29.11.09

Indy nas ruas de São Paulo: e tinha lugar melhor para isso?

O mundo do automobilismo brasileiro recebeu de forma bombástica a notícia de que São Paulo terá uma prova de Formula Indy nas ruas da cidade: alguns condenaram de forma violenta, outros até acharam um barato e muita gente encheu a paciência dos blogueiros especializados dizendo que a prova tinha porque tinha que ser em Interlagos, de preferência no anel externo que os nostálgicos insistem em querer recuperar mas que a mesma prefeitura que vai gastar R$ 12 milhões com a prova acha “muito caro” para ser recuperado.

Mas, convenhamos, não teria mesmo outro local para uma prova desse porte, afinal de contas uma cidade que está planejando 100 km de monotrilho para evitar a adoção de corredores de ônibus em grandes avenidas da cidade, negligenciando o impacto desses miniviadutos na paisagem paulistana, e que prepara a construção de garagens verticais ao mesmo tempo em que negligencia as poucas ciclovias que nela existem mostra o quanto sua população é dependente do automóvel no seu cotidiano.

E quem gosta de automóvel, até mais do que o brasileiro médio, tolera tranquilamente que meia dúzia das ruas da cidade seja interditada só para atender a caprichos dos governantes de plantão.

É, o paulistano merece mesmo passar por todo esse transtorno …

26.11.09

Poesia

Conselhos a uma humilde cortesã


Quem é esta,
que sai às ruas,
à cata de homens,
procurando dinheiro,
buscando o amor?

Quem é esta,
que a todos atende,
ilusão desses moços,
sem choro nem dor?

Quem é esta, que a vida
deixou na sarjeta,
impura, maldita,
sem nenhum valor?

Quem é esta, que chora,
sozinha, num canto,
sem ter mais amigos,
nenhuma emoção?

Quem és tu, cortesã,
que os homens procuram,
e usam e jogam
com sua beleza,
seu corpo sofrido,
seu rosto caído,
sua boca pequena,
sua reles pobreza,
de mulher de ilusão?

És tu, cortesã,
que ilumina meus sonhos,
e me traz as dores,
de tudo, enfim.

Vais tu, cortesã,
cortejar outros homens,
poupar-me de tudo,
pois sabes no fundo,
o que sentes por mim.

Mas, vil cortesã,
não posso dizer,
mas de tudo fazer,
vejo em seu coração,

Uma estória escondida,
uma dor tão sofrida,
e a vontade de amar
que traz junto de si,
como imenso vulcão.

Fiel cortesã,
não se escondas no mundo,
pois ele passou.

Procure o aconchego,
ajuda a ti mesma,
cuida do que ficou.

Não importa a ninguém
que saibam o que você já sentiu.

Importa que te respeitem,
e que fique no escuro
o que já se viu.

Ainda encontrarás a felicidade, se a procurares no fundo do seu coração.



fps

24.11.09

FIB vs PIB vs CIB (e outras coisas)

No blog do Noblat, matéria (que você pode ler clicando aqui) fala do Butão, país considerado o mais feliz do mundo segundo pesquisas recentes e que até inventou a medida da Felicidade Interna Bruta (FIB) para contrapor-se ao Produto Interno Bruto (PIB) e mostrar que a felicidade de um povo é mais importante que o dinheiro que ali está.

Ou seja, que uma boa FIB é melhor que um grande PIB.

Entretanto para os cristãos do Butão a situação é bem diferente, considerando-se que a liberdade religiosa nesse país era até bem pouco tempo extremamente restrita, e que, mesmo com a implantação de uma Constituição para o país em 2006, a situação não melhorou muito para os 11000 que seguem a Jesus Cristo naquele país.

Até bem pouco tempo o Butão estava entre os 10 piores lugares para se pregar o evangelho, conforme a classificação do Ministério Portas Abertas, que mede a intolerância contra os cristãos ao redor do mundo, uma espécie de indicador seguro do “Cristianismo Interno Bruto” (CIB) de um país, ou mesmo da liberdade de expressão e pensamento dentro de uma nação.

O que nos leva a perguntar: de que vale toda a FIB do mundo, quando, mesmo com PIB, um país não tem nenhum CIB?

Na mesma linha está todo o bafafá a respeito da visita de Ahmadinejad, com a direita chamando o presidente do Irã de ditador e a esquerda dizendo que Israel é que é o opressor da história - se bem que militarismo e democracia em Israel andam lado a lado desde que esse país nasceu (embora isso seja outra estória …).

O fato é que é interessante lembrar que existem no mundo várias categorias de ditadura ou de democracia, e até regimes que são qualificados como "semiditaduras" pois nela coexistem elementos ditatoriais e democráticos, que se mantém apesar do autoritarismo.

A Venezuela, por exemplo, é classificada dessa forma, pois há liberdade de expressão mesmo com o poder excessivo do Chavez - mas como a Constituição pode ser mudada a qualquer momento apenas pela vontade do presidente, consultada pelo povo, não há garantias de regras consistentes para o jogo político (o que deixa dúvidas se o país é uma democracia ou não).

Se há dúvidas se a Venezuela é uma ditadura, o mesmo não pode se dizer do Irã, que mais parece uma Igreja quanto à sua organização já que lá os leigos mandam na Administração mas os pastores (ou religiosos) é que dão a última palavra sob assuntos de Estado; Ahmadinejad, nesse caso, seria um governante eleito democraticamente, o que não deixa de ser verdade, mas sob um “Poder Moderador” de teólogos, o que, hoje, é coisa de ditadura.

Dá pra entender tudo isso? Eu até acho que dá; mas que é difícil, é.

Uma que é ditadura com certeza, no entanto, é a China, o maior exemplo de governo autoritário hoje em dia.

E de uma certa forma vitorioso, porque, bem, porque funciona: o Partido Comunista age de fato como uma empresa que governa o Estado, deixando aos cidadãos a tarefa de cuidar de suas vidas e garantindo a tigelinha de arroz mínima para os que nada tem – e, num país que nunca foi democrático, foi fácil aos comunistas assumir o papel dos mandarins que usufruiam o poder a mando do imperador em cima do povo, e que acostumou-se a confiar cegamente nas ordens que vem de quem manda, por causa do confucionismo e coisa e tal.

Mas e outros valores, como, por exemplo, a liberdade?

Ah, mas como diriam alguns por aí: quem se importa?

22.11.09

Porque ser evangélico e, ao mesmo tempo, ser libertário

Em nossa caminhada pelo mundo, seja ele real ou virtual, somos acompanhados por pessoas que nos levam a repensar nossas crenças e valores, ou em revirar o nosso passado em busca do que éramos, a fim de descobrir nosso presente e futuro, num esforço contínuo para relembrar nossa história pessoal - aliás, um dos problemas do Brasil é que temos o hábito de esquecer de nossa história a cada mudança de governante, o que será assunto no dia em que estiver inspirado pra isso (ou seja, hoje não será esse dia).

Em todo caso, um comentário com relação a Deus e a como o entendemos como tal me fez relembrar desse texto aqui, em que tento explicar um pouco aos leigos como funciona a cabeça do povo evangélico, além de defender minha opção por ser “crente” num mundo dividido entre o materialismo da década de 90 e a religiosidade tradicional brasileira, em geral agnóstica no topo da sociedade e católica na base da pirâmide.

Tenho que concordar com muitos que daquele tempo para cá muitas coisas mudaram: se em 1996 o povo de Deus somava pouco mais de 12% da população, 12 anos depois esse percentual chega a cerca de 20%, com tendência a subir (há quem diga que em 2020 seremos metade da população, como cita essa matéria da Época).

Entretanto, a própria revista nos alerta de que a grande maioria dessa população evangélica será de não-praticantes, o que, apesar de natural, significará um a dor de cabeça a mais aos que ficam na Igreja, já que separar o joio do trigo será cada vez mais difícil no futuro – e o sincretismo religioso típico do brasileiro crescerá e se notará cada vez mais dentro das Igrejas, de tal forma que matérias como essa e essa serão cada vez mais comuns no futuro.

As perguntas também mudaram: se antes nos indagavam como é que podíamos estar do lado de gente com mentalidade tão atrasada, soma-se agora a indignação com lideranças do meio evangélico que são identificadas como picaretas sem tamanho – e que, aliás, são denunciadas inclusive dentro do meio por sites como o dos Bereianos, úteis para identificar os safados que andam sempre nesse meio.

Inúmeros são os assuntos que poderíamos tratar nesse post, mas o fato é que não há como deixar de pensar como doze anos mudaram os conceitos sobre os evangélicos mas não a sua essência, a saber, de que os motivos que levam uma pessoa a converter-se continuam os mesmos, antes e hoje; lógico que há muitos que procuram a Igreja para resolver problemas do presente, mas só se persiste na fé cristã quando se acredita nela de todas as forças e de todo o coração.

Ou seja, quando João 3:16 deixa de ser um versículo da Bíblia, para ser a verdade sobre ela.

Como pode, então, um evangélico ser libertário, como o comentário que motivou esse post?

Simples definir: a Reforma Protestante foi um movimento pela liberdade de não seguir a fé infalível da Igreja dominante, e que foi beneficiada pela influência crescente da burguesia de então; e liberdade de culto nos é garantida pelo mesmo artigo 5° que dá o direito à liberdade de expressão e condena a discriminação, e que é fundamental para que se possa ter o direito de evangelizar nesse país (o que não é pouco se considerarmos que para 1/3 dos cristãos no mundo falar de Cristo significa cadeia, perseguição e morte).

Deveríamos reconhecer, no entanto, que há muito erro no meio evangélico:  muitos de nós se perderam em discussões doutrinárias e esqueceram de seu papel na sociedade, ou escolheram sempre o “lado negro da força” nos momentos cruciais da História (como em 64, onde só os metodistas e a Igreja Presbiteriana Unida foram contra a ditadura militar), esquecendo-se de que os ditadores costumam esconder a crueldade dos seus atos sob o manto da moral.

É pena que muitos não reconheçam isso - mas o fato é que enquanto houver liberdade teremos Igreja livre, e, parodiando o Dimenstein no caso Geisy, é melhor termos a liberdade para ouvir muita besteira que liberdade nenhuma só para ouvir a ordem da maioria.

A qual, diga-se de passagem, eu não pertenço por opção.

21.11.09

Para pensar

"Homens têm ciúmes por vontade de ganhar. Mulheres têm ciúmes, por medo de perder."

DANIEL PIZA

16.11.09

Liberdade para crer

Em 1.917 o mundo viu aparecer um conjunto de idéias políticas, sociais e econômicas totalmente diferente do que acontecia até aquele momento. Naquele ano, com a Revolução Russa, foi criado o primeiro país comunista do mundo: a União Soviética. Seus criadores prometiam um mundo sem pobres, onde cada um pudesse ter o mínimo para poder sobreviver sem ter que gastar todo o salário do mês, ou trabalhar em dois empregos, sem miséria ou fome - uma idéia muito boa, pelo menos na teoria.

Para os cristãos russos, no entanto, a situação não foi das melhores: o governo achou melhor as pessoas não crerem em nada (os motivos não importam agora), e fez o possível e o impossível para que os adultos, jovens e crianças daquele país esquecessem da Palavra de Deus. Isso também aconteceu em praticamente todos os países que adotaram o comunismo, inclusive com perseguições a padres, missionários e membros de Igrejas que tiveram o azar de estar lá, principalmente evangélicos. Mesmo assim, os pais continuaram a ensinar seus filhos o Evangelho de Jesus Cristo - tanto que, quando o comunismo acabou e ninguém mais precisava negar a Cristo para conseguir alguma coisa a mais do governo, a quantidade de pessoas que se batizaram ou batizaram seus filhos, aceitando a Jesus Cristo como seu único e suficiente Salvador, foi fantástica.

Você que está lendo esse texto agora deve estar pensando: muito bem, mas o que isso tem a ver comigo? E eu respondo: muita coisa, meu amigo, muita coisa.

Vivemos em um país onde, por sorte nossa, não temos de ficar escondendo Bíblias com medo de ser presos, onde temos liberdade para dizer que amamos a Cristo sem que alguém nos ameace de morte, onde podemos ir à Igreja sem ter que dar explicações à polícia sobre "o que estávamos fazendo lá". Ainda assim, muitos não valorizam esses fatos como deveriam, preferindo perder sua liberdade com as "coisas do mundo" ou esquecendo-se das palavras preciosas que Jesus nos ensinou, há quase 2000 anos - e que até hoje são lembradas e praticadas por bilhões em todo o mundo.

Amigo, não espere que a morte leve você a ser escravo para sempre. Creia em Jesus Cristo e tenha, mais do que a Vida Eterna, a Liberdade Eterna.


fps

P. S.: Esse foi meu primeiro texto - obrigado, Abino!

14.11.09

11 de novembro, final da 1ª Guerra Mundial

NOS CAMPOS DE FLANDERS

Nos campos de Flanders,
surgem as papoulas;

entre as cruzes crescem,

fila a fila, aparecem,



Marcando, no céu,

o nosso lugar;



enquanto as cotovias,

bravamente,

cantam a voar.



Pouco se ouve agora;

só as armas, aliás;



de nós, agora mortos;

que alguns dias atrás,



Vivíamos,



e a brisa da manhã sentíamos,

sob o sol,

amamos,

e fomos amados.



Mas agora, nos encontramos

nos campos de Flanders.



Pois há uma disputa,

e um inimigo.



E nossa tocha,

a deixamos contigo

para que sempre o ilumine.



Pois se a fé, que tens,

a perderes,

não dormiremos,



apesar de crescerem papoulas

nos campos de Flanders.



fps, inspirado pelo célebre poema "In Flanders Fields"

14/11/2009, 12:55





In Flanders fields




In Flanders fields the poppies blow

Between the crosses, row on row,

That mark our place; and in the sky

The larks, still bravely singing, fly

Scarce heard amid the guns below.


We are the dead. Short days ago

We lived, felt dawn, saw sunset glow,

Loved, and were loved, and now we lie

In Flanders fields.


Take up our quarrel with the foe:

To you from failing hands we throw

The torch; be yours to hold it high.

If ye break faith with us who die

We shall not sleep, though poppies grow

In Flanders fields.



 — Lt.-Col. John McCrae (1872 - 1918)

11.11.09

Poesia

Cidade limpa,
cidade cinza,
cidade nua,
cidade crua,
cidade tua,
cidade pura,
cidade.
 
Cidade,
de muitas idades.
 
Sociedade.
Cidade.
Cidade, só, si.
 
 

10.11.09

Conselho politicamente correto - mas educado

Num shopping, na rua ou em qualquer outro lugar, se você não tiver nenhum tipo de deficiência física jamais estacione na faixa reservada a eles, ainda que você esteja com pressa ou não tenha paciência mesmo para encarar a procura por uma vaga de estacionamento (aliás, também vale para idosos ou qualquer outra pessoa que precise mesmo dessa vaga).
 
Pode acontecer de alguém tirar a sua foto e te chamar de retardado mental na internet, por exemplo, como o indivíduo retratado nesse link aqui (e prepare-se, a falta de educação só vai aumentar à medida em que o tempo passa ...).
 
 
 
 

9.11.09

Oração nº 4

"Senhor Deus, amado pai,

existem muitas coisas nesse mundo
que não consigo compreender,

por maior que seja
minha humilde compreensão
do que seja ser um ser humano.

Senhor,
muitas vezes não tenho dormido,
pensado naquilo que nos faz
pessoas ignóbeis
aos olhos dos outros.

Senhor,
quanta coisa tem acontecido
ao meu coração
nesses momentos que tenho
pessoas junto a mim
que me amam,
me respeitam
e me fazem sentir feliz
e capaz de executar
aquilo que quero e penso, Senhor.

Senhor,
quantas pessoas se destróem nessa vida
por motivos banais.

Quantas pessoas, Senhor,
tem reduzido sua vida
a não mais que pó,
por motivos banais,
renúncias a si,
vidas que passam,
coisas que ficam,
pessoas que ainda
não encontraram a paz que precisam
em seus corações, Senhor.

Senhor, eu te peço,
cuida deles, meu Pai.

Cuida de mim,
para que eu possa ter forças
para lutar pela vida.

E, mais do que nunca, Senhor,
dá-nos a chance de compreender
as verdades da vida,

e esquecer as mentiras
que nos tem pregado,

e nos ajudarmos Senhor,

hoje e sempre,

em nome de teu filho Jesus,

que sempre foi o objetivo maior
de nossas vidas,

e que é o motivo de podermos orar assim.

Peço-te que guarde a todos nós,
para que possamos ser dignos de viver,
hoje e sempre,

Amém"

8.11.09

Lei da Homofobia: mordaça gay ou justiça para os gays?

Quem acessa esse blog vê ao lado uma seleção de artigos aparentemente desconexos, sobre assuntos tão diferentes quanto religião, política, TV e o “etc.” que justifica o nome desse blog; nenhum assunto, no entanto, é tão polêmico quanto a luta da causa gay para a aprovação da Lei da Homofobia, e o violento repúdio que as Igrejas evangélicas brasileiras tem a respeito desse assunto.

E a briga é extremamente séria, considerando-se que os evangélicos andam chamando o PL que criminaliza a homofobia de “lei da mordaça gay” (por punir com penas severas quem fala contra homossexuais) ou também “lei da heterofobia”, pelo mesmo motivo.

Não se sabe, contudo, de evangélicos que tenham sofrido ataques de skinheads na rua por causa de sua fé, nem tampouco de casais heterossexuais tendo seus direitos prejudicados porque a lei não reconhece relação estável gay como casamento; aliás, é muito fácil pessoas perderem heranças pois companheiro não existe como família para o Estado – e isso só como um exemplo de direitos que os gays não possuem e os heterossexuais tem garantido no Brasil.

O objetivo desse projeto, em princípio, é mais simples do que parece: equiparar a homofobia ao racismo, sexismo e outras discriminações punidas severamente pelas leis brasileiras – é bom lembrar, no entanto, que nenhuma discriminação acabou por causa disso, e que veladamente tais comportamentos ainda estão muito presentes na sociedade, vide discussões sobre cotas raciais, ações afirmativas e etc. e tal. - sem falar no casamento gay, que é permitido no religioso (já que não tem efeito legal) mas vetado no civil, no maior absurdo das discussões sobre essa Lei.

E, enquanto isso, o mundo gira, a lusitana roda e a polícia continua agindo do mesmo jeito contra os discriminados de sempre … pode?

6.11.09

Oração de agradecimento

"Obrigado, Senhor,
por todo meu sofrer
que em vida passei.

Obrigado, Senhor,
porque por causa disso
homem eu me tornei.

Obrigado, Senhor,
por me ter obrigado
a ver tudo na vida,
a entender o sentido
de tua graça, contida
em um ato sublime
que é o da Redenção.

Obrigado, Senhor,
por meu andar ter sido duro,
por minha vida ter tido falhas,
porque foi nelas que vi todo
o ser humano vil que eu era,
e o homem certo que tornei a ser.

Obrigado, Senhor,
por me fazer ver as fraquezas
que eu mesmo já não via.

Por me fazer perceber
que aquilo que vivia
já estava muito longe
de aos seus olhos agradar.

Obrigado, meu Pai,
por me dar a força extrema,
por me dar o desencanto,
porque nisso eu cresci.

Obrigado, Pai amado,
porque hoje eu renasci.

E por tudo que vivi,
eu conheço o que senti,
compreendo teu saber,
anuncio teu poder
e cresço, mais e mais,
na vida
e na fé.

Obrigado, Pai,
porque hoje eu sou um homem.

E isso, sem dúvida,
ninguém tirará de mim."

2.11.09

A Nova Marginal e como entender São Paulo

No blog Com Fel e Limão, no CicloBR e em trocentos outros lugares ocorre uma discussão interessante sobre a Nova Marginal do Serra e os efeitos nefastos que ela deve provocar no rio Tietê, na Marginal em si e na própria vida dos paulistanos.


Quase sempre a discussão sobre essa obra é vista pelo lado negativo, considerando0-se que a cidade precisa mesmo de mais ciclovias, melhor distribuição de transportes públicos, e outras coisas que sempre são lembradas (mas nunca efetuadas) quando ocorre uma obra desse porte. Entretanto vale a pena lembrar que a população é que acaba dando a palavra final sobre a grande maioria dessas intervenções, ou seja, se não fosse por seu apoio Serra, Kassab e Cia. Ltda. dificilmente fariam uma obra desse porte.


E o fato mais relevante é o seguinte: a tão decantada classe média paulistana, do qual pouco tem se falado ultimamente, aceita passivamente qualquer intervenção na cidade que lhe permita usar o carro do jeito que gosta, e no fundo despreza profundamente qualquer tipo de mudança no seu “way of life”, a saber, aquele em que as pessoas moram em bairros distantes do centro e vão para o seu trabalho todo o dia, usando o mesmo tipo de transporte, porque lhes agrada ou, melhor ainda, porque lhes convém.


É por esses e outros motivos que não vemos bicicletários nas estações de trem e metrô com a intensidade maior de uma propaganda da Porto Seguro, ou pelo mesmo motivo cidadãos preocupados com a sustentabilidade ficam cada vez mais irados enquanto a cidade se enche de arranha-céus e projeta uma obra que no fundo é uma gambiarra para o caso de não ser aprovado o arco norte do Rodoanel (aquele cujo melhor caminho é justamente em cima da Serra da Mantiqueira).


E pelo mesmo motivo é que perde-se muito tempo escrevendo sobre o que deveria ser feito em São Paulo para torná-la uma cidade melhor quando, na verdade, deveríamos estar nos perguntando porque o povo dessa cidade tão relevante para o país insiste em tratá-la de forma tão desleixada, ou melhor, porque ele QUER que a cidade seja do jeito que é.


Ou será que eu estou errado, como diria o Datena?


...


Em tempo: do blog do André Kenji, um excelente comentário sobre a corrupção nos municípios, aqui.