltas,

porque aqui é um boteco de paz.

Como, aliás, deve ser.

ENTENDIDO?

fps, 19/02/2010, 18:20

17.2.10

Poesia

Sobre as crenças das pessoas e o medo de viver

Caríssima,

não se espantes com o passado,

não se alucines com o futuro,

não espere o momento que vai,

não se assustes com tudo o que vê.

Eu sou apenas mais um homem

que olha o mundo com olhos do espanto,

que sente as coisas no fundo, e no entanto,

mesmo eu, que me sinto um pouco de tudo,

duvido de coisas que não são iguais,

esquento a cabeça com coisas banais,

procuro na vida algo que me complete,

procuro esperar por algo que me aquiete,

procuro vencer, e viver sem motivo,

procuro fazer com que a força da vida

tome um rumo certo, e ache no ensino

de tudo o que faço, um novo destino

para o que digo, e espero de mim,

em uma espiral, que parece sem fim.

 

Caríssima,

se eu fosse falar sobre os desígnios da vida,

falaria mil coisas, para não falar nada.

Somente te digo, minha doce caríssima,

para não se assustar com o que te aguarda,

pois nada no mundo pode ser pior

do que ter medo do destino, e não crer em nada.

Porque sem acreditarmos, caríssima, em algo,

não somos nada

além de luzes piscantes brilhando

nesse céu estrelado que é esse mundo de Deus.

 

fps, 02/05/96, 12:00

15.2.10

25 anos depois ...

We Are the World 25 for Haiti

Poesia

Culpados e vilões


O mundo gira.
A vida roda.

E, nesse mundo,
que gira pulsante,
em todo instante
se espera de tudo
procurando o nada.

Mas ...

e se algo acontece,
e sai tudo errado,
quem é o culpado,
quem é o vilão ?

De quem é a culpa
se nada dá certo ?

De quem é a culpa
se tudo é errado ?

De quem é a culpa
se, apesar de tudo,
o mundo ainda gira
e os pensamentos
junto co´ele vão ?

Quem é o culpado,
quem é o vilão ?

É o papagaio,
ou mesmo um irmão ?

O tio, o sobrinho,
o gato, o cachorro
- cuidado, que eu morro,
de inanição,
ou por inspiração.

Quem é o culpado ?

Quem é o vilão ?




Talvez, não exista um culpado,
pois não há vilões
no mundo de hoje.

Pois o que existem
são novas visões
de um novo mundo
que aqui ficou.

Quem é o culpado ? Ninguém.

Quem é o vilão ? Não há mais nenhum.




fps, 11/12/95, 13:42

11.2.10

Poesia





Reflexões botequeiras

Enquanto um riso houver
o samba não vai parar.

E o boteco jamais vai fechar.

...

Botecos
são parte da vida;
tem alguém sempre entrando,
e outro saindo.

E, num boteco de esquina,
as coisas rolam, e andam, assim:

Tem o fulano,
que passa apressado,
e, de um gole só,
pede só um café.

Tem o beltrano,
que chega ao fim do dia,
e a pinga sadia
toma devagar.

E tem o pessoal
do horário do almoço;
das firmas, escolas,

que chega e que para,
e que pede o cardápio,
para comer bem.

E como, num boteco,
se come bem:
comercial, bife, picadinho ...

Humm ...

E tem os de sempre,
que a mesma hora chegam,
e pedem o de sempre:

o garoto, um picolé;
o boy quer um burgão;
e até um gaiato
quer um canapé ...

"Mas que canapé?
Aqui, num tem não".

E ao fim da noite
a dona da casa
fecha o expediente.

A não ser na sexta,
dia de festança;
sábados, talvez, um "chorinho".

E domingo, paramos,
que botecos dependem
de quem passa por eles.

Para depois começar,
na mesma labuta,

pois enquanto um riso houver,
o samba não vai parar,
o papo vai continuar,

e esse Boteco jamais fechará.

fps, 27/01/10, 10:45

7.2.10

Poesia republicada (essa é do meu primeiro blog ...)



Pizza


Margherita
ou calabresa?
Catupiry
com frango?
Ou sem?
Portuguesa?
Sem cebola?
Atum?
Quatro queijos
ou só três?
Mussarela
comum
ou de búfala?
Tomate seco?
E o vinho?
Coca?
Com gelo
e limão?
...
Tanto faz.
E vai logo, que eu tô com fome!!!



FPS, 16/03/04, 16:15

3.2.10

Poesia


Morten´alma

Há morte no fogo,
há morte no sangue,
há vida na alma dos que querem bem.

Há falta de tudo,
tempero na alma,
sorriso com calma de quem nada tem.

Nada a temer,
nada a viver,
nada a dizer para aqueles que vem.

Sorriso sinistro,
período assassino,
morte da firmeza que vi em alguém.

Falta confiança,
ou mesmo a coragem
de juntos na vida lutar sem igual.

É duro, é triste
viver na dureza,
de quem nada sonha, não tem ideal.

Uma esperança
se olha nas frestas
de uma pessoa que já me voltou.

Mas toda a verdade,
daquilo que sinto,
é que falta muito p´ra ver se acabou.

Ou quanto custou.

Ou quanto deixou.

Ou mais, quanto amou.

Ou o que parou,

ou o que ficou.



Falta a certeza
de que há um caminho
para a vontade de então terminar.

Amar, já não falo,
sentir, eu só sei,
que vejo nos sonhos o olhar de você.

Sim, vejo você.



Fps, 18/03/96

2.2.10

Sobre a blogosfera e a vida

Hermenauta, Idelber, Alto Volta, Ao Mirante Nelson ...

Sempre que um nome conhecido da blogosfera atuante deixa oficialmente de postar, ou deixando seus blogs em hibernação prometendo voltar mas parecendo que foram comprar cigarros na esquina para não voltar mais nos próximos anos, a gente sente um pouco.

Seja para cuidar dos twitters, de novos desafios ou mesmo do poderoso "fator nhé" (uma trouxinha que faz xixi na cama, chora e te dá insônia, mas que você ama de paixão), o fato é que parar de blogar faz parte da vida, e, principalmente, do amadurecimento de novos projetos, que trazem a marca da seriedade mas também a exclusividade sobre a nossa tão agitada agenda.

E então, paramos – para novos desafios e novas respostas.

E alguém tem que assumir esse papel, o de voz alternativa de uma sociedade que procura por respostas, já que, ao contrário de boa parte dos blogs famosos, que são pagos ora para escrever o sonho midiático da classe média, ou para servir de passatempo para endinheirados, ou como ponta de lança de bons negócios, quem escreve por gosto faz um trabalho bem mais apurado, e simplesmente porque gosta do que escreve.

Só isso.

E, embora possa parar porque a necessidade (vulgo "vida real") nos chame, sempre vão existir os que continuam a tocar o barco e acreditar que se pode viver um pequeno sonho.

O sonho de escrever – e ser lido por quem aprecia uma boa prosa, ou poesia.

Por isso, aos que foram, muito obrigado.

E aos que tentam manter essa chama acesa: bola pra frente, gente!!!

1.2.10

Poesia (do Olho Clínico original)



Bela, faceira, dengosa, gostosa -
todos os adjetivos lhe cabiam bem.

Mas não era para qualquer um que ela se daria.

Então, ele a conheceu.

Dela se utilizou, abusou, gostou, amou -
e enfim, a desgraçou.

E, sem escolha, foi para a vida,
que de bom grado a acolheu.

E amou, mas sem amor;
gozou, mas sem prazer;
viveu, querendo morrer.

E então, outro "ele" passou.

Amou, sonhou, desejou,
com ela se casou.

Hoje, ela vive feliz, em contrato comum:
ele, ela, e o Ricardo,
que da história só fez parte no final.

FPS, 21/06/2004, 15:32